‘We have lost a passionate, gentle, wise, and noble soul’
Robert McCrum
Paul Auster, o célebre e prolífero romancista norte-amercano morreu em sua casa de Nova Iorque,a cidade que foi um dos grandes amores da sua vida e grande protagonista da sua obra literária. Mais um grande nome da literatura mundial que nos deixa, repentinamante.
Escritor, argumentista, ensaísta, tradutor, realizador, entre outras actividades, com arte. é considerado um pós-modernista da noir literature. Embora ele tivesse alguma relutância em ser apelidado como tal.
"‘Postmodern’ is a term I don’t understand … there’s an arrogance to all this labelling, a self-assurance that I find to be distasteful, if not dishonest. I try to be humble in the face of my own confusions, and I don’t want to elevate my doubts to some status they don’t deserve. I’m really stumbling. I’m really in the dark. I don’t know. And if that – what I would call honesty – qualifies as postmodern, then OK"
Paul Auster
Paul Auster
credit: Ulf Andersen/Getty Images
via The Guardian
Nascido em 1947, numa família judia, de ascendência austríaca, em Newark (New Jersey). Frequentou a Universidade de Columbia onde obteve o Master of Arts. Depois disso, residiu durante algum tempo em França, convivendo com grandes nomes da literatura europeia.
"The adroit self-consciousness of his writing made him our supreme post-modernist. If his imagination seemed so spacious it was because he was as much a European as an American writer."
Auster viveu quatro anos em Paris, que muito o marcaram, nomeadamente pela sua aproximaçã a nomes clássicos da poesia francesa como André Breton ou Paul Éluard, que traduziu para inglês. Grande admirador de Jane Austen, da sua biblioteca faziam parte alguns de livros desta bem conhecida escritora inglesa.
Mais tarde, Auster voltou aos Estados Unidos, e faria de Brooklyn, a sua casa, e o cenário de alguns dos seus romances.
The Times Literary Supplement of Britain once called him “one of America’s most spectacularly inventive writers.”
A sua carreira literária “arrancaria” em 1982, com a publicação do livro TheInventio of Solitude a memoir published in 1982. Inquietante reflexão sobre a conflituosa relação que teve com o seu próprio pai.
Neste livro 'autobiográfico', Auster revelou também que seu avô tinha sido morto a tiro pela sua avó, que foi absolvida por insanidade mental. Ele escreve:
“A boy cannot live through this kind of thing without being affected by it as a man,”.
Depois de ler esta passagem, compreendo melhor, agora, o género literário a que se dedicou.
Seguir-se-iam muitos outros livros como O Palácio da Lua; A Música do Acaso; Leviathan; Mr Vertigo; As loucuras de Brooklyn, mas também várias obras de não ficção, coordenações editoriais (das obras completas de Samuel Beckett, por exemplo) e argumentos para cinema.
Paul Auster preferia a escritora oitocentista Emily Brontë aos seus contemporâneos. Não morria de amores pelos computadores e gostava de escrever com caneta em pequenos cadernos.
Tem uma extensa obra literária publicada em mais de 40 línguas. Em Portugal, Paul Auster tem grande parte da obra publicada, em particular romances. Mr. Vertigo, Palácio da Lua, Música do Acaso, Leviathan, A Trilogia de Nova Iorque, Timbuktu, O Livro das Ilusões, As Loucuras de Brooklyn, O Homem na Escuridão e 4 3 2 1, com o qual foi finalista ao Booker Prize.
"In person, and on the page, Paul was a natural raconteur. Few writers I’ve ever known could command his appearance with such a spell-binding grasp of an audience. Even fewer possessed his mastery of voice and story, a universal gift: in America, he was an uber-cool easterner; in France, half French; in Britain, the face of a certain avant garde."
Robert McCrum
A suas histórias costumam andar à volta de temas de coincidência, acaso e destino. Muitos dos seus protagonistas são eles próprios escritores, - interessante - e sua base de escrita é autorreferencial, com personagens dos primeiros romances aparecendo novamente nos seguintes.
