Sufragette
Sarah Gavron, 2015
De novo aqui, desta vez para escrever sobre cinema. Sufragette/ As Sufragistas, nas salas há algumas semanas. Tocou-me intensamente.
Suffragette começa em Londres, 1912, seguindo um grupo de mulheres de diferentes extractos sociais que se unem em actos de desobediência civil para chamar a atenção para a sua causa: direito ao voto no feminino.
Suffragette, titulo original de As Sufragistas, realizado por Sarah Gavron. Nota-se a sensibilidade feminina no modo como o filme, baseado em factos históricos, retrata um grupo de mulheres que lutaram pelo direito ao voto no Reino Unido, finais do século XIX e inícios do século XX.
Suffragette começa em Londres, 1912, seguindo um grupo de mulheres de diferentes extractos sociais que se unem em actos de desobediência civil para chamar a atenção para a sua causa: direito ao voto no feminino.
Helena Bohnam Carter, Carey Mulligan, Meryl Streep
Sufragette
Sarah Gavron, 2015
Suffragette, titulo original de As Sufragistas, realizado por Sarah Gavron. Nota-se a sensibilidade feminina no modo como o filme, baseado em factos históricos, retrata um grupo de mulheres que lutaram pelo direito ao voto no Reino Unido, finais do século XIX e inícios do século XX.
A pressão iminente das autoridades obrigou um grupo de mulheres a agir na clandestinidade, em conflito social, mas também pessoal. Sacrifícios incomensuráveis contra a sociedade da época.
Sufragette,
Sarah Gavron, 2015
Um elenco extraordinário. Meryl Streep, Helena Bohnam Carter, actrizes sempre empenhadas na defesa do lugar das mulheres na sociedade actual. É, no entanto, em Carey Mulligan - uma excelente revelação em O Grande Gatsby - que recai a intensidade dramática da luta pela dignidade.
Sufragette
Sarah Gavron, 2015
Maud perde a família, o filho, o marido, os amigos, o emprego. Mas nada a faz desistir, a partir do momento que se empenha na causa.
De aparência dócil, renitente em fazer parte do movimento já radicado, é de corpo e alma que finalmente se entrega a causa que nos dias de hoje parece simples, natural. O direito ao voto no feminino.
A exaustão provocada pelas injustiças sofridas e que testemunha à sua volta, a subjugação que vive no dia-a-dia, leva-a a a integrar o movimento que exige o direito ao voto para as mulheres, de modo a obter dignidade e respeito por parte da sociedade.
A exaustão provocada pelas injustiças sofridas e que testemunha à sua volta, a subjugação que vive no dia-a-dia, leva-a a a integrar o movimento que exige o direito ao voto para as mulheres, de modo a obter dignidade e respeito por parte da sociedade.
Sufragette,
Sarah Gavron, 2015
http://www.imdb.com/
“We’re half the human race,” Maud tells the inspector tasked with quelling the protest. “You can’t stop us all.”
O filme de Sarah Gravon é de cunho histórico, desde a primeira imagem. O movimento feminino do direito ao voto foi um dos primeiros passos na luta feminista por direitos iguais na pós-revolução industrial com o surgimento da Fundação União Nacional pelo Sufrágio Feminino.
Sufragette
Sarah Gavron, 2015
"A vida das mulheres daquela época era muito, muito difícil. O horário de trabalho era terrível, elas ganhavam muito menos do que os homens", comenta Carey, nos bastidores da produção.
British sufragette Emmeline Pankhurst, 1911
(1858 - 1928)
credits: Topical Agency/ Getty Images
Meryl Streep/ Emmeline Pankhurst
https://www.imdb.com/
https://www.imdb.com/
Na Inglaterra do início do século XX, uma organização mais radical surgia, a WSPU – Women Social and Political Union/ União Social e Política da Mulher – liderada por Emmeline Pankhurst (1858-1928) aqui interpretada por Meryl Streep.
Devido à lei Cat and Mouse, (1913), as mulheres eram presas por trivialidades, e submetidas a tratamento brutal. Cenas de grande violência, tão bem interpretadas! Extremo realismo por parte das actrizes que dão vida às 'guerreiras' da época. Vidas reais.
A liderança de Pankhurst era contundente e culminou em situações de confrontos sérios, desde agressões violentas, à morte Emily Davison (1872-1913).
A realizadora Sarah Gavron afirmou que recorreu a diários, relatos não publicados de mulheres da época, bem como a aruivos de polícia, para recriar a história.
“When we spoke to the academics that consulted on the film they said they weren’t surprised that today it’s still hard to get women’s history taken seriously. It took a long time to get on the school curriculum – I wasn’t taught anything about it and later read a few lines at the bottom of a history book. I think it’s partly a symptom of inequality and the fact that these stories have been written out of our history.”
Sarah Gravon
Não duvido que todos estes factos históricos ligados à desigualdade sofrida pelas mulheres e à sua luta pelo direito ao voto, tenham sido retirados dos livros de estudo sobre história.
Ao inspirar-se nos diários e relatos na primeira pessoa, Gavron faz um filme que os reflecte com intensa emotividade.
Ao inspirar-se nos diários e relatos na primeira pessoa, Gavron faz um filme que os reflecte com intensa emotividade.
