José Saramago
caricatura F. Santos
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Autoritárias, paralisadoras, circulares, às vezes elípticas, as frases de efeito, também jocosamente denominadas pedacinhos de ouro, são uma praga maligna, das piores que tem assolado o mundo. Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais dificultosa operação humanas, (...)
José Saramago, A Caverna, Caminho, 2000, 2ª edição
José Saramago, A Caverna, Caminho, 2000, 2ª edição
Sei que José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, não tem por cá, grandes simpatias! Conheço-o apenas pelas suas obras! E a ideia que tenho da sua personalidade vem das entrevistas e das palavras que vou ouvindo nos meios de comunicação social.
No entanto, não posso de modo nenhum tirar-lhe o valor pela iniciação de uma nova literatura em Portugal e de um novo código de escrita.
Tenho para mim que só a partir dele, outros grandes nomes se aventuraram numa nova perspectiva de olhar a escrita literária. Portanto, não posso retirar-lhe esse mérito inovador!
A escrita tal como a palavra oral sofrem a evolução natural, e mantê-las dentro de uma escolástica perene, é impensável.
A evolução é saudável. Claro que me refiro ao uso da Língua Portuguesa com dignidade, respeito, orgulho, valorizando-a em tudo o que ela tem de mais belo, já que na sua génese se encontram as línguas clássicas.
Devo, desde já afirmar que sou contra o Acordo Ortográfico! Mas nem aqui me vou debruçar sobre opiniões pessoais desse cariz.
Serviu este texto para divulgar que Saramago promoveu e participou na Conferência sobre Jorge Luís Borges "Falando sobre Borges" que teve lugar na sua casa em Lanzarote, e que contou com a presença de Maria Kodama, viúva do escritor argentino.
"A conferência marca o início de um ciclo de encontros na Biblioteca da Fundação José Saramago, em Lanzarote, que se converterá num espaço público para «debater ideias» sobre temas como literatura, arte, política e temas da actualidade."
Lusa/Sol
Jorge Luís Borges é um dos maiores escritores do século XX. No entanto não foi nunca premiado ou contemplado com o Nobel da Literatura. Praticou um género curto que revela ensinamentos filosóficos.
"Estavam no quarto. Fernando Pessoa sentado aos pés da cama, Ricardo Reis numa cadeira. Anoitecera por completo. Meia hora passou assim, ouviram-se as pancadas de um relógio no andar de cima, É estranho, pensou Ricardo Reis, não me lembrava deste relógio, ou esqueci-me dele depois de o ter ouvido pela primeira vez. Fernando Pessoa tinha as mãos sobre os joelhos, os dedos entrelaçados, estava de cabeça baixa. Sem se mexer, disse, Vim cá para lhe dizer que não tornaremos a ver-nos, Porquê, O meu tempo chegou ao fim,"(...)
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis,
Caminho, 1984, 1ª edição
Este foi um dos livros que gostei mais de ler. Do mesmo modo, "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e "Memorial do Convento"!
Fragmentos Culturais
03.03.2008
No entanto, não posso de modo nenhum tirar-lhe o valor pela iniciação de uma nova literatura em Portugal e de um novo código de escrita.
Tenho para mim que só a partir dele, outros grandes nomes se aventuraram numa nova perspectiva de olhar a escrita literária. Portanto, não posso retirar-lhe esse mérito inovador!
A escrita tal como a palavra oral sofrem a evolução natural, e mantê-las dentro de uma escolástica perene, é impensável.
A evolução é saudável. Claro que me refiro ao uso da Língua Portuguesa com dignidade, respeito, orgulho, valorizando-a em tudo o que ela tem de mais belo, já que na sua génese se encontram as línguas clássicas.
Devo, desde já afirmar que sou contra o Acordo Ortográfico! Mas nem aqui me vou debruçar sobre opiniões pessoais desse cariz.
