Herbie Hancock na Casa da Música
créditos: Fernando Veludo/ Infactos
Tem-me sido difícil escrever. Já não pelos afazeres, mas pela falta de disponibilidade interior. Natal não é forçosamente uma época de grande extroversão. Seria, no entanto, lamentável deixar de falar de alguns concertos a que tenho assistido, na tal rota contra a corrente de confusões.
Herbie Hancock na Casa da Música
créditos: Tribo de Luz
Poucos dias antes de tocar no concerto da cerimónia de entrega do 'Nobel da Paz' em Oslo, Herbie Hancock esteve em Portugal para apresentar o seu último projecto "The Imagine Project". Uma homenagem a um dos maiores compositores que passeou o mundo, o lendário John Lennon. O objectivo era o de "passar uma mensagem de paz através da música". O mote foi dado pelo hino de paz Imagine de Lennon.
"É uma proposta de paz global."
Herbie Hancock
O multipremiado pianista e compositor que fez 70 anos (ninguém diria ao vê-lo em palco) em Abril, veio à Casa da Música, no passado dia 8. Tive o privilégio de estar presente, nessa noite simbólica! Assinalavam-se 30 anos da morte de John Lennon, o músico que o inspirou neste recente projecto musical.
Antigo membro do grupo de Miles Davis Hancock é tido como um dos talentosos pioneiros na integração do funk, soul, hip-hop e sintetizadores (música electrónica) no jazz.
"É uma proposta de paz global."
Herbie Hancock
O multipremiado pianista e compositor que fez 70 anos (ninguém diria ao vê-lo em palco) em Abril, veio à Casa da Música, no passado dia 8. Tive o privilégio de estar presente, nessa noite simbólica! Assinalavam-se 30 anos da morte de John Lennon, o músico que o inspirou neste recente projecto musical.
Antigo membro do grupo de Miles Davis Hancock é tido como um dos talentosos pioneiros na integração do funk, soul, hip-hop e sintetizadores (música electrónica) no jazz.
Herbie Hancock na Casa da Música
créditos: Tribo de Luz
O pianista veio acompanhado por um grupo de excelentes músicos: James Genus (baixo), Trevor Laurence Jr (bateria), Greg Phillinganes (teclas), Lionel Loueke (guitarra), e Kristina Train (voz e violino).
Partindo de John Lennon como principal referência, os músicos em palco procuraram através da música, propagar os princípios de paz global, salientando que é fundamental a união do mundo, algo que depois da abertura do concerto, o próprio Hancock destacou, num dos momentos em que se dirigiu ao público. Claro que todos fizemos questão de demonstrar o apreço por esse seu esforço. A música é ainda um meio que pode unir o mundo.
Este trabalho reúne artistas das mais diversas zonas do globo e de distintos estilos musicais, num projecto que visa a cooperação e a paz. É óbvio que não puderam estar presentes no palco da Casa da Música.
Ao longo do concerto, intenso, brilhante, foram interpretados e reinventados temas célebres, como 'Imagine', 'Don't give up', 'Times are a changing' e outros.
Não, não vou dizer que a interpretação de Kristina Train no tema 'Don't give up' de Kate Bush (inolvidável e precursora) e Peter Gabriel me convenceu.
Kate Bush Bush é uma das maiores referências musicais do séc. XX. Impossível reinventá-la! Ela fez tudo o que era possível fazer quanto a criatividade! Uma imensa admiração eu tenho!
E 'Imagine'! Todos conhecem a minha devoção por Lennon e por 'Imagine'! É uma das minhas composições favoritas!
Não quero com isto dizer que estes dois temas devam ser intocáveis, mas neste registo apresentado na Casa da Música, não! Já não digo o mesmo das abordagens no projecto original.
No entanto, os momentos musicais de improviso multiplicaram-se, e a extraordinária qualidade dos músicos que acompanharam Herbie ao longo do concerto foi por demais evidente.
Excelentes! Neles incluo Kristina Train, cantora e violinista convidada nesta digressão, mas o músico que claramente se destacou, foi Greg Phillinganes (teclas)! Além de bom músico, demonstrou formar uma dupla especial com Hancock, quase a sua extensão, pela forma como assumiu a liderança em palco e como criou empatia com a plateia. Ah! E o melhor estava para vir! Philinganes reservava um outro talento... Phillinganes sabe cantar e cantou lindamente!
