quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Para o Novo Ano : Paz entre os homens !





Peace watercolor

credits: freepik



Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Ricardo Reis (Ode, excerto)


Pensava eu, há quase um ano, por esta altura, a poucos dias do final de Dezembro, que o Novo Ano traria um tempo novo. Depois de uma pandemia fatal para tantos, de tempos abruptos que se seguiram entre guerra e aflições, pensava eu que um ano de recomeço seria 2024. Estava confiante em novos tempos.


Pensava eu, esperançosamente, que 2024 se adentraria cheio de coisas positivas.


Pois! Enganei-me. Ao longo de 2023 continuou a guerra na Europa que se prolonga para 2024. E quase no final deste ano 2023, rebentou uma outra guerra, partindo de um momento de grande alegria. Um festival de música.


Um festival de música, espaço de alegria, descontracção, interrompido por ataque violento que fez mais de duas centenas de mortos, e dezenas de reféns. na sua maioria jovens. Os momentos de aflição e terror de centenas de jovens que participavam num festival de música estão bem documentados. Vimos as imagens.


E as crianças? E as mulheres? Morrem sem puderem defender-se? Ou morrem de fome pelo facto de os homens não se enterem?


Que retrocesso é este? Em pleno século XXI ficarão, sem dúvida, inscritos na História da Humanidade, actos tão sangrentos. Motivos? Retrocesso nas ideias, nos actos, na impiedade. Sobranceria. Desejo de revolta.


Um ano que ninguém esquecerá. Um ano de receios, incertezas, tristeza para muitos. Luto para tantos outros. 


Nunca pensámos algum dia assistir a imagens que só conhecíamos de filmes históricos, das Guerras Mundiais. Eis que, de repente, o raio de sol se escondeu. E o temporal veio. Com a voragem de um tufão.


Mais um ano que nos pôs à prova. Um ano que, no meio da insegurança, da ansiedade gerada pela solidão ainda presente, a que fomos  obrigados, e que tantos se ressentem ainda. Outro ano de pavor. De guerras tão sangrentas. 


Mas tentemos sair de tudo isto com esperança. A esperança que o ser humano se tornará melhor. Mais solidário, mais pacífico, mais afectuoso, e mais respeitador do outro. 


Ingenuidade? Talvez! Mas gosto de pensar assim. Preciso pensar assim.


Comparável a um raio de sol que fura a tempestade, e não nos engana, desejamos do fundo da alma que tudo ficará melhor. 


Faça-se luz no pensamento universal.


Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Ricardo Reis (Ode, excerto)


G-S

Fragmentos Culturais

29.12.2023

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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Eduardo Lourenço no seu Centenário : Um dos maiores do nosso país !

 





Centenário Eduardo Lourenço


Comemorações do Centenário do Nascimento de Eduardo Lourenço, destacada figura da cultura portuguesa, ensaísta, escritor, professor e pensador, foi apresentado no início do mês, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda







As comemorações vão decorrer de 23 de Maio2023 (data do aniversário de Eduardo Lourenço) até Maio de 2024, com acções previstas de norte a sul do país, resultado do contributo de perto de duas dezenas de entidades parceiras. O programa prevê um amplo leque de iniciativas culturais de formatos distintos.


Programa completo a consultar 




Eduardo Lourenço [1923-2020]

créditos: Autor não identificado

via 24Sapo


 "Nunca fui leitor de um só livro"

Eduardo Lourenço


O ensaísta e professor Eduardo Lourenço morreu  em 2020, dia 1 de Dezembro, em Lisboa. Um dos maiores pensadores europeus.


"Eduardo Lourenço é uma das grandes referências das culturas de língua portuguesa. O ensaísmo que cultivou, na senda de Montaigne e em diálogo com António Sérgio e Sílvio Lima, mas também com Unamuno e Ortega, é uma marca indelével que ficará como um sinal marcante da democracia portuguesa. No seu percurso riquíssimo – desde S. Pedro de Rio Seco a Nice, passando pelo Colégio Militar, pela Universidade de Coimbra, pela criação da revista “Vértice”, pelo exílio cultural de Heidelberg e da Bahia até a Vence – , sempre teve uma participação marcante sempre em fértil ligação com a literatura portuguesa, sobre que refletiu exaustivamente."


in Centro Nacional da Cultura





Professor Eduardo Lourenço 

ilustração: Bernardo Lourenço (')

in Expresso, 2016


Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi e será um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa, internacionalmente conhecido. 


