Centenário Eduardo Lourenço
As comemorações vão decorrer de 23 de Maio2023 (data do aniversário de Eduardo Lourenço) até Maio de 2024, com acções previstas de norte a sul do país, resultado do contributo de perto de duas dezenas de entidades parceiras. O programa prevê um amplo leque de iniciativas culturais de formatos distintos.
Eduardo Lourenço [1923-2020]
créditos: Autor não identificado
via 24Sapo
"Nunca fui leitor de um só livro"
Eduardo Lourenço
O ensaísta e professor Eduardo Lourenço morreu em 2020, dia 1 de Dezembro, em Lisboa. Um dos maiores pensadores europeus.
"Eduardo Lourenço é uma das grandes referências das culturas de língua portuguesa. O ensaísmo que cultivou, na senda de Montaigne e em diálogo com António Sérgio e Sílvio Lima, mas também com Unamuno e Ortega, é uma marca indelével que ficará como um sinal marcante da democracia portuguesa. No seu percurso riquíssimo – desde S. Pedro de Rio Seco a Nice, passando pelo Colégio Militar, pela Universidade de Coimbra, pela criação da revista “Vértice”, pelo exílio cultural de Heidelberg e da Bahia até a Vence – , sempre teve uma participação marcante sempre em fértil ligação com a literatura portuguesa, sobre que refletiu exaustivamente."
in Centro Nacional da Cultura
Professor Eduardo Lourenço
ilustração: Bernardo Lourenço (')
in Expresso, 2016
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi e será um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa, internacionalmente conhecido.
Eduardo Lourenço nasceu em 23 de Maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de "Heterodoxia" (1949).
Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, em Montpellier e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com actividade pedagógica nas principais universidades francesas.
O Labirinto da Saudade
Eduardo Lourenço
Tinta da China
https://www.fnac.pt/
Escrito por um dos mais importantes pensadores portugueses da actualidade, trata-se de um exemplar “discurso crítico sobre as imagens que de nós [portugueses] temos forjado”, bem como de uma visão raio-X da história de Portugal - demasiado fascinada pelas “aventuras celestes de um herói isolado, num Universo previamente deserto” - e da filosofia portuguesa, preocupada acima de tudo em construir “a imagem de um Portugal-Super-Man, portador secreto de uma mensagem ou possuidor virtual de um Graal futuro”.
Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares.
"O Labirinto da Saudade", "Fernando, Rei da Nossa Baviera", "Pessoa Revisitado" estão entre muitos dos seus livros.
Pessoa Revisitado
Eduardo Lourenço
Moraes Editores, 2ª edição, Porto, 1981
Um ensaio incontornável sobre Fernando Pessoa, da autoria de um dos mais brilhantes pensadores da cultura portuguesa.
"Na verdade, falo de mim em todos os textos" (...) "Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. [Mas como] não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade".
Eduardo Lourenço, citado pelo Centro Nacional de Cultura
1.6. Joiivet, Symphonie
Tempo da Música, Música do Tempo
Eduardo Lourenço
Gradiva Lisboa, 2012
Já escrevi sobre o seu profundo gosto pela música, pelo cinema. Comentava o futuro do país, da Europa e do mundo com uma lucidez, rapidez de raciocínio e vigor raros.
Tempo da Música
Música do Tempo
Eduardo Lourenço
Gradiva, 2012
Eduardo Lourenço foi distinguido com o Prémio Jacinto do Prado Coelho em 1986 pelo seu livro Fernando, Rei da Nossa Baviera, e recebeu-o pela segunda vez, com a publicação de Tempo da Música, Música do Tempo. Livro que tenho e venero. Um percurso intimista de alguém que gosta a música, sente o que ouve, e se redime através do que sente:
"O que eu sou como ser mortal (o que todos somos), está contido na melancolia absoluta do allegretto da Sétima Sinfonia. Mas o que desejaria ser, o que não tenho coragem de ser, só se revela nesta Suite em Si Menor, de Bach."
Eduardo Lourenço, in Tempo da Música, Música do Tempo
Eduardo Lourenço
créditos: Maria João Gala/ Global Imagens
via JN/ Artes
“Somos um povo entre os povos, não somos o centro do mundo. Já Camões se tinha apercebido de que éramos uma espécie de milagre… Esse milagre é uma coisa que nos enlouqueceu. Mas todos precisamos de loucura para suportar a vida. Não temos é necessidade de querer estar sempre nas primeiras páginas do mundo.”
Eduardo Lourenço
Eduardo Lourenço
escritório em Veneza
créditos: António Xavier
https://www.eduardolourenco.com/
"Na verdade, eu falo de mim em todos os textos. Tanto me faz que seja sobre política, literatura, ou qualquer outra coisa. […] Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. Por isso como não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade. No fundo é a procura de um só tema. E, de facto, se virmos bem, o fio condutor do que venho fazendo, e procuro ainda fazer, é uma reflexão constante sobre o Tempo. Ou melhor, a temporalidade.”
Eduardo Lourenço
in Diário de Notícias, 21/3/1998.
Recebeu muitos outros prémios. Prémio Camões (1996), o Prémio Virgílio Ferreira (2001) e o Prémio Pessoa (2011).
Foi galardoado com as insígnias de Grande Oficial e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e, em Abril deste ano, o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes.
Era Oficial da Ordem Nacional do Mérito, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e da Legião de Honra de França.
Estátua Eduardo Lorenço
escultor: Pedro Figueiredo
Jardim José de Lemos, Guarda
via Rádio Altitude
No ano em que celebra o Centenário de Eduardo Lourenço e precisamente no dia de seu anuversário, 23 de Maio 2024, foi inaugurada a estátua do autor, criada pelo artista Pedro Figueiredo e que se encontra no Jardim José de Lemos, Guarda.
Tempos de Eduardo Lourenço
Fotobiografia
Maria Manuel Baptista & outras
várias autoras
Contraponto, 2023
"No ano em que se assinala o Centenário de Eduardo Lourenço, esta obra revisita o perfil de um nome maior da cultura portuguesa contemporânea, uma voz que atravessou fronteiras físicas, estéticas, conceptuais e literárias, e cujo eco se perpetuou e perpetua por Tempos e realidades distintas."
“Porque se há alguma coisa que posso dizer de mim é que eu nasci nos livros e nunca saí dos livros.”
Eduardo Lourenço, in Revista Ler, 2008
G-S
05.12.2023
Fragmentos Culturais
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