Autor não identificado
“I want to write something new, something extraordinary and beautiful and simple and intricately patterned.”
F. Scott Fitzgerald
Gostaria de ter essa talentosa capacidade! Mas não! Fico-me pela simplicidade. E é com simplicidade que escrevo hoje um pouco, depois de tão longa ausência. Sim, primeiro foram projectos inadiáveis que me mantiveram afastada. Verdade. Mas depois, não me bateu aquela vontade natural de escrever sem compromisso. Sentava-me, deixava correr algumas palavras, parava, fechava o computador. E outro dia passava.
Hoje, porém, senti que poderia voltar a escrever. Sobre cultura. Claro!
Poderia falar de Serralves em Festa que está a decorrer este fim-de-semana! Do concerto de Dee Dee Bridgewater esta noite na Casa da Música.
O Grande Gatsby | Baz Luhrmann
De O Grande Gatsby, a nova versão cinematográfica do romance de F. Scott Fitzgerald The Great Gatsby. Em adaptação e realização do brilhante e imaginativo Baz Luhrmann.
O cineasta australiano, escritor e realizador, combina deslumbrante visual em 3D, excelente banda sonora (Jay-Z, Jack White, Lana Del Rey, The XX, entre outros, remisturados com George Gershwin), e estilos de narrativa, tecendo um Jazz Age cocktail bem fiel ao seu estilo.
Quem viu Romeu e Julieta (1996) sabe que não exagero. Baz Luhrmann é único.
O cineasta australiano, escritor e realizador, combina deslumbrante visual em 3D, excelente banda sonora (Jay-Z, Jack White, Lana Del Rey, The XX, entre outros, remisturados com George Gershwin), e estilos de narrativa, tecendo um Jazz Age cocktail bem fiel ao seu estilo.
Quem viu Romeu e Julieta (1996) sabe que não exagero. Baz Luhrmann é único.
The Great Gatsby
F. Scott Fitzgerald
Suponho que captaram de imediato, ao ler a citação inicial de F. Scott Fitgerald, que escreveria, no entanto, sobre livros! Livros, sim! E de seus autores, virando-me agora para a literatura de língua portuguesa.
Neste espaço de tempo de ausência, dois grandes escritores portugueses foram homenageados a nível internacional.
Nuno Júdice recebeu o Premio Reina Sofia de Poesía Iberoamericana. Este galardão, também atribuído a Sophia de Mello Breyner (2003), é concedido pelo Patrimonio Nacional e pela Universidad de Salamanca. Reconhece o conjunto da obra de um autor vivo É considerado o mais prestigiado do género no universo Ibero-Americano.
Nuno Júdice recebeu o Premio Reina Sofia de Poesía Iberoamericana. Este galardão, também atribuído a Sophia de Mello Breyner (2003), é concedido pelo Patrimonio Nacional e pela Universidad de Salamanca. Reconhece o conjunto da obra de um autor vivo É considerado o mais prestigiado do género no universo Ibero-Americano.
Nuno Júdice é um dos poetas vivos que leio profundamente, muito presente sempre, entre os meus livros.
«Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
que saem de dentro dele, e me dizem que
o poema é feito de muitos silêncios,
colados como os gomos da laranja que
descasco. E quando levanto o fruto à altura
dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
os versos soltos de todos os silêncios
entrarem no poema, como se os versos
fossem como os gomos que tirei de dentro
da laranja, deixando-a pronta para o poema
que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.»
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
que saem de dentro dele, e me dizem que
o poema é feito de muitos silêncios,
colados como os gomos da laranja que
descasco. E quando levanto o fruto à altura
dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
os versos soltos de todos os silêncios
entrarem no poema, como se os versos
fossem como os gomos que tirei de dentro
da laranja, deixando-a pronta para o poema
que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.»
Nuno Júdice, O Som do Silêncio,
in Guia de Conceitos Básicos, Dom Quixote, 2010
Mia Couto
Num registo totalmente diferente, mas encantador, Mia Couto. Mia Couto recebeu o "Prémio Camões 2013". Manuel António Pina recebeu-o em 2011.
O Prémio Camões foi criado em 1988 por Portugal (Fundação Biblioteca Nacional) e pelo Brasil (Departamento Nacional do Livro) para distinguir um autor de língua portuguesa que "pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum".
"Literatura não é produzir livros, é esta dinâmica que anda à volta da escrita literária, que envolve as escolas, as famílias, as bibliotecas, a circulação dos livros. Tudo isso faz uma literatura."
