Manuel António Pina [1943-2012]
créditos: Autor não identificado
via Poetria
"Os livros são para quem gosta deles..."
Manuel António Pina
Manuel António Pina morreu. Jornalista, tradutor, professor, cronista, poeta. Galardoado com o Prémio Camões 2011. Traduzido em vários países. E muitos dos seus livros estão esgotados por reticências do autor.
"Tenho muita dificuldade em aceitar reedições. Provavelmente sim, as editoras vão querer. Mas eu ofereço alguma resistência: não gosto, sinto-me desconfortável. São livros que sinto que já não são meus."
Manuel António Pina, 2011
Todas as Palavras
Poesia reunida
Manuel António Pina
Assírio & Alvim
A sua obra foi distinguida com um Prémio Gulbenkian, o Prémio de Poesia da Casa da Imprensa, o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e, finalmente, o Prémio Camões em 2011.
A notícia do seu desparecimento apanhou-me desprevenida. E nestes momentos, não conseguimos dizer muito. Em jeito de homenagem, deixo algumas notas...
Completas
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
Manuel António Pina, Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância,
Afrontamento, 2011
Conheci-o pessoalmente entre amigos. Um conversador nato, saltando de tema para tema, sempre cronicando. Vasta cultura.
Conheci-o depois em ambiente pedagógico. Manuel António Pina era também um excelente contador de histórias para a infância e juventude.
Manuel António Pina tinha um amor especial pelos gatos, fazendo-se captar múltiplas vezes com os seus oito gatos, sua imagem de marca. Pergunto-me quem terá ficado com seus afectuosos amigos felinos?!
Não tendo nascido no Porto, assumia-se genuinamente portuense, como demonstra neste texto:
"Vim aos 17 anos. Nasci no Sabugal, mas costumo dizer que me nasci a mim mesmo no Porto. Os meus amigos mais antigos são do Porto, as minhas memórias, grande parte das minhas memórias – e nós somos feitos de memórias – são do Porto. É uma cidade onde me sinto muito confortável. Há roupas que nos ficam muito largas e outras que ficam apertadas demais. O Porto assenta-me perfeitamente. Provavelmente é aqui que vou morrer e hei-de ficar a fazer parte da cidade fisicamente."
Manuel António Pina, 2011
A Feira do Livro do Porto 2023 vai homenagear finalmente este enorme mas discreto autor de múltiplos textos. A consultar aqui o Programa.
Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde
"Ainda não é o fim nem o princípio do mundo calma é apenas um pouco tarde."
Manuel António Pina,1974
G-S
Fragmentos Culturais
19.10.2012
actualizado 27.08.2023
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