quinta-feira, 10 de julho de 2014

Falemos de cinema em tempo de verão !





Words & Pictures 
Fred Schepis, 2013


Cinema. É bom voltar a falar de cinema. Escrevi sobre cinema a propósito do Festival de Cannes, em Maio passado, e em Fevereiro sobre a cerimónia dos Oscars. E depois, devo recuar até Agosto 2013 para falar de cinema


Tanto tempo sem ir ao cinema ? Não. Impossível. Vou sim. Como vou a um bom concerto, ou oiço um CD, enquanto leio o livro do momento. Livros, outro em falta, nos últimos tempos.


Tal como em cinema, também na leitura procuro coisas mais leves em tempo de verão. Preciso de tudo mais leve, para me deliciar com o esplendor da minha estação favorita. 


Bom, estava eu a falar de cinema. Sempre que posso, lá estou. Perdida em mim, desfazendo-me do quotidiano, em frente a um grande ecrã. O cinema transmite-me bem estar, intimidade, tranquilidade (sempre que é possível - há alguns espectadores que supõem estar no prolongamento do seu sofá da sua sala de estar pelas conversas em alta voz, outros que não tiram o som aos telemóveis - mas regra geral, na sessão horária que mais me apraz, esses 'intrusos' são menos.





Words & Pictures 
Fred Schepis, 2013


Os filmes foram desfilando em cartaz! E eu deliciando-me, como quem deixa fluir a vida a um ritmo de magia em diferentes momentos que vão passando na tela.


Foram bastantes os filmes que vi, desde a última vez que abordei o tema cinema. Fico-me, no entanto, pelos mais recentes. E mais leves, como convém a esta época.


Começo pelo que vi sábado passado. "Por falar em amor", sim, título original Words & Pictures (2013), com Juliette Binoche e Clive Owen. Dois actores que aprecio muito, especialmente Juliette Binoche. Suponho que ainda não vi nenhum filme com Binoche que me desagradasse.


"Stronger than world, more powerful than pictures is the ability to inspire."








O filme tem como cenário de fundo uma discussão em formato de 'guerra' de sexos sobre Literatura e Artes - palavras vs. imagens - e claro, vai de frente cair no amor, o que é sempre encantador. 


Fala de 'bons professores', daqueles que têm alma para motivar os alunos, da devoção ao ensino que produz resultados surpreendentes, tornando-se fonte de motivação para os alunos, capaz de os fazer despertar da sensaboria, da superficialidade das sms, e do mau uso das redes sociais. o todo cruzando-se com utopias pessoais, o envolvimento de duas pessoas (e dois mundos) que, afinal, se complementam.


Esta interligação entre palavras e imagens faz de um argumento quase banal, alguns clichés - colagens a Clube dos Poetas Mortos, com o inesquecível Robin Wiiliams, ou a Pollock -, uma comédia excelente, mesclada de melodrama. 


Momentos de indelével boa disposição, diálogos sugestivos. E boas interpretações.








Grand Budapest Hotel, um filme delicioso de Wes Anderson, realizador muito criativo, baseado em escritos do romancista vienense Stefan Zweig, um escritor austríaco (Vienna, Austria-Hungary) e interpretado por actores de excelência, Ralph Fiennes. Edward Norton, William Dafoe, Harvey Keitel, Jude Law, Tilda Swinton, Mathiew Amalric, entre muitos outros. Personagens que dificilmente encontrarão tão sugestivas, e inesperadas.


Uma comédia de época e de costumes, com uma centelha de mistério, plena de humor, bem divertida, num décor de grande hotel de luxo do final de século XIX. Um filme que nos deixa sair soltos, divertidos, bem sorridentes.









Yves Saint-Laurent
Jalil Lespert, 2014


Yves Saint-Laurent, um filme biográfico, de Jalil Lespert, baseado na vida e na obra de um dos maiores e mais famosos estilitas da Alta-Costura Francesa. Talvez o mais arrojado e inspirado criador de moda do mundo, no século XX.


Era, no entanto, fora do sua geniosidade e inpiração, um homem frágil, preso a grandes vulnerabilidades, algumas das quais não teria sido necessário revelar no filme, apesar de autorizado por Pierre Bergé, seu companheiro de vida e de vida profissional. 


Sabem que sou contra divulgação da intimidade de pessoas, sem autorização das mesmas, ainda em vida. Ter a certeza que estariam de acordo, após sua morte. Duvido que Saint-Laurent na sua íntima timidez o tivesse desejado.


Pierre Bergé é interpretado pelo fabuloso actor Guillaume Gallieni e pelo menos conhecido Pierre Niney mas com excelente interpretração no papel de Yves St-Laurent.






Yves Saint-Laurent | Pierre Niney


A maior valia do filme: Paris na época, de Saint-Laurent, anos 50, as suas criações míticas, peças do génio retiradas dos seus arquivos (croquis, desenhos) e alguns objectos da sua célebre colecção de arte.

Tenho que admitir que alguns desfiles são lindíssimos, pela estética com que Saint-Laurent se exprimia em muitas das suas criações. 

Um filme bem feito que tenta ser autêntico. Já para não falar na sua valiosa colecção de arte, vendida em leilão, há poucos anos.

