sábado, 1 de fevereiro de 2014

Voltemos ao cinema



Oscars 2014

Há muito não escrevo sobre cinema. Suponho que desde Agosto (2013). Mas todos sabem como gosto de cinema. É assim como virar-me um pouco mais para dentro, em instantes de acalmia, sentada numa sala de cinema. Fora, fica o tempo conturbado. Suponho que é das poucas actividades culturais que não tenho abandonado, nestes tempos.


E depois, também tenho escrito muito pouco, eu sei. Talvez este inverno bravio, tenebroso que desceu sobre a cidade, e teima em não nos abandonar, me iniba ainda mais. Todos andamos im pouco assim, sem ânimo. 

Como se já não bastasse o país que se vive. Triste. Sem risos, sem alegria.

Entãp, hoje, a temática que me inspira é o cinema. Ou melhor, falar sobre filmes, sugestões pessoais que me levaram às salas e já deram prémios nos Globe Golden Awards. Prometem também fazer a noite dos Oscars.




Começo com Blue Jasmine de Woody AllenWoody Allen voltou aos seus melhores tempos. Talvez o seu melhor filme dos últimos anos, embora tenha gostado de alguns dos filmes do ciclo dedicado a cidades.

Cate Blanchett aparece no papel de uma mulher elegante, habituada à vida social de Nova Iorque e que vê esse estatuto 
desmoronar-se, assim como seu casamento com um homem de negócios rico. 

Vê-se então obrigada a recorrer à irmã que vive num modesto apartamento em São Francisco. Num percurso dramático, tenta reconstruir a sua vida.

Extraordinariamente interpretada por uma Cate Blanchett 'muito real', Jasmine conquista nossa compaixão ao tornar-se um inconsciente instrumento da sua própria queda. Foi galardoada como Melhor Actriz nos Golden Globe Awards



Dallas Buyers Club

O Clube de Dallas de Jean-Marc Vallée é um drama biográfico, inspirado na verdadeira história de Ron Woodroof (Matthew McConaughey) tema de um artigo do jornalista Bill Minutaglio, publicado no jornal “The Dallas Morning News" em Agosto de 1992. Woodroof morreu a 12 de Setembro de 1992.


Matthew McConaugheyJared Leto

Ron Woodroof, um cowboy do Texas cuja vida sofreu uma reviravolta quando, em 1985, lhe foi diagnosticado o vírus da SIDA terminal, (30 dias de vida). 
sua luta pela dignidade e aceitação, é uma história original, inspirada em factos verídicos, sobre o poder transformador da resiliência.

Viviam-se os primeiros momentos desta epidemia e os EUA estavam divididos sobre como combater o vírus. Matthew McConaughey já foi distinguido como Melhor Actor nos Golden Globe Awards e Jared Leto que todos conhecemos da banda Thirty Seconds to Mars como Melhor Actor Secundário.

Excelentes interpretações! Um filme que nos faz pensar na verdaderia essência da vida, e nos alerta para certos interesses de grandes laboratórios,






O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) de Martin Scorsese com Leonardo di Caprio, é a adaptação ao cinema da autobiografia do corrector da Bolsa de Nova York Jordan Belfort. Excessivo em tudo, mas a intenção é mesmo provar como o poder corrompe. Peca por ser demasiado longo, mas Scorsese é assim.

Está nomeado para Melhor Fime nos Oscars embora sejam Gravity e American Hustie que liderem. Leonardo di Caprio está nomeado para Melhor Actor e já foi galardoado nos Golden Globe Awards.



Le Passé do iraniano  conta com a interpretação de Bérénice Béjo. Lembram-se dela no filme L'Artiste, vencedor de todos os prémios em 2012? 

Depois de Uma SeparaçãoAsghar Farhadi regressa com O Passado (Le Passé) cuja temática parece, aparentemente, ser semelhante. Casamentos mistos, tradições diferentes.

O filme começa com Ahmad que, após quatro anos de separação, chega a Paris vindo de Teerão, a pedido de Marie, sua mulher, francesa, para se divorciarem legalmente. 

Durante a sua breve estadia, Ahmad descobre a relação conflituosa que Marie tem com a filha mais velha, Lucie. Enquanto Ahmad se esforça para tentar melhorar esse relacionamento, segredos bem guardados do passado de cada uma das personagens vão sendo descobertos.




O Conselheiro (tradução de The Counselor tem em português um significado diferente, o que equivale a advogado) de  conta com um elenco de luxo: Michael Fassbender, Brad Pitt, Cameron Diaz, Javier Bardem, e Penépole Cruz.

