sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Festival de Marseille 2006




Bailado: Sorrow Love Song
Cie Kubilai Khan Investigations*

«A choreograhic and multi-dimensional collective adapts a leading author from today's literature: a fisserud dream-like state»

in http://www.festivaldemarseille.com


O Festival de Marseille decorre anualmente na cidade de Marseille, França, durante um mês, este ano, de 12 Junho a 12 Julho. Um projecto pluridisciplinar onde se cruzam manifestações culturais ligadas à dança, música, teatro, cinema.

Realiza-se desde 1996, realçando-se pela forte identidade cultural. Cultiva a diferença, não se proibindo de nenhuma descoberta, e reinvindica uma total liberdade de espírito, multiplicando assim as colaborações com artistas conceituados e centros de criação contemporânea.

(texto com supressões, tradução livre)

Nunca assisti a este evento, mas todos os anos visito o sítio web oficial para me inteirar das actividades. 

Os textos informativos são de grande qualidade e as imagens disponibilizadas ilustram momentos de intensa beleza estética.

Uma actividade me prende sempre pela inovação, e naturalmente, pelo gosto particular e muito pessoal que nutro - a dança contemporânea.

Neste campo, todas as manifestações são sempre de muita qualidade, e sobretudo de inegável vanguardismo, já para não falar na diversidade.



Rosas | Anne De Keersmaeker
foto: Festival de Marseille/Danse
http://www.festivaldemarseille.com

Na edição 2005, o projecto de Anne Teresa de Keersmaeker & Salva Sanchis/Rosas foi aquele que mais despertou a minha sensibilidade estético-musical, com o trabalho Raga for the rainy season / A love supreme numa fusão de sons entre o jazz de John Coltrane e os cânticos indianos de Sulochama Brahapasti.

De Keersmaeker definiu esta sua criação como "une profonde méditation où les interprètes, tels des intercesseurs, louvoient quelque part entre terre et ciel".

Sem poder ouvir ao vivo esta miscigenação, posso supor, por conhecimento dos músicos e da sua obra e estilos, que associados à dança, deram origem um espectáculo infinitamente belo origina.

Este ano, ao entrar no sítio web, deparei-me de imediato com uma panorâmica, grande formato, de fotografias de Agnès Mellon - Le Festival 2006 en photos. Aconselho vivamente! É logo um deslumbramento!

Li em seguida, atentamente, muitas das informações sobre a maioria das manifestações que tiveram lugar, até que me detive, como é óbvio, um pouco mais nos espectáculos de dança. 


 Kubilai Khan Investigations - Sorrow Love Song

O que reteve a minha sensibilidade, desta feita estético-literária, foi o projecto de Kubilai Khan Investigations - Sorrow Love Song - inspirado na obra de Haruki MurakamiWind-Up Bird Chronicle (a editar brevemente pela Casa das Letras).

Por coincidência, leio neste momento, a segunda obra deste autor publicada em Portugal - Kafka à beira-mar, (Casa das Letras/Editorial Notícias, 1ª edição, Março 2006).

Esse facto, associado ao prazer inalianável da literatura que pratico e venero, em leituras constantes, e sempre actualizadas, de obras que despertam o meu interesse e imagética emocional.

A leitura de Kafka à beira-mar começa a ser hipnotizante...



 Kubilai Khan Investigations - Sorrow Love Song

Mas, voltando a Sorrow Love Song, para além de Murakami, outros aspectos há muito interessantes: a fusão da literatura, com música ao vivo e artistas circenses, numa coreografia de Khan "en quête de la nouvelle humanité, émotionnellement mutante et socialement hybride, née après le 11 septembre".

Esta problemática vivencial é profundamente ressentida na obra de Haruki Murakami e na vida de cada um de nós, indubitável.

Jamais seremos os mesmos, depois daquelas imagens aterradoras, dos gritos lancinantes de milhares de pessoas, apanhadas no incauto momento, e para tantas fatal. Actos sem definição humanizada possível.

Murakami reflecte um enorme desencanto face à vida urbana moderna e à constante e progressiva deterioração das relações humanas.

Pelas descrições feitas, o projecto de Khan conseguiu captar esse sentimento do autor, numa perspectiva plástica metafísica e muito realista.

Suponho que deve ter resultado numa fusão de extraordinária beleza. Um espectáculo a que gostaria de ter assistido.

Para quando a Casa da Música investir em espectáculos de dança contemporânea?

"A dança é o sonho profundo, a alma em quebrantos soltos. A libertação através do movimento extasiante, quase volatizado no espaço e na música."