Não, não vou dizer que a interpretação de Kristina Train no tema 'Don't give up' de Kate Bush (inolvidável e precursora) e Peter Gabriel me convenceu.
Kate Bush Bush é uma das maiores referências musicais do séc. XX. Impossível reinventá-la! Ela fez tudo o que era possível fazer quanto a criatividade! Uma imensa admiração eu tenho!
E 'Imagine'! Todos conhecem a minha devoção por Lennon e por 'Imagine'! É uma das minhas composições favoritas!
Não quero com isto dizer que estes dois temas devam ser intocáveis, mas neste registo apresentado na Casa da Música, não! Já não digo o mesmo das abordagens no projecto original.
No entanto, os momentos musicais de improviso multiplicaram-se, e a extraordinária qualidade dos músicos que acompanharam Herbie ao longo do concerto foi por demais evidente.
Excelentes! Neles incluo Kristina Train, cantora e violinista convidada nesta digressão, mas o músico que claramente se destacou, foi Greg Phillinganes (teclas)! Além de bom músico, demonstrou formar uma dupla especial com Hancock, quase a sua extensão, pela forma como assumiu a liderança em palco e como criou empatia com a plateia. Ah! E o melhor estava para vir! Philinganes reservava um outro talento... Phillinganes sabe cantar e cantou lindamente!
Herbie Hancock na Casa da Música
créditos: Tribo de Luz
À medida que foi decorrendo, o concerto foi ganhando intensidade, e o público mais solto, entregou-se por inteiro às sonoridades de Herbie e do seus músicos. Sim porque não se ouviu só jazz! O estilo electrónico, a pop, músicas do mundo fizeram-se ouvir com exuberância. The Imagine Project é um trabalho colaborativo e multi-cultural. Músicos de onze nacionalidades!
Mas a tecnologia faz milagres! E os malianos Tinariwen juntaram suas vozes aos músicos em palco.
Mas a tecnologia faz milagres! E os malianos Tinariwen juntaram suas vozes aos músicos em palco.
Herbie Hancock conseguiu recriar na Casa da Música um ambiente repleto de multifacetadas sonoridades a que todos os presentes na sala Suggia tiveram o imenso prazer de assistir e de aplaudir, de pé, quase no final, após duas horas e muito, de completa fusão e genialidade musical.
No final, os músicos saudaram o público com um encore! E depois deste, eis que arrancaram com Rockit, um dos seus grandes clássicos, mais ligado ao hip-hop e electrónica. Melhor som para breakdance, não há! Aí, toda a sala de pé (camarote e coro inclusivé) completamente electrizada, viu Herbie Hancock e os seus músicos a dançar!E acompanhou-os! Momentos intensos e coloridos que só se fruem num concerto ao vivo.
Herbie Hancock/ Imagine Porject
"Os músicos são pessoas e vivemos no mundo, devemos e estar atentos ao que se passa à nossa volta, não fingir que não vemos".
Herbie Hancock
Herbie Hancock entregou-se a um dos mais ambiciosos desafios da sua longa carreira. The Imagine Project reúne artistas dos mais diversos quadrantes, preserva a identidade musical de todos os participantes e foi gravado em 7 países.
O que uniu a Herbie os Tinarwen, a brasileira Céu, os irlandeses The Chieftains, Dave Mathews, Anouska Shankar, Seal, a irreverente Pink, Juanes, a inimitável Chaka Khan e o jovem James Morrison? Um esforço comum pela paz, tolerância e respeito pelo planeta.
O álbum valeu-lhe a distinção de ser o segundo músico de jazz a vencer o 'Grammy' para Álbum do Ano. O primeiro foi Stan Getz (1965) quando se juntou a João Gilberto no LP 'Getz/Gilberto' (1964).
Bem, depois de algumas hesitações, entre dois temas, decido-me por 'Don't give up', reinventado por Pink e John Legends. Fabulosos!
