A noite apresenta-se de acalmia aparente, a brisa fresca passeia-se em volta da vidraça, como prenúncio de mais uma tristonha madrugada.
Olhando as luzes trémulas, quase melancólicas, dispostas em cascata, cerro devagar a persiana, como que para captar num último olhar a paisagem. Preparo-me para adormecer, apesar de sobressaltada pelo vai-e-vem insistente das chuvadas inquietas que não desistem de atormentar minha janela.
O silêncio que tanto aprecio, faz-se presente e uma doce melopeia põe-se num recanto da minha cidade.
Abro um livro, sempre por perto, os olhos percorrendo algumas linhas da leitura que escolhi para puxar o aconchego do sono.
... Até que alguém se aproximou de mim e pousou suavemente a mão sobre o meu ombro, os meus pensamentos pertenceram ao mar.
Haruki Murakami, A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol
Casa da Letras, Março 2009, 1ª edição
Os olhos vão-se semicerrando. Percorro os jardins da infância. Ternos aromas. Ousava a Primavera! Aspiro, profundamente, a brisa dos afectos, as fragrâncias, das noites lá em casa de meus pais.
G-S
Fragmentos Culturais
18.04.2010
Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
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