Nobel da Literatura 2024
via El Universal/ gu generación universitaria
"I’m so surprised and absolutely I’m honoured."
Han Kang
Contra a maioria das previsões, raramente assertivas, o Nobel da Literatura 2024 foi entregue à escritora Han Kang.
Entre alguns dos possíveis nomeados, estavam escritores que muito admiro. António Lobo Antunes, Salman Rushdie, Haruki Murakami, só para citar os que mais leio.
Já toda a gente, todos os media escreveram sobre o Nobel da Literatura 2024.Eu sei! Mas não quero deixar de escrever algo que me diz muito. O mundo do livros, E dos escritores.
Para mais o Dia Mundial do Escritor foi dia 13 Outubro. Há que celebrar quem nos enrique a alma, dando-nos um dos maiores bens. Os livros.
Pela primeira vez, uma escritora asiática foi premiada pela Nobel Academy! Han Kang, sul-coreana, já escreve desde 2004. Mas foi em 2015 que começou a ser conhecida no Ocidente, após a tradução em inglês do livro The Vegetarian em 2015. Tradução de Deborah Smith.
Publicado em Portugal pela Dom Quixote em 2016, após ter ganho o Man Book Prize. O livro fora escrito em 2007. Li o livro nas férias desse verão. Estava muito curiosa...
"A beautiful, unsettling novel about rebellion and taboo, violence and eroticism, and the twisting metamorphosis of a soul."
Um dos meus bons 'vícios' é passar pelas livrarias para folhear as novidades. Gosto do cheiro dos livros. E, quase sempre, compro um livro sobre o qual já lera algo. Ou apenas porque conheça o.a escritor.a.
Han Kang nasceu em Gwangju em 1970. Desde os dez anos de idade, cresceu em Suyuri, Seul, depois de a sua família se ter mudado para lá.
Estudou literatura coreana na Universidade Yonsei. Estreou-se literariamente como poetisa ao publicar cinco poemas, incluindo “Winter in Seoul”, na edição de inverno da Munhak-gwa-sahoe (Literatura e Sociedade) em 1993.
Começou a sua carreira como romancista no ano seguinte, vencendo o Concurso Literário da Primavera de Seul Shinmun de 1994 com “Red Anchor”. Publicou a sua primeira colecção de contos intitulada Yeosu (Munji Publishing Company) em 1995. Participou no Programa Internacional de Escrita da Universidade de Iowa durante três meses em 1998 com o apoio do Arts Council Korea.
"The author, who has never shied away from criticizing Korean culture, has also given South Korea its first Nobel Prize in Literature."
Ed Parks, The Atlantic, Books
Esta foi a capa que atraiu de repente meu olhar. Flores lindas... com um pedaço de carne no meio delas? Hum! Chamativa pelo nonsense, sem dúvida. Despertou-me múltiplos sentires. Peguei e abri ao acaso. Adoro o toque e o aroma do papel que vai saindo dos livros enquanto os folheamos.
Já lera que a autora ganhara o Man Booker Prize, Estou atenta às coisas de livros. E o Man Booker Prize é um prémio de renome internacional. Escolhi um dos exemplares, e li curtos excertos. Comprei.
“[Han] Kang viscerally explores the limits of what a human brain and body can endure, and the strange beauty that can be found in even the most extreme forms of renunciation.”
Li durante essas férias este seu primeiro livro editado em Portugal. Tinha toda a curiosidade em compreender.
Kang estivera na Feira do Livro do Porto 2017. Seria talvez a rara oportunidade de escutar uma das vozes mais originais da nova literatura. Não pude comparecer.
Veio falar das suas obras (saira há poucos dias o seu segundo livro, Actos Humanos) divulgando pormenores reais, e até mais intimos, do seu processo de escrita.
No entanto, pude ler uma entrevista com Hang Kang, no Expresso. Entendi melhor a dor e a violência das palavras de A Vegetariana, a que a autora juntou sensualidade, numa tridimensionalidade estoica acerca da situação da mulher numa sociedade conservadora.
Ela escreve expondo e despertando todos os sentidos a que dá muito ênfase na sua prosa. Sensações vividas. Imagens visuais, tácteis e auditivas, deixando-as passar atráves das suas palavras.
Um livro perturbador sobre tabu e revolta, violência e erotismo. A metamorfose da alma.
Apesar da escrita quase coloquial, um livro não muiro fácil, se não deixar passar tudo o que a escritora nos quer fazer sentir. Aconselho vivamente.
Não deixem de ler a entrevista na sua língua materna, traduzida e legendada em inglês. Este documento mostrou-me a sensibilidade da jovem mulher por trás da sua escrita.
Não voltei a lê-la. Apesar de já ter imensos livros publicados em Portugal. No entanto, ao percorrer a listagem dos seus últimos livros, há um que aguardo em 2025...