"It's incredibly moving and extremely insightful into the life of a troubled artist."

Outro registo, totalmente diferente. Um filme leve, super bem disposto, com lindos cenários naturais, Paris, Nice, para uma boa tarde de verão.





The Love punch
 Joel Hopkins, 2013


"You can pinch a diamond without stealing a few hearts."

Golpe de Amor, tradução de The Love punchdo premiado realizador Joel Hopkins nos BAFTAé, por excelência, uma divertídissima comédia com Pierce Brosnam e Emma Thompson, actores que dispensam qualquer tipo de apresentação. 


Passado entre a cativante cidade de Paris e a bonita Côte d'Azur, bem mais sugestiva em filme do que in loco (actualmente)e com um happy end de moralidade social, em relação a situações que, infelizmente, nos atingem tanto nos dias de hoje.









Tirando um célebre cliché do clássico de Hitchcock, Ladrão de Casa, Golpe de Amor é uma comédia fresca, com várias cenas hilariantes. Os dois actores são imbatíveis. E Emma Thompson é uma verdadeira revelação neste género de 'golpista' bem intencionada. Como a actriz afirmou, a propósito, a sua 'alma de clown' despertou claramente.


E por hoje, fico-me com "A Mamã, os Rapazes, e eu!", título orignal, Les Garçons et Guillaume, à table!, adaptação cinematográfica de uma peça homónima de Guillaume Gallienne, da Comédie Française.


"Drôlissime"



Les Enfants, et Guillaume, à Table ! 
Guilaume Galienne, 2013


"Tinha quatro ou cinco anos de idade quando a minha mãe me deu o seu primeiro presente. Quando ela nos chama para o jantar, a mim e aos meus dois irmãos,  ela diz "Rapazes e Guilherme, para a mesa!" e a última vez que falei com ela ao telefone ela desligou dizendo "Um beijo, querida"; mas a verdade é que entre estas duas frases há alguns mal-entendidos."

Tordant, Génial, Hilarant !
Le Point.fr

São apenas curtos apontamentos. Deixo a descoberta para os leitores interessados.


Não me posso queixar. Há bom cinema europeu nas salas comerciais, neste verão inseguro, em que os dias frescos se entrecruzam com dias de temperaturas muito mais apetecíveis. Como as de hoje.


Sem retirar nada ao prazer de passear ao ar livre, em final de tarde, dê um salto ao cinema e descontraia.


"I think cinema, movies, and magic have always been closely associated. The very earliest people who made film were magicians."

Francis Ford Coppola


G-S

Fragmentos Culturais

10.07.2014

Copyright © 2014-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®


9 comentários:

  1. Está decidido. Vou a cinema.
    Grato pela sugestão e... "empurrão". :)

    Tudo de bom.

    ResponderEliminar
  2. Que bom, "ver" um blog falar de (bom) cinema.
    Eu sou um preguiçoso e ao mesmo tempo um privilegiado.
    Quase nunca vou ao cinema, mas tenho um bom plasma em casa e um amigo generoso que tem um contrato com um "site" que "põe cá fora" e com bastante rapidez os melhores filmes que vão aparecendo. Ora esse amigo deu-me a sua password de acesso ao site e assim acedo aos filmes de borla (quem paga mensalmente é ele) e faço os downloads em 15 minutos, tudo legendado em português.
    Outros filmes há, menos comerciais que vou tirando do e-mule ou via Torrents e assim tenho uma enorme quantidade de filmes para ver, que só rivaliza com a pilha de livros a ler.
    Mas vou-os vendo e da lista que aqui trazes, dois já os tenho:Grande Hotel Budapeste e A mamã, os rapazes e eu.
    Os outros hão-de aparecer.
    haja bom cinema.

    ResponderEliminar
  3. gosto de cinema e da "intimidade" estranha das salas cinema...

    e das tuas sugestões sempre preciosas...

    beijo

    ResponderEliminar
  4. gosto de cinema. e da "intimidade estranha" das salas de cinema.

    e das tuas sugestões - sempre preciosas.

    beijo

    ResponderEliminar
  5. Bom, eu adoro 'empurrar' pessoas para irem ao cinema, 'aflores'.

    E fico contente em saber que vais aproveitar alguma das minhas dicas.

    Depois me dirás...

    Tudo de bom !

    ResponderEliminar
  6. Tu sabes, João, que não troco uma sala de cinema por um sofá em casa, mesmo com bom ecrá e bom sistema sonoro?

    Falta- me o ritual...

    Mas tem sorte em ter amigo assim !
    O e.mule ainda existe? Supus que tivesse acabado. Conhecia-o mais pela música, no entanto.

    Tens acesso rápido aos novos filme 'Grand Budapest Hotel' 'Les enfants, et Guillaume, à table !

    Outros se sguirão rapidamente.

    ResponderEliminar
  7. Compreendes, não é memo Herético :-)

    A intimidade estranha das salas de cinema fazem parte do pedaço de magia que desfila perante o nosso olhar.

    Hum! Muito feliz por gostares das minhas sugestões.
    Não sei se preciosas, mas que me dão bem estar e transmitem boas energias, lá isso...

    Beijo

    ResponderEliminar