Eduardo Lourenço nasceu em 23 de Maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda.


Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de "Heterodoxia" (1949).


Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, em Montpellier e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com actividade pedagógica nas principais universidades francesas.




 

O Labirinto da Saudade

Eduardo Lourenço

Tinta da China

https://www.fnac.pt/


Escrito por um dos mais importantes pensadores portugueses da actualidade, trata-se de um exemplar “discurso crítico sobre as imagens que de nós [portugueses] temos forjado”, bem como de uma visão raio-X da história de Portugal - demasiado fascinada pelas “aventuras celestes de um herói isolado, num Universo previamente deserto” - e da filosofia portuguesa, preocupada acima de tudo em construir “a imagem de um Portugal-Super-Man, portador secreto de uma mensagem ou possuidor virtual de um Graal futuro”.


Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares.


"O Labirinto da Saudade", "Fernando, Rei da Nossa Baviera", "Pessoa Revisitado" estão entre muitos dos seus livros.


 


Pessoa Revisitado
Eduardo Lourenço
 Moraes Editores, 2ª edição, Porto, 1981



Um ensaio incontornável sobre Fernando Pessoa, da autoria de um dos mais brilhantes pensadores da cultura portuguesa.


"Na verdade, falo de mim em todos os textos" (...) "Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. [Mas como] não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade".


Eduardo Lourenço, citado pelo Centro Nacional de Cultura








1.6. Joiivet, Symphonie
Tempo da Música, Música do Tempo
Eduardo Lourenço
Gradiva Lisboa, 2012

Já escrevi sobre o seu profundo gosto pela música, pelo cinema e comentava o futuro do país, da Europa e do mundo com uma lucidez, rapidez de raciocínio e vigor raros.




Tempo da Música
Música do Tempo
Eduardo Lourenço
Gradiva, 2012


Eduardo Lourenço foi distinguido com o Prémio Jacinto do Prado Coelho em 1986 pelo seu livro Fernando, Rei da Nossa Baviera, e recebeu-o pela segunda vez, com a publicação de Tempo da Música, Música do Tempo. Livro que tenho e venero. Um percurso intimista de alguém que gosta de música, sente o que ouve, e se redime através do que sente:


"O que eu sou como ser mortal (o que todos somos), está contido na melancolia absoluta do allegretto da Sétima Sinfonia. Mas o que desejaria ser, o que não tenho coragem de ser, só se revela nesta Suite em Si Menor, de Bach."


Eduardo Lourenço, in Tempo da Música, Música do Tempo





Eduardo Lourenço

créditos: Maria João Gala/ Global Imagens

via JN/ Artes



Somos um povo entre os povos, não somos o centro do mundo. Já Camões se tinha apercebido de que éramos uma espécie de milagre… Esse milagre é uma coisa que nos enlouqueceu. Mas todos precisamos de loucura para suportar a vida. Não temos é necessidade de querer estar sempre nas primeiras páginas do mundo.” 


Eduardo Lourenço






Eduardo Lourenço
escritório em Veneza

créditos: António Xavier

https://www.eduardolourenco.com/


"Na verdade, eu falo de mim em todos os textos. Tanto me faz que seja sobre política, literatura, ou qualquer outra coisa. […] Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. Por isso como não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade. No fundo é a procura de um só tema. E, de facto, se virmos bem, o fio condutor do que venho fazendo, e procuro ainda fazer, é uma reflexão constante sobre o Tempo. Ou melhor, a temporalidade.”


Eduardo Lourenço


in Diário de Notícias, 21/3/1998.


Recebeu muitos outros prémios. Prémio Camões (1996), o Prémio Virgílio Ferreira (2001) e o Prémio Pessoa (2011).


Foi galardoado com as insígnias de Grande Oficial e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e, em Abril deste ano, o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.

 

Era Oficial da Ordem Nacional do Mérito, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e da Legião de Honra de França.





“Porque se há alguma coisa que posso dizer de mim é que eu nasci nos livros e nunca saí dos livros.” 


