"Eis como se escuta a palavra de Deus: escuta com os teus ouvidos e ouve com o teu coração’’
Papa Francisco
Ainda ontem o vimos na varanda do Vaticano. O seu rosto e sua voz frágil já preconizavam a enorme debilidade do seu ser como homem, depois de um mês de internamento num hospital, em estado muito grave.
Voltou para o Vaticano há dias. Inspirava ainda grandes cuidados.
Mas ontem, domingo de Páscoa, quis vir despedir-se de nós! E deixou-nos a sua última mensagem. Dor, sofrimento.
Descanse em paz Santo Padre.
"Temos de recuperar a esperança dos jovens, ajudar os idosos, estar abertos ao futuro, espalhar o amor. Ser pobres entre os pobres. Precisamos de acolher os excluídos e de pregar a paz"
“In my case, literature is a kind of revenge. It's something that gives me what real life can't give me - all the adventures, all the suffering. All the experiences I can only live in the imagination, literature completes.”
Mario Vargas Llosa
Mario Vargas Llosa morreu ontem, dia 13 Abril, em sua casa em Lima, Peru, onde vivia desde 2022.
"O seu génio intelectual e o seu vasto conjunto de obras permanecerão como um legado eterno para as gerações futuras".
"Vargas Llosa was a significant figure in Latin American literature and culture. His extensive body of work includes over 30 novels, as well as plays, essays, literary critiques, and journalism. His writing reflects his deep love of storytelling, characterised by rich language and spanning a variety of genres—from autobiographical books and historical novels to erotic fiction and thrillers."
He was awarded the 2010 Nobel Prize in Literature “for his cartography of structures of power and his trenchant images of the individual's resistance, revolt, and defeat.”
Depois de nomes bem menos conhecidos do grande público, como a alemã Herta Müller(2009), o francêsJean-Marie Gustave Le Clézio(2008), a inglesa Doris Lessing (2007), o turco Orhan Pamuk (2006) e o britânico Harold Pinter (2005), este ano, a Academia optou por um nome mais conhecido do grande público.
"Vargas Llosa não era um dos principais suspeitos - entre os nomes mais falados para o prémio encontravam-se por exemplo Cormac McCarthy, Tomas Tranströmer e Alice Munro. Uma vitória de Transtörmer entregaria o prémio a um poeta pela primeira vez desde 1996, ano em que venceu a polaca Wislawa Szymborska. O último autor de língua espanhola a receber o Nobel tinha sido o mexicano Octavio Paz, em 1990."
Sapo/Lusa
Mario Vargas-Llosa, nascido em Arequipa, Peru, em 28 de Março de 1936, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, foi também político, jornalista, ensaísta e professor universitário.no Peru em 1936. Tem nacionalidade espanhola desde 1993. Além de romancista, e jornalista é crítico de arte.
O seu trabalho mereceu já os prémios Principe de Asturias (1986), Planeta (1993), Cervantes (1994), entre outros. Lecciona actualmente na Universidade de Princeton.
Vargas Llosaé autor de obras como "A tia Júlia e o Escrevedor", "Conversa n'A Catedral", "A Guerra do Fim do Mundo", "Elogio da Madrasta", o livro de memórias "Como peixe na água".
Deste autor lembro ter lido "Carta a um Jovem Romancista" e "Tia Júlia e o Escrevedor".
"Através destas cartas, Mario Vargas Llosa fala-nos com grande lucidez da arte de narrar, da vocação literária e do exercício dessa vocação. Nesse sentido, discorre sobre o poder de persuasão das histórias, o estilo, os vários tipos de narrador, o espaço e o tempo, os níveis de realidade, a estrutura do romance, a autenticidade e a eficácia da escrita e, claro, a coerência interna da narrativa, que emana da própria linguagem.Uma demonstração de sabedoria e experiência, ilustrada por inúmeros exemplos de escritores e romances..."