Thriller intenso de um advogado criminalista que, ao ser atraído para o perigoso mundo do tráfico de droga, percebe que a sua decisão o conduz a uma espiral descendente de acontecimentos imparáveis e de consequências fatais. Bastante violento, mas real. 

Ridley Scott, tal como Scorsese tentam mostrar nestes seus dois filmes o verdadeiro mundo da economia e da droga. Valor redobrado, corajoso.


Termino com a Última Paixão do Sr. Morgan (The Last Love of Mr. Morgan) da realizadora alemã  com Michael Caine e Clémence Poésy, baseado no  romance La Douceur Assassine", de Françoise Dorner, e rodado em Paris. Foi muito bom percorrer de novo Paris.

Matthew Morgan (Michael Caine) é um norte-americano a viver em Paris. Professor aposentado de Filosofia parece ter perdido todo o sentido de viver desde a morte da mulher. Um casamento perfeito, cheio de cumplicidades.

Mas ele começa a mudar no dia em que conhece a jovem parisiense Pauline Laubie (Clémence Poésy). Também ela dedica a vida ao ensino, mas como professora de danças de salão. 

É encantador assistir às suas aulas de dança. E Mr. Morgan reencontra aí um pouco da sua alegria.

Matthew vai desenvolver com Pauline uma relação especial, mesclada de ternura e partilha. Tenta reaprender a viver, afastando-se por momentos do desalento, embora sua mulher continue muito presente. Com ela partilha o seu novo dia a dia bem como a sua relação com Pauline. Nem sempre tudo está bem...

Não se trata de uma paixão, como indicia a tradução. É mais o preencher da 'fenda' (quem for ver o filme entenderá a expressão) por onde a luz entra e torna a vida menos vazia.

O meu favorito? Não há propriamente um filme que me tenha seduzido por inteiro como foi o caso de Melancholia, 2012.

Os que me cativaram? Blue Jasmine, Clube de Dallas, A Última Paixão do Sr.Morgan. Por que razão ? Falam da vida real, ficcionada ou verdadeira, apontam para os dramas de pessoas que podem cruzar connosco.

Ainda não vi Doze Anos Escravo, PhilomenaA Rapariga que Roubava Livros e o tão aguardado August: Osage County com Meryl Streep, Julia Roberts, entre outros.

Gravity e American Hustle atraem-me menos, pese embora saber que são os mais fortes candidatos ao Oscar de Melhor Filme. Lista de nomeações a ver aqui

Excelente tarde para ir ao cinema, já que a temperatura desaconchegante, e as chuvas constantes não convidam a um passeio ao ar livre.

G-S

Fragmentos Culturais

01.02.2014
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6 comentários:

  1. muito bem - um prazer saborear a tua escrita. sempre.

    ... e seguir as tuas sugestões. sempre bem fundadas.

    beijo

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  2. Actores e realizadores que gosto muito, e com a sugestão do 'Fragmentos' é, como se costuma dizer, «a cereja no topo do bolo».

    Obrigado mais uma vez.

    Tudo de bom.

    ;)
    :)

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  3. Não é a primeira vez que digo isto: que quando falas de ti, do que te suscita falar, como se apresentação ao que vais dizer ou desculpa por ausências, tornas-te mais presente e escreves com beleza as mais simples trivialidades... Passo este post á frente (filmes, etc) para te incentivar à partilha que queiras deixar de ti, ainda que não abandones os apontamentos culturais...

    Sim, o tempo vai mal e a política (invariavelmente) também! Mas mesmo sem querer usar clichés, e sobre o que falas do aconchego do cinema em dias invernosos ou apenas trsites, não esaqueças que há quem veja na chuva muito mais do quem um montão de água... e por isso também ela se torna bela... sim?

    beijinho amigo

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  4. Ora ainda bem que aprecias as minhas dicas sobre cinema :-)

    Enfim, são mais 'impressões' pessoais sobre os filmes que vou vendo...

    Beijo, Herético

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  5. Como é bom rever-te por aqui, 'aflores' !

    Será que já foste ver algum dos filmes?

    Tudo de bom, sempre !

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  6. Eu sei que gostarias que eu tivesse um discurso mais intimista, Daniel.
    E só agradeço as tuas afectuosas palavras.

    Mas este espaço, foi aberto para uma narrativa cultural.
    Verdade que por vezes, raras, mas algumas vezes, deixo passar um discurso mais ou menos intimista.

    Claro! Há pessoas que gostam da chuva. E eu aprecio as doces chuvadas do início de Outono. Sinto como que o cheiro a terra lavada.
    Só que depois de quase dois meses de chuva, chuva, já não dá mais para espairecer. O Sol 'falta-me'...

    Fico muito feliz por te rever por aqui.

    Beijos

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