Mia Couto
O júri desta 25.ª edição decidiu premiar Mia Couto pela "vasta obra ficcional, caracterizada pela inovação estilística e pela profunda humanidade".
O escritor moçambicano referiu que gostaria de usar o valor do prémio para desenvolver um projecto que possa dar "espaço aos jovens escritores moçambicanos".
Mia Couto, na poesia e na narrativa, deu origem a uma cativante inovação verbal a que alia "a capacidade de transportar para a escrita a oralidade". São vários os livros lidos.
E finalizo com a polémica suspensão, este ano, da Feira do Livro no Porto pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, alegando falta de meios financeiros.
Convite
José Luís Peixoto (meus livros, meus afectos) esteve, esta quarta-feira, dia 5 Junho, no Porto, reunindo com os seus leitores, num espaço público da cidade. O encontro foi um protesto passivo contra a ausência da Feira do Livro que se realizava na cidade desde 1930.
Mas, há um movimento alternativo de escritores que se autodenomina "Acorda Porto" que pretende chamar a atenção para a falta que a feira do livro faz e que vai dar origem a alguns eventos associados. A ler no Público aqui
G-S
Fragmentos Culturais
08.06.2013
Copyright © 2013-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Vi o Great Gatsby e não supus que fosse gostar tanto. Percebi a ideia do 3D para o glamour e exagero hedonista, mas simultaneamente não encaixa com um "filme de época". Gostei mesmo muito da adaptação, focada na história de amor, mas quem não conhecer o enquadramento histórico, não perceberá que aquelas festas eram a catarse se uma era economicamente depressiva, e onde não entravam quaisquer uns como o filme insinua. Mas não me entusiasma o enquadramento hisorico; falei nisto apenas como a particularidade do 3D. O filme, em si, está muito bem conseguido sobretudo pela força com que o espectador é agarrado numa historia que certamente não o eixa indiferente...
ResponderEliminarMia Couto disse que provavelmente passaria muito ao lado dos brasileiros neste prémio, que quando muito apareceria nalgum jornal elitista já que ste prémioa não tem a relevância que tem por cá, e dizia não estar à espera embora obviamente gostasse, mas também eu aprecio (muito) este escritor...
José Luis Peixoto teve a amabilidade de me dedicar um post uma vez, com um texto seu. Tirando isso e o seu primeiro livro "Morreste-me" com que se lançou, não tenho mais a dizer...
Finalmente de ti: não que hoje seja um post onde escrevas; posts houve onde ao deambulares pelo que "noticiavas", eu sorvia a beleza das palavras, porque como já disse, acredito que tens um talento natural em textos que seriam bonitos de ler. SEja como for, é bom voltar a ter-te, aqui e no meu cantinho...
Um beijinho, F.
É com enorme afecto que passo sempre pelo "Fragmentos".
ResponderEliminarÉ Poesia
É Cultura
É Festa.
(quanto à Feira do Livro do Porto... nem comento)
Tudo de bom.
Sobre Cultura, pois claro.
ResponderEliminarComeças com uma foto linda, de livros e livros e livros, que eu vou enviar direitinha para uma querida amiga que delira com fotos destas,
e depois focas vários assuntos, todos importantes, desde Serralves, passando pelo cinema (grande actor o DiCaprio), e os livros, com os justos prémios (Mia Couto e Nuno Júdice), e com as suas incríveis ausências (Feira do Livro do Porto).
É sempre um gosto ler-te e saber que dás uma plena justificação ao título que escolheste para o blog.
O Nuno Júdice e o Mia Couto são dois grandes escritores. Os prémios que receberam, por isso, não apanhou ninguém de surpresa.
ResponderEliminarEscreves pouco mas, quando o fazes, os teus posts são muito bons, como é o caso deste.
Minha querida amiga, tem uma boa semana.
Beijo.
Muito tempo longe...
ResponderEliminarmas quando regresso sinto-me tão bem ao voltar a esta "casa"!!!!!
Tantas coisas de que eu gosto também por aqui!
"Brigados" por esta partilha persistente, "Fragmentos"!
Tudo de BOM!
MC
Tu és assim, tudo o que escreves vale a pena ser lido! obrigada por existires assim, rica em "fragmentos"...
ResponderEliminarBjs
Eu estava com algum receio em ver esta nova adaptação do cinema do 'enorme' romance de Fitzgerald... por conhecer o livro, por ter visto a adaptação com Robert Redford - um clássico que vale sempre a pena - e porque não aprecio Leonardo di Caprio.
