Cadénas d'amour, Pont des Arts, Paris
créditos : Getty Images
Paris tornous-se a cidade do amor. Veneza ficou na história da literatura, embora mantenha uma simbólca muito especial.
Mas Paris tem mesmo aquela aura de enamoramento que, mesmo sem querermos, sentimos quando passeamos por certas ruas de Paris. Não sei. Talvez as belas histórias de amor que o cinema nos tem feito viver, despertasse esta paixão. Midnight in Paris de Woody Allen mantém vivo esse fascínio.
Mas também há a história cultural. Grandes pensadores, artistas, escritores, músicos viveram ou passaram por Paris.
Mas também há a história cultural. Grandes pensadores, artistas, escritores, músicos viveram ou passaram por Paris.
E depois havia aquele mítico lugar de culto. Pont des Arts. Pont des Arts que passou a ser visitada mais para selar juras de amor eterno do que propriamente pela arte.
Cadénas d'amour, Pont des Arts
Confesso. Eu própria não resistia a por lá passar, sempre que ia a Paris. Sem dúvida, minha cidade preferida. Embora tenha gostado muito de Roma.
Paris tem sempre tanto para ver! A arte envolve-nos, mesmo que revisitemos os locais mais tradicionais do roteiro cultural. Há sempre novas exposições, novas sinergias. E o contraste cada vez mais frequente entre o clássico e o contemporâneo atrai-me profundamente.
E há a música. Nas salas da especialidade - oh! como estou desejosa de entrar na Philharmonie de Paris - nas igrejas, capelas. Sim. Em cada igreja, pequena capela, concertos em vários dias da semana. Locais de culto para ouvir música. Adoro a paz que se sente nesses espaços ao fruir da música.
Bom, perdia-me já nas minha cogitações sobre Paris, quando o tema é cadénas d'amour.
Os títulos dos medias causaram impacto a nível mundial. "Les cadenas, c’est fini sur le Pont des Arts". Todos os enamorados que lá selaram seus amores com um cadeado alvoroçaram-se. Que vai ser das suas promessas?
Pois é. Desde o passado dia 1 Junho, a mairie de Paris fechou a ponte por uma semana para remover todos os cadeados lá pendurados.
Cadénas d'amour, Pont des Arts
Símbolos metálicos demasiado pesados para a velha ponte - 45 toneladas e perto de um milhão de cadeados presos nas balaustradas, colocados por turistas amorosos do mundo inteiro - foram retirados integralmente desde o início de Junho. Pont des Arts manteve-se encerrada durante uma semana.
Claro que o anúncio da limpeza deste lugar 'sagrado' para os apaixonados do mundo inteiro, suscitou muitas reacções desfavoráveis, vindas de todo o mundo.
Por um lado, os românticos deploravam: "grand symbole jeté à la poubelle", outros "un bout de patrimoine qu’on enlève". Ainda alguns viam nesse ritual "œuvre artistique urbaine". Enfim, não deixa de causar tristeza.
Cadénas d'amour, Pont des Arts
Para reconfortar os enamorados inconsoláveis, Paris, pela voz do responsável pela Cultura, deu "carte blanche à des artistes du street-art de renommée internationale" para embelezar os tabiques provisórios que foram instalados até que os novos painéis de vidro sejam colocados no início do outono, evitando aasim novos cadénas d'amour.
Segundo as entidades oficiais, quatro artistas que participaram na experiência da célebre Tour Paris 13, via Galerie Itinerrance foram convidados.
Entre os artistas de street art que os parisienses e turistas vão poder admirar as obras, está o português Pantonio.
créditos : Joël Saget | AFP
Pantonio, street-art artiste, Portugal
Estes quatro artistas internacionais de street art, Brusk, Jace, El Seed e Pantonio criaram painéis sob a temática do amor em Paris.
Pont des Arts deve ter sido reaberta ao público no dia 8 Junho. Sem cadénas d'amour. Mas o responsável da Cultura quer que Paris preserve a imagem de cidade dos enamorados : "Nous souhaitons que Paris reste la capitale de l'amour et du romantisme".
Uma campanha de sensibilização, já iniciada em Julho de 2014, pedia aos apaixonados que testemunhassem o seu amor apenas fazendo 'selfies' junto dos cadénas d'amour, na Pont des Arts. E foi-lhes proposto que as publicassem no Twitter, accompanhadas do hashtag @lovewithoutlocks (amour sans cadenas).
E afinal que vai ser feito de tantas juras de amor, perdão, cadénas d'amour? Paris não sabe ainda muito bem o que fazer com as toneladas de cadeados retirados, mas por agora serão guardados "en vue de leur réutilisation pour un nouveau geste romantique".
cadénas d'amour, pont des Arts
Guardemos então estas imagens na nossa memória poética, já que Paris perdeu estes testemunhos vivos de amor eterno.
E relembrei o poema belíssimo de um dos poetas franceses que mais admiro. Guillaume Apollinaire que descreve assim o encanto das pontes de Paris.
Le Pont Mirabeau
Le Pont Mirabeau
Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine
Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure
Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l'onde si lasse
Vienne la nuit sonne l'heure(...)
Les jours s'en vont je demeure
Guillaume Apollinaire, Pont Mirabeau*
in Alcools, 1913
1ª publicação Fev. 1912
Fragmentos Culturais
G-Souto
13.06.2015
Copyright © 2015-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
envolvente texto. de uma nostalgia doce e terna
ResponderEliminarcomme les jours qui s'en vont ...
beijo
Un peu...
ResponderEliminarNão senti essa nostalgia quando escrevi. Mas se me leste assim, nostálgica, talvez, quem sabe?
Dizia um escritor que agora não lembro ou não quero induzir em erro... qualquer coisa neste sentido : Quem faz o que escrevemos, são os leitores.
Longe de mim querer comparar-me a um escritor. Mas vem de encontro ao que em mim pressentiste.
Beijo, Herético