Carlos Ruiz Zafon [1964-2020]
créditos: EPA
"Hoje é um dia muito triste para toda a equipa da Planeta, que conheceu e trabalhou com o escritor durante 20 anos, durante os quais se forjou uma amizade que transcende o profissional""
Planeta editora
Carlos Ruiz Zafon, catalão, morreu prematuramente, em Los Angeles, cidade onde vivia. Foi assim que a sua editora anunciou a morte do autor no passado dia 19 Junho. le. Era tão famoso quanto reservado.
E foi com muita tristeza que li. Só hoje me dedico a escrever sobre o seu desaparecimento repentino. Foi tão chocante que doeu.
Carlos Ruiz Zafón alcançou êxito mundial en 2001 con La Sombra del Viento (2001), início da tetralogía El Cementerio de los Libros Olvidados que se concluiu com El Laberinto de los Espíritus (2016).
Ao abrir A Sombra do Vento, mal o comprei, iniciei a leitura. Pairei acima das ruas na Barcelona, levitada pelas descrição magistral.
A Sombra do Vento
Carlos Ruiz Zafon, 2001
Ler é viajar sem sair do lugar, é voar, soltar a imaginação. Zafón tinha esse dom. Dava-nos isso. O poder do sonho infinito, sair de dentro de nós e conhecer a sua Barcelona. Mostrava-a, fazendo-nos usar os cinco sentidos para sentir.
As suas palavras transportavam-nos em fantástica viagem pelas ruas e mistérios de Barcelona. Quando se começa um livro de Zafón, não dá para parar.
A Sombra do Vento foi inspirado pelos grandes romancistas do século XIX, "Dickens, Balzac, Victor Hugo ... as grandes sagas com personagens que permanecem na mente do leitor", nas palavras do autor.
A Sombra do Vento foi inspirado pelos grandes romancistas do século XIX, "Dickens, Balzac, Victor Hugo ... as grandes sagas com personagens que permanecem na mente do leitor", nas palavras do autor.
Assim, Zafón não morreu, dado que continuará eternamente vivo "através dos seus livros", sobretudo o que nos levou a descobri-lo. A Sombra do Vento, finalista do Prémio de Romance Fernando Lara 2001 e do Prémio Libreter 2002.
A Sombra do Vento eleito o Melhor Livro do ano 2002 pelos leitores do jornal La Vanguardia, está traduzido em mais de 50 línguas.
Venceu também o Prémio Correntes d'Escritas, em 2006 e, numa mensagem de agradecimento ao Prémio Literário, o escritor disse:
O romance é "uma pequena carta de amor à arte da narrativa, ao ofício de criar e contar histórias, uma homenagem a quem as constrói palavra a palavra".
Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, é considerada a obra de ficção em língua espanhola mais popular a seguir a Dom Quijote de Miguel de Cervantes.
A Sombra do Vento foi seleccionado, em 2007, por 81 escritores e críticos latino-americanos e espanhóis para uma lista dos 100 melhores livros da língua espanhola desses últimos 25 anos.
Carlos Ruiz Zafon
créditos: DR
"Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte."
Carlos Ruiz Zafón, Fermím in A Sombra do Vento
A história passa-se numa "Barcelona literária e tenebrosa”, como descreveu o La Vanguardia, numa “Barcelona gótica”, como afirmou o próprio autor em entrevista ao jornal Observador em 2016, por altura da publicação do último volume em Portugal.
“É uma estilização, quis fazer de Barcelona uma personagem, mais do que um cenário. Tem este lado menos óbvio, barroco, quase expressionista, necessário para estas histórias. É uma Barcelona literária, claro, não se trata de uma crónica ou de uma reportagem”
Carlos Ruiz Zafón
O meu primerio contacto com Zafón e A Sombra do Vento foi logo a seguir à sua pulicação em Portugal, em 2001. Gosto de livros. E como sabem, aprecio primeiras edições, quando se trata de literatura.
Há livros que fiquem em nós. Profundamente. Livros absorventes, capazes de nos agarrarem a cada folhear de página. E este, é uma história de livros. A meu gosto estético.
A Sombra do Vento, poderoso na narrativa. A Sombra do Vento, a história de um jovem que na Barcelona cinzenta de 1945 descobre un cemitério de livros esquecidos.
A Sombra do Vento é, para mim, parte de Barcelona. É uma aventura intensa, por vezes sombria e sinistra. Mas também uma viagem literária que nunca esqueci.
O Labirinto dos Espíritos
Carlos Ruiz Zafón, 2008
O Jogo do Anjo (2008) segundo livro da que posteriormente seria a tetralogía El Cementerio de los Libros Olvidados, iniciada com A Sombra do Vento, são os livros de Zafón que relembro. Com especal afecto pelo primeiro, A Sombra do Vento.
