Admirably Bold. There's something grand about the film's sincerity and the intensity of its emotions.
A.O. Scott, NY Times
Para além de Serralves, e outras paisagens, também o cinema me ocupa alguns fins de tarde.
Não foram muitos os filmes de qualidade em exibição. E por isso, facilmente se dá conta quando aparece um filme de autor. Raros nesta época do ano.
Duplo Amor, que fez parte da selecção do "Festival de Cannes de 2008", foi um dos poucos filmes a que pude assistir neste final de Agosto.
Two Lovers é o quarto filme de James Gray que aos 24 anos ganhou o "Leão de Prata" em Veneza em 1994 com o seu primeiro filme Viver e Morrer em Little Odessa/ Little Odessa.
Duplo Amor, com Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow, e Vanessa Shaw é um filme sobre o estado de se estar apaixonado, que é inevitavelmente ridículo, já escrevia Pessoa nas suas Cartas de Amor - mas é desse ridículo que nasce um 'pathos', diz-nos o realizador James Gray.
Um clássico romance passado na insular Brighton Beach, em Brooklyn. A personagem principal tenta a fuga aos condicionamentos familiares, tentação essa contrariada pela força das circunstâncias e a força dos valores.
Os filmes de James Gray condensam uma temática desenvolvida com rigor: a família e a força dos laços de sangue, as comunidades de origem emigrante e as suas tradições.
Há neste último, traços biográficos. Um retrato de uma cultura muito específica e que acaba por apresentar uma visão pessoal do realizador.
Numa entrevista, o realizador James Gray nega:
"É totalmente pessoal. É a minha origem. Sou neto de russos que emigraram para a América. Cresci em ambientes parecidos com os dos meus filmes, conheço muitos dos lugares onde filmo como a palma da minha mão. Tenho um relação profunda com estas comunidades fechadas, onde o espírito familiar se confunde com a preservação de uma identidade cultural e conduz a uma espécie de insularidade. É o mundo de onde venho. "
James Gray
Há quem considere Duplo Amor/ Two Lovers uma interpretação do livro Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski, mas Gray assegura que embora tenha feito alusão à obra do escritor russo, o filme apenas apresenta algumas similaridades com a história:
"Terá sido uma inspiração longínqua, mas o argumento tem na melhor das hipóteses algumas similaridades com a história. Se falei de Dostoievski, foi mais por questões relacionadas com a psicologia das personagens, e por Dostoievski escrever com a noção de que a paixão, o estado de se estar apaixonado, é inevitavelmente ridículo. Mas que é justamente desse ridículo que nasce um "pathos".
James Gray
A.O. Scott, NY Times
Para além de Serralves, e outras paisagens, também o cinema me ocupa alguns fins de tarde.
Não foram muitos os filmes de qualidade em exibição. E por isso, facilmente se dá conta quando aparece um filme de autor. Raros nesta época do ano.
Duplo Amor, que fez parte da selecção do "Festival de Cannes de 2008", foi um dos poucos filmes a que pude assistir neste final de Agosto.
Two Lovers é o quarto filme de James Gray que aos 24 anos ganhou o "Leão de Prata" em Veneza em 1994 com o seu primeiro filme Viver e Morrer em Little Odessa/ Little Odessa.
Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow
Two Lovers | Duplo Amor
James Grey, 2008
Duplo Amor, com Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow, e Vanessa Shaw é um filme sobre o estado de se estar apaixonado, que é inevitavelmente ridículo, já escrevia Pessoa nas suas Cartas de Amor - mas é desse ridículo que nasce um 'pathos', diz-nos o realizador James Gray.
Um clássico romance passado na insular Brighton Beach, em Brooklyn. A personagem principal tenta a fuga aos condicionamentos familiares, tentação essa contrariada pela força das circunstâncias e a força dos valores.
Os filmes de James Gray condensam uma temática desenvolvida com rigor: a família e a força dos laços de sangue, as comunidades de origem emigrante e as suas tradições.
Há neste último, traços biográficos. Um retrato de uma cultura muito específica e que acaba por apresentar uma visão pessoal do realizador.
Numa entrevista, o realizador James Gray nega:
"É totalmente pessoal. É a minha origem. Sou neto de russos que emigraram para a América. Cresci em ambientes parecidos com os dos meus filmes, conheço muitos dos lugares onde filmo como a palma da minha mão. Tenho um relação profunda com estas comunidades fechadas, onde o espírito familiar se confunde com a preservação de uma identidade cultural e conduz a uma espécie de insularidade. É o mundo de onde venho. "
James Gray
Há quem considere Duplo Amor/ Two Lovers uma interpretação do livro Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski, mas Gray assegura que embora tenha feito alusão à obra do escritor russo, o filme apenas apresenta algumas similaridades com a história:
"Terá sido uma inspiração longínqua, mas o argumento tem na melhor das hipóteses algumas similaridades com a história. Se falei de Dostoievski, foi mais por questões relacionadas com a psicologia das personagens, e por Dostoievski escrever com a noção de que a paixão, o estado de se estar apaixonado, é inevitavelmente ridículo. Mas que é justamente desse ridículo que nasce um "pathos".