Eduardo Lourenço, in Revista Ler, 2008


G-S


05.12.2023


Fragmentos Culturais

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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Cronicando sobre o Dia Mundial do Cinema !

 





To Catch a Thief
Grace Kelly & Cary Grant
Alfred Hitchcock, 1955


Escrever sobre cinema foi sempre um dos meus assuntos preferidos até à pandemia. Nunca escondi que era uma cinéfila compulsiva. Não de qualquer filme, mas de filmes que me dissessem algo: história(s), actores, realizadores. Juntando a essas escolhas, compositores de bandas sonoras de excelência.

Basta percorrer este blog desde que foi criado em 2006, primeiro filme comentado Hard Candy - o filme,  até ao pós pandemia em Crónica cultural de uma pandemia, havendo pelo meio. crónicas sobre os Oscars. Escrevi então sobre três excelentes filmes Nomadland The FathterThe Courrier.



Nomadland, Sobreviver na América
Chloe Zaho, 2020





The Father
Florian Zeller, 2020






The Courrier
Dominic Cook,2020


Mas então, voltemos ao Dia Mundial deCinema, E por que razão, o dia 5 de Novembro foi escolhido para Dia Mundial do Cinema? A evocação de uma história em permanente construção. 

Em 1895, Paris teve a primeira sessão pública de cinema. Organizada pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. Utilizando um aparelho chamado de cinematógrafo, imagens em movimento foram projectadas numa tela gigante para um pequeno número de espectadores.






Auguste & Louis Lumière
via History.com


O cinematógrafo era uma máquina que permitia a captação, revelação e projeção de imagens. Captava imagens fixas (fotogramas), que eram posteriormente projectados de forma contínua, criando a ilusão de movimento.

É pois merecido haver um dia dedicado ao cinema. Uma história que se fez, se vai fazendo, embora tivesse sofrido um grande embate com a pandemia, e que se continuará a fazer, trilhando caminhos que nos levam a homens e mulheres criativos, prodigiosos, talentosos, desafiadores, e inconformados.






Cinema Paradiso
Giuseppe Tornatore, 1988

A mais bela homenagem que já se fez ao cinema. Cinema Paradiso ! Realizado em 1988, por Giuseppe Tornatorecom uma sensível e poética banda sonora de Ennio MorriconeEscrevi sobre o filme após a morte do grande compositor Ennio Morricone

Desde que me lembro, muito miúda, íamos ao cinema, em família, meus pais e seus cinco filhos. Foram os meus pais que me deram esta maravilhosa herança de apreciar o cinema como arte, valor cultural.

Suponho que numa lista de "100 filmes a não perder", haverá muito poucos que não tenha visto

Escolhi Grace Kelly e Cary Grant porque representam lindamente os actores clássicos do cinema. E claro! O criativo e inesgotável realizador Alfred Hitchcock

Abalado pela pandemia, pelas plataformas digitais como Neteflix, HBO, entre outras, só actores como Tom Cruise com Top Gun Maverick ou realizadores como Steven Spielberg com West Side Story ou The Fabelmans trouxeram de volta o gosto de ver cinema em salas próprias, com meios digitais imagem, som de muita qualidade. E aí sim, voltámos bem mais perto à magia do cinema.





Top Gun Maverick
Joseph Kosinsky, 2022





Best Motion Picture Musical or Comedy
Golden Globes Awards 2022





The Fabelmans
Steven Spielberg, 2022


Em 2023, alguns filmes me levaram até às salas de cinema. Eis alguns do que gostei mesmo!

Top Gun - Maverick foi primeiro. Vibrei! Saí de coração cheio! A magia estava lá no seu mais alto nível. Tom Cruise é imparável e tudo faz para demonstrar que cinema tem que ser autêntico! Sou fã incondicional deste actor, tão injustiçado por Hollywood desde Born on the 4th July (1989). A sua maior interpretação como veterano de guerra.







West Side Story
Steven Spielberg, 2021


Seguiu-se West  Side Story de Steven Spielberg (2021), nova versão West Side Story (1961), adaptação livre da peça de Shakespeare Romeo and Juliet, música de Leonard Bernsteincompositor, pianista, maesto e pedagogo. Um dos meus músicos favoritos contemporâneos. 