ResponderEliminarMas, ao saber quem era o realizador e conhecendo a criatividade da sua visão contemporânea de clássicos e as bandas sonoras, não podia perder.
Quanto à narrativa, suponho que, mesmo assim, Baz Luhrmann captou os vários problemas da época, os ambientes sociais (nas suas antíteses), os amores e paixões vividos/sentidos diferentemente por cada uma das personagens principais.
Tal como esperava, a banda sonora é fabulosa, (ninguém esquece, ainda hoje, a banda sonora de 'Romeu e Julieta') e 3D deu uma fantástica visão dos espaços. Um filme que se guarda na memória visual. E a história continua a empolgar...
Mia Couto é um autor que gosto muito de ler! Um verdadeiro criativo na arte de uma linguagem muito própria em que honra e une a língua portuguesa e o crioulo.
Não duvido que passe ao lado no Brasil, até porque a nossa 'própria' língua portuguesa na arte da literatura ( e não só...) passa ao lado. Excepto, e tenho que prestar homenagem, os académicos brasileiros valorizam muito mais os nossos clássicos do que nós.
Mas este prémio teve muita importância para os escritores da lusofonia africana.
José Luis Peixoto é aquele 'amor' que nasceu com 'Morreste-me' e 'A Casa a Escuridão' (poemas).
No entanto, nem sempre os seus últimos livros me têm 'agarrado', apenas a poesia. E por isso, continua a ser um dos meus 'amores' na leitura.
Não me admira que JL Peixoto te tenha dedicado um post... ele é uma simplicidade em pessoa, já tive a sorte de falar com ele numa 'Conversa de Poesia'. E estás de parabéns.
Quanto à 'crítica construtiva' que me fazes, aceito :-) este blogue não é de escrita intimista, a minha sensibilidade está presente sob um prisma mais distante.
Sei que por vezes fui (e sou) um pouco aberta e deixo transparecer mais a sensibilidade através das 'notícias' culturais, dado que apenas escrevo sobre as várias vertentes que me 'tocam'. Mas, quase sempre, prefiro distanciar-me...
Voltarei brevemente ao teu cantinho. Gosto muito de te ler...
Beijo, Daniel
Hum! Gostei do 'F', Daniel...
ResponderEliminarSó tenho a agradecer o afecto, 'aflores'! Não há dúvida que és um dos mais antigos e fiéis leitores de 'fragmentos'.
ResponderEliminarÉ sim de tudo um pouco no que se refere a aspectos culturais, mais intelecto ou mais leves. Escolhas pessoais, assim sublectivas do que gosto ou me atrai
Boas férias!
Tudo de bom!
É claro, João! Sempre a cultura :-)
ResponderEliminarSuponho que tua amiga adorou a foto dos livros! Também adoro livros, como sabes. Mal a vi, guardei-a de imediato. Bastante original!
Como já não escrevia há algum tempo, decidi fazer do meu post uma espécie de roteiro cultural do que me atraíra em tempo de ausência.
Afirmei em resposta anterior, a Daniel suponho, que não aprecio muito Leonardo di Caprio. Mas tenho que reconhecer um percurso extraordinário para refazer a sua imagem com interpretações fabulosa em filmes como 'Inception', 'The Departure', The Great Gatsby' mas sobretudo 'J. Edgar (Hoover)'.
Muito obrigada por seres tão presente em 'fragmentos'! O título foi escolhido em função da linha directiva que me propus ao criar este espaço.
Dois dos melhores escritores contemporâneos. Nuno Júdice na poesia (para mim, um dos poetas maiores da nossa literatura, leio a prosa, me agrada menos) e Mia Couto na maravilhosa arte de contador de histórias, e uma poética muito sensível. Galardões bem merecidos.
ResponderEliminarMuito obrigada pelas tuas afectuosas palavras, Nilson! E pela fidelidade a este meu espaço.
Excelente domingo!
Beijo
Muito tempo mesmo, MC! Mas sempre tão bom ler teus comentários neste meu espaço!
ResponderEliminarVerdade! Suponho que sofremos da mesma persistência :-)
Que dure enquanto nos agrada escrever...
Temos vários interesses culturais comuns, e daí ser muito agradável trocar impressões!
Tudo de bom, para ti também!
Olá 'Lilá(s)
ResponderEliminarSempre afectuosa nas tuas palavras! Ainda bem que continuas a apreciar os 'meus fragmentos'! Enquanto gostar de escrever, mesmo que mais espaçadamente...
Beijos