James Gray
Gray reconhece sim uma proximidade a "Noites Brancas" de Luchino Visconti e aponta-o como guião emocional, na relação com o espaço (Visconti faz do seu filme uma longa deambulação nocturna por Veneza), e sobretudo na filmagem da 'noção do ridículo', mostrando, numa visão afectuosa, a história de um homem desorientado pela paixão.
"Acho que posso dizer que é uma expressão mais pura do meu cinema... Como cineasta o que me interessa perseguir e trabalhar é uma autenticidade emocional...
É o filme que está mais próximo do que eu imaginava e queria que os meus filmes fossem no tempo em que era só um aspirante a cineasta."
James Gray
James Gray
Ter que escolher entre a bondade e lealdade Sandra e a paixão intensa e carnal que sente por Michelle é o grande dilema moral da personagem masculina.
As três interpretações são excelentes! De modo algum, Vanessa Show deve ser ofuscada por Gwyneth Paltrow. Duas personagens femininas muito bem definidas.
As três interpretações são excelentes! De modo algum, Vanessa Show deve ser ofuscada por Gwyneth Paltrow. Duas personagens femininas muito bem definidas.
Joaquin Phoenix, Vanessa Show
Two Lovers | Duplo Amor
James Grey, 2008
Também Isabella Rossellini me agradou muitíssimo! Suponho que é a primeira vez que consegui identificá-la verdadeiramente com a sua personagem. E como está parecida com sua mãe, Ingrid Bergman!
Quanto a Joaquin Phoenix, é efectivamente um actor que consegue alternar os vários estados, numa amálgama de sentires.
Uma verdadeira revelação na 'cena' da pista de dança, na discoteca! Depois de passar quase todo o filme, como uma personagem tímida, introvertida, quase difusa, eis que surge exuberante. A personalidade bipolar bem caracterizada.
Phoenix é irmão de River Phoenix um dos actores mais promissores que morreu dramaticamente aos vinte e três anos. Fama enganadora...
Há pessoas que acham que Joaquin Phoenix é um excelente actor! Mas, eu não consegui identificar-me com a sua interpretação, embora reconheça um valor profundo na fragilidade da personagem, nas inseguranças e falsas expectativas, na dificuldade em ser sincero com a família e com a mulher que o ama, na tentação de se deixar conduzir pela cegueira da paixão por uma mulher que apenas o absorve, quando fica só.
Quanto a Joaquin Phoenix, é efectivamente um actor que consegue alternar os vários estados, numa amálgama de sentires.
Uma verdadeira revelação na 'cena' da pista de dança, na discoteca! Depois de passar quase todo o filme, como uma personagem tímida, introvertida, quase difusa, eis que surge exuberante. A personalidade bipolar bem caracterizada.
Phoenix é irmão de River Phoenix um dos actores mais promissores que morreu dramaticamente aos vinte e três anos. Fama enganadora...
Há pessoas que acham que Joaquin Phoenix é um excelente actor! Mas, eu não consegui identificar-me com a sua interpretação, embora reconheça um valor profundo na fragilidade da personagem, nas inseguranças e falsas expectativas, na dificuldade em ser sincero com a família e com a mulher que o ama, na tentação de se deixar conduzir pela cegueira da paixão por uma mulher que apenas o absorve, quando fica só.
Mas talvez seja mesmo isso que lhe foi pedido por Gray.
Interessante! Li várias críticas e sugestões! Todas escritas por homens. Muita simpatia por Leonard. A personagem masculina.
Mas será que as mulheres sentem essa simpatia do mesmo modo? Será que não se sentirão estereotipadas em demasia?
Mas será que as mulheres sentem essa simpatia do mesmo modo? Será que não se sentirão estereotipadas em demasia?
Uma loira, outra morena, uma desinibida, pronta a ultrapassar todos os limites, outra introvertida, serena, passiva, dedicada.
Uma relação a três, baseada na ocultação... para suavizar o conceito.
Pois é! A cena final não me convenceu! E suponho que não terá agradado a muitas pessoas! É como que uma jogada em falso!
A sensação que tive é que o filme apresenta uma visão muito compreensiva do universo masculino.
Bom! Não se deixem influenciar!
Uma banda sonora linda! A anotar...
Libération
G-S
Fragmentos Culturais
02.08.2009
Copyright © 2009-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Fragmentos Culturais
02.08.2009
Copyright © 2009-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Nota: Em jeito de Posfácio: Há algum tempo, O Sabor Da Palavra premiou este espaço com o selo Blog Frescura.
A Gonçalo Cardoso, agradeço sensibilizada tal atribuição!