Serviu este texto para divulgar que Saramago promoveu e participou na Conferência sobre Jorge Luís Borges "Falando sobre Borges" que teve lugar na sua casa em Lanzarote, e que contou com a presença de Maria Kodama, viúva do escritor argentino.
Jorge Luís Borges é um dos maiores escritores do século XX. No entanto não foi nunca premiado ou contemplado com o Nobel da Literatura. Praticou um género curto que revela ensinamentos filosóficos.
(...) com humor agridoce e o coração apertado, Borges recebeu em cada Outubro dos seus últimos vinte anos a notícia de que não tinha merecido o Prémio Nobel. Adoptou uma expressão de quem sabe perder. Muitos indignaram-se. Discriminação extraliterária contra o maior escritor vivo! Em contrapartida, o visado manteve a imagem imutável do homem sozinho na sua biblioteca, do cego que como Homero não escreve para as academias ou para os prémios, mas que dita e filtra as palavras para a memória do tempo e o ouvido interno, que não admite falsas notas.(...)
Jorge Luís Borges
Saramago confessa que sofreu grande influência deste autor, o que se repercute nomeadamente no seu livro "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
Jorge Luís Borges
Saramago confessa que sofreu grande influência deste autor, o que se repercute nomeadamente no seu livro "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
O Ano da Morte de Ricardo Reis
José Saramago, 1984
Editora Círculo de Leitores
créditos: Fundação Saramago
"Estavam no quarto. Fernando Pessoa sentado aos pés da cama, Ricardo Reis numa cadeira. Anoitecera por completo. Meia hora passou assim, ouviram-se as pancadas de um relógio no andar de cima, É estranho, pensou Ricardo Reis, não me lembrava deste relógio, ou esqueci-me dele depois de o ter ouvido pela primeira vez. Fernando Pessoa tinha as mãos sobre os joelhos, os dedos entrelaçados, estava de cabeça baixa. Sem se mexer, disse, Vim cá para lhe dizer que não tornaremos a ver-nos, Porquê, O meu tempo chegou ao fim,"(...)
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis,
Caminho, 1984, 1ª edição
Este foi um dos livros que gostei mais de ler. Do mesmo modo, "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e "Memorial do Convento"!
Memorial do Convento
José Saramago
edições Caminho 1994
"Era uma vez um Rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.!
Memorial do Convento, 22ª ed.,
Lisboa, Editorial Caminho, 1994
Recentemente recuperado de uma pneumonia, José Saramago já retomou a escrita do seu próximo romance que segundo explicou o próprio á Lusa na terça-feira se intitula «A viagem do Elefante».
A obra está bastante avançada, será terminada em Lisboa até Junho e lançada no Outono, confirmou Saramago.
"Voltei a escrever, já tenho 70 ou 80 páginas. Tive que interromper a escrita pelo período da minha convalescença e doença" - explicou o escritor, numa entrevista à Agência Lusa.
G-SFragmentos Culturais
03.03.2008
Copyright © 2008-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
gostei do blogue, da divulgação e apreciação que faz.
ResponderEliminarEu nunca li Saramago, admito que talvez neste caso seja por o ver como alguém com ideias que me tapam a visão da obra dele.
estou a pensar em avançar na leitura dele, mas mais uma vez reconheço a minha preguiça em relação a ele.
de um fã,
Tiago
Fragmentos,
ResponderEliminarli de Saramago alguns livros que me deixaram boas recordações.
O Memorial foi um deles... a História do cerco de Lisboa, outro!!!!
Confesso que não li os publicados posteriormente...mas com este post, assim que o tempo mo permitir irei revisitá-lo!!!!
"Brigados"!!!!
Bjkas!
Boa-noite Tiago,
ResponderEliminarApesar de saber que Saramago não tem muitas simpatias no país que é o seu, admiro-o, pela inovação que introduziu na Literatura Portuguesa, independentemente de outras considerações!
Confesso que os seus últimos livros me têm agradado menos!
