Agustina Bessa-Luís
créditos: Panavideo
"A arte não pode ser política, nem sujeição social, nem glosa duma ideia que faz época; nem mesmo pode estar de qualquer forma aliada ao conceito «progresso». É algo mais. É o próprio alento humano para lá da morte de todas as quimeras, da fadiga de todas as perguntas sem solução."
Agustina, Arte Comprometida
in Dicionário Imperfeito, p.21, Guimaraes Editores, 2008
Agustina Bessa-Luís celebra hoje, dia 15 Outubro, 95 anos. Jé expressei frequentemente neste blog a minha admiração e respeito por Agustina. Pela sua obra e pelo ser humano que tive o imenso privilégio de conhecer e com quem conversei, mais do que uma vez.
Esta janela aberta sobre o jardim, foto com que iniciei esta publicação, traz-me a imensa nostalgia da nossa conversa, nessa mesma sala, versando sobre livros, literatura, música e vida.
Lançamento da obra de Agustina
Ensaios e Artigos 1951-2007
Serralves 2017
Durante 56 anos, Agustina Bessa-Luís publicou inúmeros textos sobre temas muito diversos, em órgãos de comunicação social portugueses que são revelados pela Fundação Gulbenkian numa edição em três volumes intitulada Ensaios e Artigos (1951-2007).
Ensaios e Artigos (1951-2007)
Volume I
Agustina Bessa-Luís
Gulbekian
Lamento profundamente que a escritora se tenha retirado, por motivos de saúde. As suas palavras apenas nos chegam pela voz de sua neta. Não é, de modo algum, a mesma coisa.
Uma imensa cultura, em diálogo de uma simplicidade sorridente, um olhar aberto, sincero, despretensioso, pondo de parte a intelectualidade:
"Para mim, um exemplo do que deve ser um intelectual é aquele que, desde o princípio da sua vocação, se apercebe nebulosamente, de que o mundo não pode ser compreendido unicamente pelo intelecto, pelo dom o espírito. Há também os dons do coração, que não menos importantes."
Agustina, Intelectual
in Dicionário Imperfeito, p.147, Guimaraes Editores, 2008
O Livro de Agustina
uma autobiografia
Guerra e Paz Editores, 2014
O livro é a única autobiografia existente de Agustina. Escrita para a Guerra e Paz Editores, foi como um primeiro volume – do nascimento ao 25 de Abril – na convicção que escreveria uma segunda e última parte.
E como tal não pode acontecer, esta obra tem um valor simbólico e emocional. Um relato que evoca lugares, personagens e raízes familiares.
«E acho que o texto está muitíssimo bem adaptado àquele grafismo. Acho que é um belo livro.»
Agustina Bessa Luís
A escritora escreveu o texto, deu as fotografias do seu arquivo pessoal.
«… um belo livro sobre uma personagem extraordinária – e uma meditação sobre a vida que Agustina aceita descrever.»
Fernando José Viegas
Agustina Bessa Luís
créditos: Ricardo Mendes
Sem dúvida que Agustina é uma personalidade literária extraordinária. Uma das maiores escritoras portuguesas.
Deixo nesta curta celebração, um abraço bem sentido de parabéns, e uma imensa nostalgia de não poder mais cruzar-me com ela, nas ruas da cidade. E na livraria Bertrand, Boavista, Porto. E votos de bem estar.
"Não sou vaidosa. Sou contente, sou feliz e agradecida dos meus dotes de coração, dos meus talentos,da luz dos meus olhos, da saúde física, do vigor moral. Bens momentâneos - bem o sei.
Valores falíveis e facilmente dispersos no tempo. Mas é nesta alegria, nesta exaltação vital, que está o meu cântico à vida - humano e, contudo, esplêndido, divino e, contudo, humilde."
Agustina por Agustina
in Dicionário Imperfeito, p.14, Guimaraes Editores, 2008
É desta Agustina que tenho saudades. Muitas.
G-S
Fragmentos Culturais
15.10.2017
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