No Dia Mundial do Livro vou lembrar que 2022 é ano do Centenário de dois grandes escritores portugueses. Celebram-se o Centenário de Agustina Bessa-Luís e o Centenário de José Saramago. Dois enormes autores da Língua portuguesa.
O Centenário de Agustina Bessa-Luis teve para pouca divulgação, o que considero uma falha grave. Não fora o início que a U. Minho assinalou no dia 21 Abril passado, com uma mesa temática e o Leitorado de Português na Universidade do Luxemburgo.
Voltemos à U. Minho, uma mesa temática deu início às celebrações que vão acontecer ao longo do ano.
No início Abril 2022, o Centro Cultural Português e o Leitorado de Português na Université du Luxembourg assinalaram, também, o Centenário de Agustina com uma palestra "Agustina Bessa-Luís e as Mulheres" que teve duas sessões, em Português e em Francês, e que aconteceram, no Centro Camões - Centro Cultural Português e no campus universitário de Belval, Luxemburgo.
A palestra pretendeu explorar a forma como as mulheres são percepcionadas e representadas na vida e obra da escritora. Contou com a presença de Catherine Dumas, professora emérita de Língua e Literatura Portuguesas na Sorbonne Nouvelle, Paris 3, autora de uma tese de doutoramento e de um livro sobre Agustina Bessa-Luís.
“Nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida”.
José Saramago in palestra “Literatura e poder. Luzes e sombras”, Universidade Carlos III, Madrid, 19 de janeiro de 2004
"Assinala-se a 16 de Novembro de 2022 o Centenário de José Saramago. Tal como em circunstâncias semelhantes acontece com outros grandes vultos, a efeméride constituirá uma oportunidade privilegiada para a consolidação da presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro."
Fundação José Saramago
Conheça o programa do Centenário.
“que, com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia”
Nobel Prize, 1998
José Saramago, único escritor português a ser galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, facto que lhe deu uma projecção mundial. Claramente.
Agustina era mais circunscrita ao mundo em que viveu. A projecção internacional de alguns dos seus grandes romances veio com a adaptação ao cinema por Manoel de Oliveira.
Agustina foi um 'génio'. Autora de uma imensa obra literária. Os seus livros têm um vasto público de leitores, admiradores, e estudiosos.
Voltarei a estes dois enormes vultos da literatura portuguesa, mais tarde. Hoje celebro os seus livros neste Dia Mundial do Livro com dois ou três excertos de obras suas.
"Se a música pode ser tão excelente mestre da argumentação, quero já ser músico e não pregador, Fico obrigado pelo cumprimento, mas quisera eu, senhor padre Bartolomeu de Gusmão, que a minha música fosse um dia capaz de expor, contrapor e concluir como fazem sermão e discurso, Ainda que, reparando bem no que se diz e como, senhor Scarlatti, se exponham e contraponham, as mais das vezes, fumo e nevoeiro, e se conclua coisa nenhuma. A isto não respondeu o música, e o padre rematou, Todo o pregador honesto o sente quando baixa do púlpito. Disse o italiano, encolhendo os ombros, Fica o silêncio depois da música e depois do sermão, que importa que se louve o sermão e aplauda a música, talvez só o silêncio exista verdadeiramente."
in Memorial do Convento
José Saramago,1982
Traduzido em mais de 20 línguas, a obra conta com mais de 50 edições.
O Memorial do Convento inspirou a ópera Blimunda, de Azio Corgi, criada no Scala de Milão em 1990
Agustina Bessa-Luís teve o talento de nos escutar na profundidade da nossa alma, transformando em palavras coisas que sentimos mas não conseguimos descrever. Sibila é o seu romance de maior interioridade, talvez.
"Escrever uma página inspirada não acontece todos os dias. Às vezes movemos o pensamento pelos atribulados caminhos do doméstico, que corrompem a subtileza e a graça; outras vezes pomos na cabeça o nosso gorro sábio, e resulta uma enfadonha tabuada de sentimentos."
Agustina Bessa-Luís, 1966
G-S
23.04.2022
actualizado 23.04.2024
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