Isso não me faz esquecer o mérito nem as obras que me 'envolveram - 'Evangelho Segundo Jesus Cristo' e 'Memorial do Convento'!
Outras li, mas estas 'demarco-as' das restantes!
Talvez uma boa proposta?!
:)
Sensibilizada pelo teu olhar atento e amistoso em 'fragmentos'... meu fiel 'fã'!
Linda semana... apesar de fria!
Abraço
Olá 'Avelaneira'
ResponderEliminarO 'Memorial' também gostei muito! E o 'Evangelho', 'Ano da Morte de Ricardo Reis'... mais tarde ainda encontrei algum prazer em 'A Caverna'!
Comprei alguns dos últimos, mas poucos me prenderam!
'Os 'Diários' desiludem-me :(
Mas cada um tem sua sensibilidade! Não vais certamente deixar de fazer a tua abordagem às mais recentes obras!
Sensibilizada pelo teu olhar amistoso em 'fragmentos'!
Beijos
...já sentira a tua falta por aqui!
José Saramago tem momentos de pura genialidade, especialmente no Memorial do Convento, na História do Cerco ... depois começa a enredar-se!
ResponderEliminarMas é um escritor digno de encómios e que não podemos deixar de considerar apenas porque como homem se revela demasiado humano.
Tive oportunidade de estar frente a frente com José Saramago uma única vez e confesso que mesmo no trato pessoal não me parece pessoa fácil, disponível. Algo sobranceiro até.
Espantado por ver Saramago relacionar-se com Jorge Luís Borges pois o nosso escritor não é homem que consiga separar as águas entre as opções de cada um e a sua genialidade literária. E o argentino era-o sem dúvida.
Adorei seu Blog!
ResponderEliminarCreio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.
Charles Chaplin
Boa-noite 'Quint',
ResponderEliminarNão sei se se enreda a partir de determinada obra... mas marcantes, na minha subjectividade, foram as que já referi na postagem!
Saramago, para mim, teve grande valor pela 'genialidade' da [re]invenção arrojada do código escrito na Literatura Portuguesa.
A partir dele, outros escritores 'soltaram' seu estilo!
Abriu caminhos, reinventou conceitos, factos... escreveu com segurança contra correntes...
Não fiz referência ao homem, apenas ao escritor!
Sei, pelo que oiço e leio, que tem sido muito contestada essa sua faceta humana, mas nunca privei com ele e não me sinto decepcionada.
Outros escritores me 'cativam'! Alguns lamento nunca ter 'cruzado'.
Sem dúvida que é curiosa esta sua admiração por Borges, e sobretudo assumi-la como referência fundamental na sua criação literária...
...talvez por isso mesmo que alegaste - 'separação de águas' entre opções políticas e criação literária
Sensibilizada pelo teu olhar amistoso em 'fragmentos'!
... lamento tão tardia resposta :(
Sensibilizada, 'Rosi Gouvea' pelo olhar amistoso em 'fragmentos'!
ResponderEliminarsou um releitor da obra de Borges e saramago conheço quase nada se é que esse quase existe.gosto da forma com divulgas literatura, prometi a mim mesmo há anos atrás não me dedicar a outra forma de expressão que não esta, e como Borges o conto e poesia são meu prazer dileto.
ResponderEliminarabraço fraterno!
Partilho do mesmo gosto.
ResponderEliminarSim, Borges é um escritor inimitável. Os seus contos têm um estilo muito próprio o que contrasta com a sensibilidade exposta na sua poesia.
Saramago... suponho que seria interessante descobrires este escritor português.
Livros como 'Memorial do Convento' ou 'O Ano da Morte de Ricardo Reis' ou mesmo 'Caim' (seu último livro publicado em vida).
Lamento só hoje ter lido teu comentário, quando andava a repor algumas fotos desaparecidas.
Muito obrigada pela visita a 'fragmentos'.
Abraço fraterno