La Valse
créditos: CNB
"Adoro valsas, mesmo em silêncio, adoro o gingar e a fúria ternária. É uma obsessão, é o vento que acaricia ou devasta. É uma musicalidade de todas as possibilidades..."
Paulo Ribeiro, coreógrafo
A Companhia Nacional de Bailado (CNB) está de regresso ao Coliseu do Porto, em espectáculo de dança contemporânea.
No programa, duas belíssimas peças, "Sagração de Primavera" de Igor Stravinsky e "La Valse" de Maurice Ravel.
Duas obras de ruptura e exotismo que foram encomendadas por Diaghilev, célebre fundador dos Ballets Russes de Montecarlo.
La Valse
crédito: CNB
La Valse, coreografia de Paulo Ribeiro, é acompanhada por uma curta-metragem de João Botelho com a participação dos bailarinos da Companhia Nacional de Bailado, versão musical da Orchestre du Théâtre des Champs-Élysées sob a direcção musical do Maestro Pedro de Freitas Branco (Paris, 1953).
Ravel escreveu a propósito desta peça para orquestra que intitulou La Valse, un poème coréographique ser “uma espécie de apoteose da valsa vienense mesclando-se na minha cabeça com a ideia de turbilhão fantástico do destino”.
Ravel escreveu a propósito desta peça para orquestra que intitulou La Valse, un poème coréographique ser “uma espécie de apoteose da valsa vienense mesclando-se na minha cabeça com a ideia de turbilhão fantástico do destino”.
O compositor só viria a completar a obra após o final da 1ª Guerra Mundial, já influenciado pela experiência da guerra. O romantismo perde dominância e o ritmo da valsa deriva frequentemente para o caos, numa metáfora à Europa de então.
Quase cem anos depois, quando os laços da Europa são repetidamente equacionados, a CNB desafia um coreógrafo e um realizador a explorarem a composição de Ravel e a conceberem um olhar cinematográfico sobre o movimento dos corpos.
A Sagração da Primavera já tive o raro privilégio de a ver dançada por várias companhias de dança contemporânea, não só cá no país, como em Paris. Uma delas pelo Ballet Béjart em Paris. Inolvidável!
O deslumbramento cénico, visula e musical ainda hoje permanece na minha memória pética ( a das emoções).
La Valse, só conheço a versão sinfónica que aqui deixo interpretada pela Orchestre Philharmonique de Radio France. Um hino louco de ritmos e sonoridades. Apetecivelmente dançante!
Com a intenção de homenagear a valsa e Johann Strauss II, Maurice Ravel, em 1906, compôs o que pretendia que fosse uma obra romântica, e que intitulou La Valse, un poème chorégraphique.
Antes de se ter alistado no exército e de ter interrompido a criação musical, Ravel escreveu que esta peça fosse "uma espécie de apoteose da valsa vienense mesclando-se na minha cabeça com a ideia de turbilhão fantástico do destino».
Adoraria ver esta versão coreografada. Pelo vídeo, deixou-me profundamente curiosa e agradada. Lamento não ter a disponibilidade de ir ao Coliseu do Porto, esta noite.
Quanto à curta metragem de João Botelho, espero poder vê-lo ainda. Talvez saia em exibição mais alargada?
O espectáculo já andou em digressão pelo interior do país e vem agora ao Porto, seguindo depois para outras cidades do litoral.
"Então dancemos, dancemos, no ar, no fogo, no água, na terra, no meio da destruição do caos que a Europa de hoje é quase tão angustiante como a Europa de há cem anos..." e a de hoje!
João Botelho, realizador
Que saudade de um bom concerto ou espectáculo de dança. Ao vivo!
G-S
Fragmentos Culturais
06.07.2012
actualização 07.03.2021
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