"Carlos Ruiz Zafón, quizá el escritor español contemporáneo más homologable en el panorama del best-seller internacional de calidad"
Carlos Geli, El País
A ler a crónica-tributo no jornal El País.
Grande parte da obra de Carlos Ruiz Záfon está publicada em Portugal. Incluem-se o romance Marina, a história inesquecível que precedeu A Sombra do Vento..
Também títulos "O Palácio da Meia-Noite" e "As Luzes de Setembro",reunidos, juntamente com "O Príncipe da Neblina", na intitulada "Trilogia da Neblina", para leitores mais jovens.
"I have written for young readers, for the movies, for so-called adults; but mostly for people who like to read and to plunge into a good story."
Carlos Ruiz Zafón
Quantas histórias terão ficado por contar? Quantos livros Carlos Ruiz Zafón teria dentro de si?
"Yo creo que nada sucede por casualidad, sabes? Que, en el fondo, las cosas tienen un plan secreto, aunque nosotros no lo entadamos."
Carlos Ruiz Záfon
G-S
Fragmentos Culturais
22.06.2020
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E eu acabando de comentar no post do Ennio que mais uma pessoa tinha partido e agora deparo-me com essa notícia que me passou completamente ao lado e que me apanhou de surpresa. Pensava que ia encontrar um tributo aos livros do autor neste post e não essa notícia :-(.
ResponderEliminarÉ com tristeza que agora me terei de mentalizar que não teremos novidades (obras novas) desse autor que me cativou imenso com A Sombra do Vento (acho que foi a primeira "ressaca" de leitura que tive...não sabia que livro ler depois daquele livro e senti na altura saudades daquele mundo e das personagens). Li todos os outros publicados em Portugal e por acaso estou agora a ler O Labirinto dos Espíritos. Claro que A Sombra do Anjo foi o mais especial, mas ainda assim também gostei dos outros. Este que estou a ler está a ser um pouco lento. Mas já estou a meio e parece que vai ficar mais interessante. Depois dessa noticia terei que apreciar ainda melhor a obra que tenho entre mãos.
Em certa medida, esta publicacão, foi um tributo aos livros de Záfon. Infelizmente, tive que acrescentar a notícia do seu desparecimento, tão inesperado, para nós, leitores.
ResponderEliminarNão li todos os seus livros publicados em Portugal. 'A Sombra do Vento' foi sem dúvida especial. Aquele impacto!
Há quem afirme que Záfon teria outras obras em marcha. Mas, muitas vezes, são jogos de editoras. Aguardemos...
Fiquei curiosa com 'A Sombra do Anjo'... estou tentada a ler, depois da tua opinião.
Um bom fim-de-semana!
Até breve!
Errata: '...desaparecimento...' :-)
ResponderEliminarOlá. Nesse momento já estou quase a acabar o livro "o labirinto dos espíritos" do Zafon e devo dizer que até meio estava a ser um pouco lento no seu desenrolar e também o facto de haver tantos nomes de personagens à mistura (alguns presentes nos livros anteriores) não estava a ajudar. Mas felizmente, e a cerca de 100 páginas do final, as coisas estão a ficar interessantes e mais agitadas. Quando acabar faço uma "review" no meu blog. Assim tenho mais um motivo para dar-lhe algum fôlego.
ResponderEliminarÉ uma pena não poder contar com mais livros de Zafon, pois duvido que possam lançar algo dele posterior a esse último livro relacionado com o cemitério dos livros esquecidos.
Já agora, conheces algum escritor com livros semelhantes?
Espero que esteja tudo bem por aí.
Bjs
Olá 'fragmentos' :-)
ResponderEliminarAgradeço teu feed-back sobre 'O Labirinto dos Espíritos' !
Ao ler também uma crítica no The Guardian (Set. 2018), fiquei ainda mais curiosa. O crítico escreve em subtítulo : 'The final part of Zafón’s historical Spanish quartet The Cemetery of Forgotten Books is a giant, genre-crossing delight.'
Deixo-te o título: 'The Labyrinth of the Spirits by Carlos Ruiz Zafón review – a colossal achievement' by Mark Lawson.
A tua impressão de leitura é claramente valiosa. Nem sempre os críticos me guiem, embora este seja muito convincente.
Não, não comheço autor que se possa assemelhar na exuberância literária... daí o imenso valor de Zafón. E a perda terrível que acabámos de sofrer :-(
Não está nada previsto. Mas, por vezes, as editoras ou algum estudioso pode descobrir qualquer manuscrito não publicado. Lembra Ferando Pessoa! Quanta obra tem sido descoberta, estudada, e aos poucos publicada.
Está tudo bem, muito obrigada! Apesar de o Inverno se ter instalado, sorrateiramente na cidade. E contigo? Tudo bem?
Bjs
(fico a aguardar a tua 'review´...)
Errata : ´Lembra Fernando...'
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