segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lugares das Coisas !




Pôr-do-sol sobre o Douro
crédito: Augusto Peixoto

Ah! Agora sim, sinto! Cheira a Outono! Tons quentes, constrastes num azul, bem azul! Reparem nesta explosão de Outono! Implodiu-me em pleno olhar, ontem, no final de tarde. Outubro doce. Outono quente. Outono deslumbrante!

Pôr-do-sol sobre o Douro em direcção à Foz, deslizando até ao Atlântico. Segundo o autor, a foto foi captada anteontem, dia 4 Outubro.

Poderia ter sido ontem. Perfeitamente. Foi assim que a vi, ao atravessar a Ponte da Arrábida, pela mesma hora, a exuberante panorâmica inundava-me o olhar, lá no horizonte! Espelhava-se na alma.

Abrandei. Todos os que circulavam, também. Retidos pela mágica do momento! 

Abri um pouco mais a janela. Queria respirar aquela brisa efervescente em tons de oiro e azul. Melhor, aspirei o verdadeiro perfume a Outono. 

O horizonte celeste, a passagem de um mundo terreno, fátuo, para o mundo das emoções. Sinestesias. Raízes que alastram pelo espírito.

"Nem todos os que construíram as catedrais viram o mesmo. Uns ergueram torres e pináculos, à luz do sol e chegaram ao céu; (...) os que chegaram ao cimo receberam o olhar divino..."

Nuno Júdice, Luta de classes




Passerelle Léopold Senghor, Paris
célebre "ponte dos cadeados de amor"
crédito: G-S

Voltei a Fragmentos. Sei que a maior parte dos meus amigos e leitores já não passam por aqui. Houve um tempo que senti necessidade de parar. E depois vieram as férias. Praia, sol quente, leituras à beira mar, finais de tarde, passeios, curta viagem.

Mas, não me sinto ainda desligada de Fragmentos Culturais. E há dias que me apetece voltar a casa. Esta casa virtual, que me acollhe, quando pretendo escrever.

Em férias, revisitei uma cidade que adoro - Paris - ah! Paris! Como é bom percorrer aqueles espaços, os quais de la Seine, as pontes, museus, ruas, praças, avenidas. 

Relembrei aquele monólogo intimista do filme Midnight in Paris Woody Allen. Como é assim!

Fiquei em casa de amigos, a escassos minutos de Paris, fugindo-se assim ao bulício da grande cidade.

Início de Setembro. Muitos turistas. Tempo quente, divino, muito convidativo para passear. Muitos aparelhos fotográficos, imensos iPads (que inveja!) sempre a disparar por onde quer que se andasse. 





Musée d'Orsay, Paris
crédito: G-S

A célebre Passerelle Léopold Senghor - onde se prendem os cadeados de amor eterno - faz a ligação do Jardin des Tuileries aMusée d'Orsay, (um espaço preferido) onde pude rever as Colecções Permanentes. 

Place de la Concorde. Uma doce romagems à igreja La Madeleine, homenagem a minha mãe.



Roy Lichtenstein
cartaz da Exposição

Um dia antes visitara o Centre Pompidou (saudade!), para ver a exposição de Roy Lichtenstein Roy Lichtenstein (Pop Art), a biblioteca.


E o Palais de Tokyo, numa perspectiva Palaisramafinal de tarde. À saída, uma pausa na esplanada exterior, espaço bem agradável, cheio aquela hora. Muito quente, Paris!

No primeiro dia o Petit Palais (Collections & Rubens et Van Dick). Pintura, escultura, porcelanas, objectos de arte. 

Alguns concertos nocturnos em igrejas ou parques. Excelentes passeios. Ao final do dia quando nos metíamos no metro para regressar a casa, estávamos exaustos. Mas, sentia-me leve, quase esquecida do país. 

Foi bom! Revisitar lugares traz sempre à memória fragmentos de vida que guardamos. Apesar de vivermos num mundo em que informação é uma constante, o nosso cérebro, desperta essas lembranças. E cada lugar, som, aroma, despoleta de imediato a nossa narrativa poética.

"o outono, com a sua melancolia, empresta um estranho
perfume de terra ao espírito."

Nuno Júdice, A construção do ser

G-S

Fragmentos Culturais

06.10.2013
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