G-S


G-S

Fragmentos Culturais

18.08.2006
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domingo, 13 de agosto de 2006

Rolling Stones live no Porto ? Foi fantástico !





Rolling Stones, concerto Porto 2006
créditos: TVI24/Portugal Diário




Rolling Stones, concerto Porto, 2006
créditos: Álvaro C. Pereira
http://images-cdn.impresa.pt/blitz/

Fui ver o ouvir os Rolling Stones live no estádio das Antas! Cheio! É verdade, tinha posto a ideia de lado, e de repente uma oportunidade surgiu. 

Não é que seja a minha banda favorita, mas é, sem dúvida, uma delas. E Rolling Stones são uma referência importantíssima na música rock.



Rolling Stones
Digressão A Bigger Band


Pela terceira vez em Portugal, desta feita para dar sequência à digressão mundial de promoção do último álbum, A Bigger Band.

O estádio das Antas, Porto, encheu. Muito animação. Pessoas de todas as idades e níveis culturais, mas todas, em coro, entoaram os temas mais conhecidos da banda. E foram muitos os que vibraram de pé, em gestos exuberantes, uns ou captando tranquilamente imagens digitais via telemóvel.

Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood continuam bem vivos, com quase 45 anos de carreira.




Quem esquece Satisfaction (1965), o tema que os tornou para sempre imortais?!

Os Rolling Stones mantiveram-se em palco durante duas horas, sem paragens, deliciando os fãs de puro rock & blues num grande e esplendoroso concerto.

Cenários gigantescos, surpreendentes, ao bom jeito Rolling Stones.  Equipamento de enorme qualidade técnica e arquitectónica  possibilitou a montagem do maior palco jamais visto em Portugal. Deslumbramento total. 

As dezenas de milhar de espectadores, portugueses e estrangeiros, todos ficámos deslumbrados com o que vimos.



Rolling Stones
créditos: Autor não identificado
https://41.media.tumblr.com/

Mick Jagger imparável e turbulento, no seu jeito muito carismático, mais ponderado nos gestos, com os guitarristas Wood, Richards e Charlie Watts. Watts permaneceu ao longo de todo aquele dinâmico concerto, naquele seu jeito de quase impassível bonomia, por atrás da bateria, apenas sorrindo de quando em vez.

Ao quarteto juntaram-se, o baixista negro Darryl Jones, um coro de três elementos em que sobressaiu uma espantosa voz negras feminina, cujo nome  não consegui descobrir, um teclista e quatro sopros.

Alguns dos temas que adorei relembrar - Start Me Up, Let's Spend The Night Together, As Tears Goes By, Miss You Streets of Love (primeiro single internacional)Um tema featuring Keith Richards: This Place Is Empty.




Rolling Stones, Estádio das Antas
créditos: YouTube

A meio do espectáculo, uma plataforma deslocou-se do palco, percorrendo todo o relvado, trouxe até nós, fãs sentados nas bancadas situadas nos extremo oposto do palco principal, os Stones! Foi o delírio de jovens e menos jovens! Os Rolling Stones ali tão perto! Foi o momento mais ovacionado!

Houve quem saltasse para o relvado numa tentativa de poder captar imagens mais próximas ou acenar de bem perto, naquele gesto de 'imortalidade' concedido pelos ídolos.

O cenário fabuloso! Fogo de artifício, chamas autênticas, confesso que receei um pouco essa parte, muita gente, e a simbólica boca de Mick - marca registada dos Stones.

Uma homenagem comovente e discreta a Ray Charles caiu muito bem!

Os Rolling Stones terminaram o mega concerto com um encore - Satisfaction.

A noite quente convidava à esfuziante entrega ao ritmo quase sempre frenético da banda. Foi a festa total para todos! 
O entusiasmo envolvente dos sons e o poder de comunicação esfuziante de Mick Jagger não desiludiu todos os que lá estiveram!


"...os Stones abanaram o Dragão sem parar. Mick Jagger cantou, pulou, dançou e correu para a alegria dos fãs que o imitaram na assistência. Novos e velhos, durante duas horas, sem diferença de idades, estiveram absortos numa cápsula com o nome de «A Bigger Band»."*

TVI24



Não há dúvida que um concerto ao vivo tem um encanto imbatível! Uma mística envolvente!


São momentos estéticos, visuais e sonoros, que perduram na nossa memória sensitiva para sempre.

Gostaria de ter ouvido Angie

Ah! Curiosidade? Mick Jagger fez anos em 13 Agosto.


G-S

Fragmentos Culturais
13.08.2006


Referências: TVI24