Philip Glass | João Messias
Casa da Música
Foi no dia 25 Maio 2011. A sala Suggia estava cheia. Até o coro foi aberto ao público, tal a dimensão do concerto. Foi daí que pude ouvi-lo, quase numa posição intimista, de tal modo a proximidade.
Philip Glass entrou no palco à hora certa. Sala Suggia silenciosa, fervorosa.
No ano em que a Casa da Música tem por país temático, os Estados Unidos, Glass teria que ser presença obrigatória. É um dos mais famosos compositores e pianistas do século XX. Rotulado como minimalista, Glass considera que isso só até 1976.
Uma profunda formação em jazz, e fortes influências de países asiáticos, em particular da Índia. Estudou com Ravi Shankar, também ele uma referência do século XX, o Guru de muitos outros célebres músicos. George Harrison (Beatles) é um deles.
Porém, essas diversas influências não impedem que confesse sentir que a sua própria música “soar muito americana”.
Philip Glass entrou no palco à hora certa. Sala Suggia silenciosa, fervorosa.
No ano em que a Casa da Música tem por país temático, os Estados Unidos, Glass teria que ser presença obrigatória. É um dos mais famosos compositores e pianistas do século XX. Rotulado como minimalista, Glass considera que isso só até 1976.
Uma profunda formação em jazz, e fortes influências de países asiáticos, em particular da Índia. Estudou com Ravi Shankar, também ele uma referência do século XX, o Guru de muitos outros célebres músicos. George Harrison (Beatles) é um deles.
Porém, essas diversas influências não impedem que confesse sentir que a sua própria música “soar muito americana”.
No programa, trinta anos de composição, cinco temas com direito a dois 'encore' que foram interpretados sem interrupção. Apenas breves introduções do pianista. Mas com simplicidade e simpatia.
Glass tocou Six Études (1994-1999), Mad Rush (1980), Metamorphoses - obra baseada em Kafka (1989), Dreaming Awake (2006), Wichita Vortex Sutra (1990). Voltou para dois encore previamente anunciados.
Audiência rendida durante cerca de hora e meia num ambiente intimista, apesar da dimensão do auditório. Sonoridades repetitivas, quase minimalistas, que me remeteram alguma vezes para Bela Bartok - um dos contemporâneos ditos eruditos - e rasgos discretos que apelaram à emoção dos que apreciam a música no seu estado mais puro. Um todo contrastante, sempre belíssimo.
"Mad Rush" foi talvez o momento mais alto. Philip Glass levou o público a aplaudir de pé com intenso apreço.
Outro momento forte? A última peça do programa. Philip Glass interpretou "Wichita Vortex Sutra". Das colunas, uma gravação com a voz de Allen Ginsberg a recitar o poema com o mesmo título - uma reflexão anti-guerra dos anos 60 - musicado ao vivo pelas mãos Philip Glass, num encadeamento perfeito entre palavra e som. Encantamento apenas minimizado pelas condições acústicas junto ao Coro.
Para quem estava no coro, um momento difícil! O som das palavras rodava a sala e chegava distorcido, devido talvez à barreira de vidro. Apenas se captaram algumas palavras soltas numa amálgama de sons.
Uma falha grave, dado que a Casa da Música, ao abrir o Coro, deveria ter testado o som e prevenido tal distorção e a impossibilidade de se captar o todo em excelentes condições acústicas. Até porque o músico ensaiou na sala que considera "um novo espaço lindo".
Mesmo assim, a noite foi esplendorosa na simplicidade de um grande concerto. Ùnico. O encore só prolongou o que todos sentiram. A viagem pelo piano conduzida por Philip Glass foi profundamente recompensadora.
"Mad Rush" foi talvez o momento mais alto. Philip Glass levou o público a aplaudir de pé com intenso apreço.
Outro momento forte? A última peça do programa. Philip Glass interpretou "Wichita Vortex Sutra". Das colunas, uma gravação com a voz de Allen Ginsberg a recitar o poema com o mesmo título - uma reflexão anti-guerra dos anos 60 - musicado ao vivo pelas mãos Philip Glass, num encadeamento perfeito entre palavra e som. Encantamento apenas minimizado pelas condições acústicas junto ao Coro.
Para quem estava no coro, um momento difícil! O som das palavras rodava a sala e chegava distorcido, devido talvez à barreira de vidro. Apenas se captaram algumas palavras soltas numa amálgama de sons.
Uma falha grave, dado que a Casa da Música, ao abrir o Coro, deveria ter testado o som e prevenido tal distorção e a impossibilidade de se captar o todo em excelentes condições acústicas. Até porque o músico ensaiou na sala que considera "um novo espaço lindo".
Mesmo assim, a noite foi esplendorosa na simplicidade de um grande concerto. Ùnico. O encore só prolongou o que todos sentiram. A viagem pelo piano conduzida por Philip Glass foi profundamente recompensadora.
Todos aplaudimos de pé, o talento do compositor que, em gestos simples agradeceu, não esquecendo nunca de se virar para o público que esteve no Coro.
Encore não seria preciso para confirmar um grande concerto, mas até isso nos ofereceu. Só mesmo para prolongar a viagem pelo piano com Philip Glass.
Como curiosidade, Philip Glass é o compsitor de bandas sonoras de filmes inesquecíveis, como As Horas ou O Ilusionista, entre outros.
