segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Paisagens discordantes ?




serie Manuscrito del horizonte
Juan Bautista Morán

O murmúrio das gotas de chuva saltitando nas vidraças fazem de volta as noites invernosas, atravessando tempos sazonais. 

O Outono adentrou-se abruptamente e virou Inverno! Este impõe-se com um autoritarismo desmesurado, deixando paisagens inóspitas nos olhos ainda cheios dos finais de tarde, em que a luminosidade bailava em subjectivas formas de poesia. 
Quando se percorre uma estação de sol acariciador, num grito de vida, recuamos e dizemos Não! - aos brumosos dias de chuva, às frias noites que desconfortam nossa alma e nos perseguem, e escorraçam das ruas tingidas pelas luzes dos faróis. 


Carros salpicam de gotas enlameadas os nossos pensamentos ainda coloridos que se enchem de névoas esparsas. Ventos de um inverno sem limite despojam-se na cidade


A súbita realidade! Nem o doce quebranto da interioridade nos afaga em fragmentos de emoção!  Inadequação em horas tardias.


E a noite instala-se. Chuva solta nos vidros da janela. Apagam-se as luzes. Ponho estas reflexões no prato da imaginação, e a sua voz apazigua as paredes da alma num tempo discordante das paisagens intimistas.


O silêncio e a poesia por companheiros, numa música de fundo sem acordes.


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,

José Luís Peixoto, poesia


G-S
30.10.10
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