sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal ? Talvez diferente !





De astronoom (1668)
Joahnnes Vermeer  
Collection Musée du Louvre

Não! Nunca me aconteceu! Mas este ano, não sinto inspiração para escrever o que quer que seja sobre o Natal.

De repente, um território banhado de mar agitado e frio, com manhãs cinzentas de nevoeiro, ruas sem animação, não há luzes a aquecer o olhar, até o presépio perdeu os animais que foram introduzidos pelo rito natalício franciscano.

Tempos de mudança, fim de um ciclo, segundo as profecias Maya, o mundo que roda, sem saber em que direcção, a condição humana que já não pode assentar num pressuposto de equilíbrio. 

Escrevo. Não escrevo. Nestas últimas noites, o pensamento vagueou, incerto na conjugação da vontade. A expressão que não sai, pedaços, algumas notas, apago tudo. E recomeço. 

Faz sentido escrever uma mensagem que não serve o propósito de Natal? Alegria, convicção, brilho no olhar. E se aguardasse a passagem deste tempo tormentoso? Faz sentido?

Não, não lembro um Natal assim! Na verdade, o meu potencial criativo está paralisado. A fé cívica, e intelectual.

Falar do maravilhoso é difícil. Que digo eu? Uma espécie de loucura? Não. Serei louca, mas vou pensando como encarar, de novo, o maravilhoso. Talvez novas cores, manhãs verdes. De repente a mudança. 






para te manteres vivo - todas as manhãs
arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e
o mesmo fazes com a alma - puxas-lhe o brilho
regas o coração e o grande feto verde-granulado
(...)

Al Berto, Mudança de Estação
in O Medo
Cas de Fernando Pessoa, Banco de Poesia


Para todos os amigos, e leitores, um Natal em paz!

G-S

23.12.2012

Copyright © 2012-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®

Licença Creative Commons