"The Imagine Project is a 21st century Love-In, complete with psychedelia (Dave Matthews singing The Beatles's Tomorrow Never Knows and some groovy, good-time peace and love - singer Susan Tedeschi and slide guitarist Derek Trucks, stretching out on "Space Captain," made famous by Joe Cocker. Peter Gabriel's gentle "Don't Give Up" retains its writer's world interests in a duet partnering pop megastar Pink and R&B singer John Legend, but with some tasty contributions from guitarist Jeff Beck ."
G-S
Fragmentos Culturais
19.12.10
Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Já ouvi outras referências de que foi um magnífico concerto.
ResponderEliminarGOSTEI DESTE LUGAR
ResponderEliminarPor aqui, como sempre, respira-se cultura e ler-te é um prazer indiscutível.
ResponderEliminarBem-hajas!
Quando passeio neste jardim, sinto sempre que estou rodeada por uma fina e delicada selecção de fragmentos culturais.
ResponderEliminarQue posso dizer deste seu apontamento? Apenas que Portugal seria maravilhoso se existissem mais Casas da Música e que o mundo seria incomensuravelmente mais belo se existissem mais Hancocks.
Confesso que invejo a sua disponibilidade e as oportunidades que tem para desfrutar de momentos culturais de tamanha qualidade.
E a propósito do seu registo segundo o qual esta época não é, para si, de grande extroversão, sinto que esta azáfama do Natal e mesmo os cânticos natalícios que nos invadem nas ruas, constituem, para muitas pessoas que se encontram numa fase menos boa, e, por isso, triste, das suas vidas, uma verdadeira afronta. (A palavra foi, neste contexto, utilizada, um dia, pela minha mãe, e achei-a muito feliz.)
Passo para deixar os votos interiores de um Natal com Paz, independentemente da concepção que se tenha dele.
ResponderEliminarCom amizade
Lobinho
Afinal escreveste... e muito bem, gostei do post.
ResponderEliminarQuerida amiga, desejo-te um Natal muito feliz, na companhia dos que mais amas.
Beijos.
... foi mesmo, 'pinguim'! Um concerto inolvidável!
ResponderEliminarE a simpatia e a simplicidade de Hancock e seus músicos enfatizaram ainda mais essa noite de prazeres musicais!
... mas que bom, Martha! Espero voltar a 'ler' a sua presença...
ResponderEliminar... por aqui tenta-se 'enriquecer' o espírito e a alma, 'Isamar' ! A sede dos saberes foi sempre constante...
ResponderEliminarMas ler-te em 'fragmentos' é também uma grande alegria! Muito me sensibilizas com tuas amistosas palavras!
Um beijo,
... uma coisa que me choca, é ver a Casa da Música encerrada na noite de 31 de Dezembro.
ResponderEliminarTodos sabemos que os melhores centros musicais do mundo fazem concertos de fim de ano!
Não sei por que razão a Casa da Música não adere a esta corrente...
Para mim, Isabel, acima do cansaço diário, está o prazer estético da mente!
E quantas vezes saio com a convicção que deveria ficar em casa, mas depois, face ao que me é dado presenciar e ouvir, dou por bem tal vontade.
São raros os espectáculos que me decepcionam e... no entanto, depois de Herbie Hancock, houve um concerto que me trouxe esse sentimento! As referências musicais e culturais eram excelentes - David Murray e Omara Portuando! Um concerto que tinha tudo para dar certo, mas... virou um concerto 'popularucho', no sentido inestético-musical do termo. E no que concerne Murray, esse movimento quase não foi merecido! É um excelente saxofonista! Saí antes de o concerto terminar.
Quanto à época de Natal, é efectivamente um momento algo difícil para mim...
As suas palavras amigas sempre me sensibilizam, Isabel! Só posso agradecer, muito!
... retribui-os com muita amizade, querido Daniel!
ResponderEliminarA minha concepção não deve andar longe da tua... talvez eu me exprima de modo diferente e tenha uma visão mais universalista de fé... não sei!
Bom Ano, amigo!
...escrevo sempre, Nilson! Apesar de tudo...
ResponderEliminarNatal é um momento muito especial. Um momento de interioridade que se tem perdido um pouco...
Muito sensibilizada! Retribui teus votos com amizade!
Bom Ano!
Um beijo,