" Nasci no mundo da música e fui violoncelista e professora."
A violoncelista Madalena Sá e Costa morreu neste dia. Violoncelista e pedagoga, foi discípula de Guilhermina Suggia. Nasceu numa família muito ligada à música. Foi distinguida com diferentes prémios ao longo da sua carreia. Grande amiga de Hélia Soveral.
Neta do violinista e fundador do Orpheon Portuense, também primeiro director do Conservatório de Música do Porto, Bernardo Moreira de Sá. Filha do compositor Luiz Ferreira da Costa, mais conhecido como Luiz Costa, e da pianista Leonilda Moreira de Sá e Costa.
Madalena Sá e Costa formou com a irmã, a pianista Helena Sá e Costa (1913-2006), uma dupla de intérpretes e peadgogas que marcou a cena musical do Porto e do país. Amiga de infância de Hélia Soveral, que foi aluna de Luiz Costa, e igualmente professora de renome do antigo Conservatório de Música do Porto na mesma época que Madalena Sá e Costa.
"Quando nasci, creio que se ouvia música por toda a casa", escreveu, em 2008, no livro de “Memórias e Recordações”.
Madalena Sá e Costa Memórias e Recordações, 2008
Nascida no Porto em 20 de Novembro de 1915, Madalena Sá e Costa estreou-se aos 19 anos no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, tendo completado o conservatório em 1940 e concluído a sua formação musical com Paul Grümmer, Sandor Végh e Pablo Casals, entre outros.
"O primeiro instrumento que toquei foi o violino. O meu avô tinha um ‘Guadagnini' e, quando ia almoçar a casa dele, fugia para a sala onde estava guardado esse violino e tocava umas notas. Às vezes, punha-o entre os joelhos e tocava-o na posição de violoncelo”,
Madalena Sá e Costa, Memórias e Recordações, 2008
Quando os pais lhe perguntaram se queria estudar um instrumento e, qual seria, respondeu violoncelo por influência de Guilhermina Suggia com quem os pais tocavam.
"Meus pais eram grandes pianistas. (...) deram concertos com artistas da craveira de George Ernesco, Guilhermina Suggia, Pablo Casals, entre outros."
Antes, em 1935, por iniciativa do pianista alemão Edwin Fischer, Madalena Sá e Costa e a irmã frequentaram os cursos de música em Potsdam e actuaram, em trio com Fischer, na Alemanha, França e Bélgica.
Foi professora no antigo Conservatório de Música do Porto e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, em Braga.
Formou dezenas de gerações de músicos. Um dos seus alunos, o violoncelista e professor Paulo Gaio Lima que morreu prematuramente em 2021.
Ao longo de uma carreira em que trabalhou com maestros como Pedro de Freitas Branco ou Frederico de Freitas, sua irmã Helena Sá e Costa. Recebeu, entre outros, os prémios Orpheon Portuense (1939), Emissora Nacional (1943), Morrisson, da Fundação Harriet Cohen (1958), Guilhermina Suggia/Secretariado Nacional de Informação (SNI), em 1966.
A violoncelista tocou ainda em orquestras, sob a direcção dos maestros Ivo Cruz, Fritz Riegger, Jacques Pernood, Gunther Arglebe, Ferreira Lobo, Pedro Blanch e Silva Pereira
Fez parte da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional (1966-84), da Orquestra Sinfónica do Porto (1970) e da Camerata Musical do Porto (1979-89).
O livro autobiográfico de Madalena Sá e Costa, encontrei um exemplar da 1ª edição (2008) na Feira do Livro do Porto 2021. num dos poucos alfarrabistas presentes. E fiquei feliz! Memórias da minha passagem pelo Conservatório de Música do Porto, como aluna da Professora Hélia Soveral. As duas eram muito amigas. E conviviam de muito perto com os alunos de ambas.
O livro, com nova edição de Glosas 13 (Novembro 2015), conta com um texto escrito pela própria homenageada, bem como alguns testemunhos iconográficos da maior importância seleccionados por Madalena de Sá e Costa, em particular um autógrafo inédito de Guilhermina Suggia.
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