G-S
Fragmentos Culturais
19.06.2011
Copyright © 2011-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Créditos: video RTP | 26.05.2011
Foram com certeza lindos momentos com uma figura tão marcante!
ResponderEliminarQuando se assiste a um concerto destes fica-se com a sensação (real) de que se viveu um momento alto da vida.
ResponderEliminarJá me aconteceu várias vezes no passado: Rubinstein, Karajan, Fonteyn e Nureyev...
Como gostaria de ter assistido!!!!
ResponderEliminarQue tenha sido, como nos contas, uma EXCELENTE NOITE de MÙSICA!!!
Para não ficar muito "infeliz" vou ali buscar uns CD's já antigos...mas LINDOS!!!!
UM BOM FERIADO, "Fragmentos"!!!!
Bjs
Adoro a música de Philip Glass em geral mas a peça "Dead Thinks" com piano e orquestra, provoca em mim a sensação de estar a ouvir uma miniatura dum nocturno de Chopin.
ResponderEliminarÉ lamentável que estas benesses sejam só para Lisboa e Porto; depois falam em assimetrias... pudera!
Um Beijo e parabéns por teres a felicidade de assistir ao concerto
Bom fim de semana.
Querida Fragmentos Culturais:
ResponderEliminarEm primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer as suas palavras gentis em "Luz de África", das quais não sou merecedora.
Gostei de ouvir o Philip Glass dizer que, numa sala como aquela, se estabelece uma relação intimista entre ele e o público, pois entre ele e o público só existe a música. Achei uma ternura e sinto que estava a ser sincero.
Um abraço muito grande.
Pelo que contas deve ter sido um bom momento! gosto da música de Philip Glass mas nunca tive o prazer de assistir a um espectáculo dele ao vivo.
ResponderEliminarBjs
Quem me dera ter estado lá...
ResponderEliminarQuerida amiga, boa semana.
Beijo.
Um momento inesquecível, sublime, raro pelo que contas. Só lamento não ter estado a assistir. Hora e meia, 90 minutos, no paraíso. Quem me dera! Mas tu, como sempre, fizeste uma descrição tão empolgante como o espectáculo.
ResponderEliminarBeijinhos
Bem-hajas!
Confirmo, a banda sonora d"O Ilusionista" é belíssima...
ResponderEliminarbeijo.
ResponderEliminarprazer ler.te. sempre...
... foram mesmo belos momentos 'mfc'
ResponderEliminarBoa semana!
É isso! Momentos únicos, João! Que se tentem descrever, mas como estão associados a sentimentos, difícil!
ResponderEliminarBelas paisagens tens no teu 'imaginário' ligadas à música e ao bailado!
Boa semana!
Terias gostado mesmo! E teria tido todo o prazer em conhecer-te, 'Avelaneira' :)
ResponderEliminarFoi uma noite de música muito especial! Intimista como o piano a solo inspira!
Não duvido que os teus 'CD's velhinhos' te tenham proporcionado sensíveis momentos!
Excelentes férias :)
Também eu, Vítor| Também eu!
ResponderEliminar"Dead Thinks"... suponho que faz parte da banda sonora do filme 'As Horas'! Sim, é muito belo! Tem sim, laivos de Chopin.
Como te compreendo! E eu que já me queixo tanto das disparidades com Lisboa!
Vou começar a ter mais cuidado :)
Sim, sinto-me muito feliz por ter partilhado este momento de Philip Glass. Inesquecível!
Boa semana!
Um beijo
Querida Isabel,
ResponderEliminarSe as escrevo... é porque as sinto! Pode crer...
é assim que eu sou! E é certo que escreve muito bem!
Eu também adorei ouvir Philip Glass nesta entrevista! É que perante a plateia, foi muito sóbrio!
E percepcionar que o pianista sentiu a mesma intimidade que os seus admiradores-ouvintes, é muito sensível da sua parte! Fiquei com essa impressão de sinceridade, também!
Linda semana!
Um beijo
(como lamento o desencontro...)
Sim, sem dúvida, 'Lilá(s)! Foi um momento quase 'divino'.
ResponderEliminarEu própria nunca tinha imaginado que essa possibilidade me seria dada!
Só posso sentir-me feliz!
Boa semana!
Um beijo
... terias fruido de um momento único, Nilson!
ResponderEliminarBom ver-te de volta a 'fragmentos'! Sensibilizada!
Boa semana!
Um beijo
'Um momento inesquecível, sublime, raro...' e que eu, por muito que tenha tentado descrever, não consegui passar o mais belo, 'Isamar'!
ResponderEliminarSentimentos únicos são difíceis de por em palavras, não achas?
Terias gostado, muito! Sairias com a alma cheia!
Linda semana!
Um beijo
Linda mesmo, Miguel! E o filme também é belíssimo!
ResponderEliminarBom ver-te de novo em 'fragmentos'!
... e tu sempre 'atento' e tão afável!
ResponderEliminarBeijo, 'Herético'!
O autor da foto de P. Glass é Joao Messias, não Miguel Messias :-)
ResponderEliminarReposição da verdadeira identidade do fotógrafo feita :-) Lamento só hoje fazê-lo, mas ao rever a publicação, é que vi seu comentário que agradeço.
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