Como professora de Literatura e aprendiz de 'escrevinhar', gostei bastante da leitura deste livro. Muito enriquecedor de saberes.
No entanto considerei muito original o úlimo. Leituras e perspectivas diferentes.
Em Novembro de 2010 a Quetzal publicou o seu romance El Sueño del Celta - "O Sonho do Celta", baseado na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico no Congo Belga do início do século XX, um profundo defensor dos direitos humanos.
"Acérrimo defensor dos direitos humanos ‹ como também o comprovam os relatórios que redigiu durante a estadia na Amazónia peruana - militou activamente, no fim da sua vida, o nacionalismo irlandês, acabando condenado à morte por traição e executado."
O livro foi editado em Espanha e nos países latinos de língua castelhana no dia 3 de Novembro 2010, mas em Portugal, a data da edição era ainda desconhecida.
Suponho que com a nomeação do Nobel, a sua editora terá apressado a edição em língua portuguesa.
"Mario Vargas Llosa recebeu o 103.º Prémio Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901. É o 11.º autor de língua espanhola a receber a distinção, depois de laureados como Camilo Jose Cela (1989), Gabriel Garcia Marquez (1982), Pablo Neruda (1971) ou Gabriela Mistral (1945). O autor de língua espanhola que mais recentemente venceu o Nobel literário foi o mexicano Octavio Paz, em 1990."
Publico/Cultura
O New York Times/Books também lhe dedicou um artigo muito interessante que poderá ser lidoaquiEu destacaria esta expressão de Llosa:
“The Inquisition forbade the novel for 300 years in Latin America. I think they understood very well the seditious consequence that fiction can have on the human spirit.”
Mais tarde, li A Civilização do Espectáculo. Que radiografia profunda da sociedade actual onde a "banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são sintomas de um mal maior que afecta a sociedade contemporânea."
Para ler ! Profundamente actual, apesar de escrito há mais de 15 anos. Que antevisão !
"Every year, we arrive at the Oscars somewhat exhausted by the monthslong awards season, which this year involved a controversial front-running film, the plentiful problematic tweets of its lead actress, and precursor awards and voting windows that had to move dates due to the catastrophic L.A. wildfires. Now, it’s time to down that second cup of coffee, because Oscar night is here, and it’s the most uncertain race in years. What we do know is that Conan O’Brien is hosting for the first time"
Agora, é tempo de tomar uma chávena de chá e afundar no sofá porque chegou a noite dos Oscars.
A corrida à estatueta é talvez a mais incerta de há muitos anos. Certo é que quem vai apresentar a cerimónia de 97th Academy Awards 2025! Conan O’Brien ! Pela primeira vez.
A noite consagrou Ainda Estou Aqui com o Óscar para Melhor Filme Internacional. Baseado na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva, recentemente publicada em Portugal, o filme narra o drama da família do engenheiro e político Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, e a luta da sua mulher, uma advogada que se torna activista, e uma voz incómoda para o regime.
O percurso triunfante da longa metragem de Walter Salles começou com uma longa ovação na estreia do Festival Cinema de Veneza, 2024, e culminou com a estatueta dourada em Hollywood. É a primeira vez que um filme brasileiro conquista um Oscar.
“Sou uma pessimista por natureza”, reagiu, dizendo que esperava não ganhar. E revelou que já se considera “mais do que feliz” com o Globo de Ouro arrecadado em Londres.
Vi o filme! E considero a intepretação de Fernanda Torres fabulosa. Um filme a não perder!
Zoe Saldaña, winner of best supporting actress for "Emilia Pérez," at the 97th Oscars.
Na boa tradição dos Oscarsda Academia, o apresentador, Conan O’Brien, não perdeu a oportunidade de fazer uma piada sobre a actualidade política. Faz parte da cerimónia.