West Side Story
Steven Spielberg, 2021


Desta feita, é Steven Spielberg que dá vida a esta nova versão shakespeareana. Objectivos semelhantes à versão de 1961, mas persongens e espaços sociais actuais. Maravilhe-se com o fantástico, surprendente e esfuziante festival de dança contemporânea em plenas ruas da cidade de New York! Wow! Vertiginoso e belo pela magia da dança e da qualidade dos actores bailarinos.







The Fabelmans
Steven Spielberg, 2022


E finalmente, The Fabelmans, filme autobiográfico de Spielberg que fui ver numa sala miserável, mesmo na semana em que foi galardoado. A gestão comercial de salas de cinema não teve o rasgo rápido para alterar a sala, prevendo a enchente evidente. Sala pequena, cheia até ao ecrã. Irrespirável. Dei comigo, de máscara.







The Fabelmans
Steven Spielberg, 2022

Quem tem seguido a filmografia de Spielberg, sabe que o realizador foi deixando traços autobiográficos ao longo dos seus filmes. The Fabelmans, filme de carácter muito intimista, expondendo a sua infância e a vida de seus pais. Nem todos gostaram desta introsão familar. Poderia talvez fazê-lo de um modo mais subjectivo. No entanto, foi autêntico.

Saliento a excelente interpretação de Michelle Williams. A actriz tem vindo a impor-se como grande intérprete em diferentes filmes. Paul Dano, no papel de marido discreto e resignado muito bem (?), e os jovens Gabriel laBello (Steven júnior) e Mateo Zoryan (Steven criança).


Passemos a um filme que vi e não gostei por razões pessoais.





The Banshees of Inisherin
Martin McDonagh, 2022


The Banshees of Inisherin sobre a amizade, sentimento que muito prezo. Talvez o que mais valorizo, quando verdadeiro e sadio.

Dois amigos de longa data encontram-se num impasse, quando um deles termina abruptamente essa relação, com consequências alarmantes para ambos.

Suponho que a vivência com tão poucos habitantes, entregues aos confins do isolamento de uma ilha bem longínqua da civilização, não seja fácil. Os amigos são poucos. Mas para a vida. Amizade leva-se a sério num mundo como aquele. 







The Banshees of Inisherin
Martin McDonagh, 2022


Mas ver um homem (Brendan Gleeson) a autoflagerar-se constantamente, para convencer o ex-amigo (Colin Farrell) - esplêndida interpretação - que não aceita o final abrupto da amizade. Não! Chega de violência!

Comecei a sentir-me mal. Decidi abandonar a sala à segunda automutiliação.

Não vou ao cinema para sofrer. Vou para me esquecer do que deixo fora da sala. E viver a história. Não esta!







The Banshees of Inisherin
Martin McDonagh, 2022


Os Espíritos de Inisherin é um filme premiado, com belíssima fotografia, e actores que admiro - Colin Farrell e Brendan Gleeson - sem deixar de parte o jovem Barry Keoghan. Não conhecia, mas tem uma interpretação assaz interessante. 


Finalmente, filmes que quero ver...





Killers of the Flower Moon
Martin Scorsese,2023


Vi a apresentação em sala de cinema, no último filme de Woody Allen, Coup de Chance. Dois actores que admiro. Robert de Niro e Leonardo DICapio. Para além de um dos meus realizadores favoritos, Martin Scorsese.






Killers of the Flower Moon
Martin Scorsese,2023


As críticas apontam Leonardo DiCaprio como um dos prováveis vencedores nos próximos Oscars 2024, pela sua fantástica interpretação.neste filme.






Maestro
Bradley Cooper, 2023


Maestro, filme biográfico baseado na vida Leonard Bernstein o grande compositor, pianista, maestro. O enorme pedagogo dos concertos comentados para todos, miúdos e graúdos, com noções musicais imprescindíveis para todos. Mesmo não estudando música, todos aprenderam. E tantos se vieram a dedicar à música. 

Não posso perder. Mas quero ver em sala de cinema, com toda a tecnologia de ponta, som, imagem. A partir deste final de Novembro. Claramente, lá estarei.

Tive acesso ao trailer no cinema. Amei! Sei que passará para a Netflix em Dezembro. Óptimo! Para rever.









“O cinema é um modo divino de contar a vida.”

Federico Fellini


Fragmentos Culturais

05.11.2023

actualizado 21.11.2023

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