O gosto pelo cinema levá-lo-ia, a produzir e assinar filmes como Fumo e Fumo Azul, com Wayne Wang. Realizou A Vida Interior de Martin Frost (2007), rodado parcialmente em Portugal, e assinou o argumento d vários outros. Esteve várias vezes no nosso país.
Paul Auster, Mia Sorvino & Willem Dafoe
Festival de Cannes, 19988
Apresentação do seu filme Lulu on the Bridge
credit: Patrick Hertzog/AFP/Getty Images
Na nota de intenções que então escreveu e que a Medeia Filmes recorda agora, nas suas redes sociais, Auster declarou:
“A vida é simultaneamente trágica e divertida, ao mesmo tempo absurda e profundamente significante. Mais ou menos inconscientemente, tentei abarcar este duplo aspecto da experiência nas histórias que escrevi - quer nos romances quer nos argumentos cinematográficos. Sinto que é o modo mais honesto e verdadeiro de olhar para o mundo e quando penso em alguns dos escritores de que mais gosto - Shakespeare, Cervantes, Dickens, Kafka, Beckett - todos eles foram mestres em combinar a luz e a escuridão, a estranheza e a familiaridade.”
Auster receives the 2006 Prince of Asturias Award for Literature
"Por la renovación literaria que ha llevado a cabo al unir lo mejor de las tradiciones norteamericana y europea, innovar el relato cinematográfico e incorporar a la literatura algunas de sus aportaciones."
Paul Auster foi eleito Membro da American Academy of Artsand Letters e nomeado Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres, França 2007.
O meu primerio contacto comAuster foi com Sunset Park, Com ele, recebeu o Premio Napoli.
Li-o malfoi pulicado em Portugal, em 2010. Gosto de livros. E como sabem, aprecio primeiras edições, sobretudo quando se trata de literatura.
Escrito em capítulos que se concentram em uma pessoa de cada vez, mergulhamos na reflexão de algumas pessoas feridas, muitas das quais estão tentando permanecer perdidas, principalmente Miles Heller, 28 anos, desperdiçando a sua vida cheia de culpa, e teimosamente distante de seus pais.
Miller apaixona-se por uma rapariga que encontra num parque, lendo o mesmo livro que ele. Sinal claro de que estamos no mundo de Auster, para quem os livros são tudo.
Quatro vidas. Todas sentindo a pressão da crise económica de 2008 que induziu este grupo de almas encantadoras a ocupar uma casa em ruínas em Brooklyn, o coração geográfico da história.
Embora muitos romances de Auster terminem com uma nota de esperança, sugerindo um novo começo, ou novos começos, o sol põe-se em Sunset Park sem deixar vestígios de dias melhores. O capítulo final, embora faça uma ponte com o sentimentalismo, é bastante impressionante, e o final é comparativamente forte.
Há livros que ficam em nós. Profundamente. Livros absorventes, capazes de nos agarrarem a cada virar de página. E este, não me agarrou suficientemente, me descupem honestidade. Sei que vai soar a sacrilégio para muitos. Mas costumo dizer/ escrever o que sinto.
No entanto, quero voltar a Auster com Baumgartner que acabou por ser o seu derradeiro livro.
"Early in Paul Auster’s latest novel, Baumgartner, his eponymous lead character is speaking to a grief counsellor in the immediate aftermath of losing his wife in a freakishly violent swimming accident. “Anything can happen to us at any moment,” he tells her. “You know that, I know that, everyone knows that – and if they don’t, well, they haven’t been paying attention.”
A taut yet expansive novel of love, memory, and grief from Paul Auster, best-selling, award-winning author and “one of the great American prose stylists of our time"
New York Times
Pau Auster
via Google Images Archive
“Auster has established one of the most distinctive niches in contemporary literature,” wrote critic Michael Dirda in 2008. “His narrative voice is as hypnotic as that of the Ancient Mariner. Start one of his books and by page two you cannot choose but hear.”
É o que o que vou fazer, mal compre o livro. Suponho que ainda vou apanhar a 1ª edição. Com sorte...
"A late masterpiece of love, memory and grief by Paul Auster, ‘one of the great American prose stylists of our time’
Não me vou alongar, dado que Paul Auster está, esta semana, em todos os meios de comunicação.
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