“Anoraestá a ter uma boa noite”, começou. “São boas notícias. Duas vitórias já. Acho que os americanos estão entusiasmados por finalmente verem alguém fazer frente a um senhor poderoso”
Realizador, actores no palco para o discurso de agradecimento
credits: Patrick T. Fallon/ AFP via Getty Images
Desde que, em 1973, Marlon Brando recusou o Oscar, fazendo-se representar por uma nativa americana, a cerimónia serviu de palco para declarações políticas, em que o discurso de Michael Moore, em plena Guerra do Iraque – “Shame on you, Mr. Bush” – foi um ponto alto.
No meio desta parafernália de filmes, actores, piadas, eis os momentos que realço :
Os tributos a James Bond 007 ! A Academy Awards homenageou James Bond franchise. Adorei! E Quincy Jones ! Recordei com saudade.
Fui fã da saga 007 sempre que pude, a partir de Sean Connery até ao último, com Daniel Craig. Vinte e cinco filmes ao longo de seis décadas. E tantas bandas sonoras excelentes!
credits: Allison Dinner/EPA
The James Bond movies got a moment in the spotlight at the Oscars with Halle Berry e Margaret Qualley, actrizes ou cantoras que participaram em filmes James Bond 007.
“Every generation does have their Bond, you know?” (...) “The world revolves, it evolves, and so does he. But that signature mix of danger, style and intrigue? Well, now, that’s timeless.”
Halle Balley
Qualley, que deu início ao medley musical com uma homenagem dançante às “Bond Girls”. E outras se seguiram.
Tributo a Quincy Jones
Queen Latifah
via Google Images Archive
"The late Quincy Jones received a sweet tribute from Queen Latifah at the 2025 Academy Awards."
« Raj Kapoor previewed the tribute to Jones in a press conference as a "beautiful moment that we hope will uplift the room, that will celebrate the spirit of Quincy and all of his greatness."»
« Latifah then delivered a rousing rendition of Charlie Smalls' song "Ease on Down the Road" from the musical The Wiz in honor of Jones, who produced the song in the 1987 film starring Diana Ross and Michael Jackson.»
credits: Getty Images
Um momento extra-cinema, mas emotivo. Conan O’Brien chamou ao palco alguns dos bombeiros que combateram os incêndios de Janeiro (2025) na Califórnia, e que causaram cerca de 30 mortos e milhares de milhões de dólares em prejuízos.
O comediante disse que nem ele era corajoso o suficiente para dizer algumas piadas relacionadas com a tragédia, e soliciou o apoio do capitão Erik Scott que muito aplaudido.
Uma homenagem justa a homens e mulheres que partem a qualquer hora do dia ou noite para nos apoiar e proteger. E quantos ficam nas cinzas.
Derrotados? Entre os grandes derrotados da noite, The Brutalist. Nomeado para dez Oscars, era o grande favorito, mas venceu apenas três: Melhor Actor, Melhor Banda Sonora, Melhor Fotografia.
credits: YouTube
via Cosmopolitan
Adrien Brodyarrecadou assim ao seu segundo Oscar. Novamente com um filme relacionado com a Segunda Guerra Mundial. The Pianist (2002), de Roman Polanski. Interpreta um judeu polaco Wladyslaw Szpilman, um famoso pianista que consegue esconder-se num apartamento do Gueto de Varsóvia, escapando ao Holocausto.
Gostei profundamente. Pela componente histórica e musical. O piano é o instrumento musical mais belo e o que mais me fala à alma.
Em The Brutalist, Brody é László Tóth, um arquitecto judeu húngaro que também sobrevive ao Holocausto e emigra para a América, onde alcança grande sucesso profissional. Foi o filme vencedor como Melhor Filme nos Golden Globes 2025.
Conclave com o excelente actor Ralph Fiennesque vi e gostaria que não tivesse sido tão 'esquecido' pela Academia. Como sempre, Ralph Fiennes tem uma belíssima interpretação.
Em cada personagem que interpreta enche-nos os olhos e a sensiblidade. E Isabella Rossellini no papel de Sister Agnes:
"Although we sisters are supposed to be invisible, God has nevertheless given us eyes and ears."