Sufragette faz a ligação deste contexto histórico através da vida familiar de Maud Watts (Carie Mulligan), mulher casada com Sonny (Ben Whishaw), mãe de George (Adam Michael Dodd), que trabalha numa lavandaria desde criança, explorada, violada, quando ainda adolescente, pelo desumano patrão.
A sua história personifica o dia-a-dia doloroso da maioria de mulheres dessa época.
A sua história personifica o dia-a-dia doloroso da maioria de mulheres dessa época.
É a partir da dor pessoal, e do sofrimento de outras mulheres e de algumas adolescentes que a rodeiam - o trabalho infantil é uma constante na história que envergonha os países desenvolvidos - que Maud Watts se decide a aderir ao movimento.
Injustiças no trabalho, assédio, autoritarismo em família, as mulheres aderem ao movimento liderado por Emmeline Pankhurst para reivindicar dignidade pelo direito ao voto.
Injustiças no trabalho, assédio, autoritarismo em família, as mulheres aderem ao movimento liderado por Emmeline Pankhurst para reivindicar dignidade pelo direito ao voto.
A abordagem é feita pelo retrato dessas mulheres em relação a emprego, família, amigos e dignidade. A violência do sistema legal, até onde aquelas mulheres estiveram dispostas a ir, para alcançar seus objectivos, termina em 1913, na narrativa fílmica.
Carey Mulligan defende sua personagem com firmeza, indo da condição pacífica a líder revolucionária decidada. Helena Bonham Carter, farmacêutica, é uma coadjuvante, com empenhamento pessoal, apoiada pelo marido, que, apesar da época, defende a luta da mulher, em relação a mulheres como Maud.
A participação de Meryl Streep – como a grande voz por trás do movimento – é curta, mas marcante. Como só a actriz sabe impregnar cada personagem a que dá vida, no cinema.
As Sufragistas, um filme denso, com conteúdo muito relevante, cumpre seu papel de chamada histórica, alertando para um absurdo que já foi considerado normal – e que não deve, nem pode, ser repetido entre minorias similares.
"Conduzido com segurança, talvez perca alguma força, apenas por não surpreender. Segue um percurso quase esperado e já visto em filmes semelhantes. Mas em nada diminui a sua qualidade, ainda que não o eleve a uma condição de acentuado destaque."
The cast and crew of Suffragette
credits: Brigitte Lacombe
O silêncio na sala foi total durante todo o filme. As pessoas afundavam-se ainda mais nas cadeiras. O peso da história sentia-se na pele.
Sala cheia, público feminino e masculino em igualdade. A maior parte das pessoas permaneceu nos seus lugares. Poucas trocavam impressões. Não se sentia necessidade de falar.
Os factos históricos tinham desfilado reais, ao longo da hora meia. O negro do ecrã, depois do genérico final, adensou a dramaticidade dos acontecimentos narrados.
O filme é um tributo emocionado a essas mulheres, à sua luta, à veemência com que se entregaram, mesmo pondo em risco a vida, o bem estar, as famílias, o trabalho, o respeito da sociedade da época.
Suponho que depois de ver As Sufragistas, nenhuma mulher deve ausentar-se deste direito, conseguido com tanto sacrifício.
Homens e mulheres devem ver o filme. É a história da nossa sociedade no início do século XX. Não muito distante.
2017 celebra o Centenário do Sufrágio destas mulheres britânicas, na luta pelo direito ao voto. É graças à sua luta que hoje temos o direito ao voto.
G-S
Suponho que depois de ver As Sufragistas, nenhuma mulher deve ausentar-se deste direito, conseguido com tanto sacrifício.
Homens e mulheres devem ver o filme. É a história da nossa sociedade no início do século XX. Não muito distante.
2017 celebra o Centenário do Sufrágio destas mulheres britânicas, na luta pelo direito ao voto. É graças à sua luta que hoje temos o direito ao voto.
G-S
Fragmentos Culturais
23.01.2016
actualizado 08.03.2018
actualizado 08.03.2018
Copyright © 2016-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®
Atrevo-me a dizer que todos aqueles (e aquelas) que contribuíram para a abstenção nos nossos actos eleitorais, não viram este filme. Mas deviam, deviam ver!
ResponderEliminarTudo de bom.
Querida,
ResponderEliminarUma sugestão preciosa que irei assistir e o seu
ensaio (apreciação) excelente sobre o filme, o tema (a história)
e ainda uma necessidade de nós mulheres na eficiência de
assumir e Ser donas desta história, deste caminhar doloroso,
corajoso e libertador feito por raras mulheres do passado e somos
o presente e o futuro ainda carente desta Mulher Consciente
e Atuante!...
Adorei a partilha!!
Beijo grato.
Foi nesse sentido que terminei esta postagem escrevendo: 'Suponho que depois de ver As Sufragistas, nenhuma mulher deve ausentar-se deste direito, conseguido com tanto sacrifício.'
ResponderEliminarE os homens, evidentemente.
Posso dizer-te que no final do filme, muitos saíram com um 'pesado silêncio' estampado nos rostos.
Será que foste ver, Aflores?
Tudo de bom!
Suzete,
ResponderEliminarNão deixes de ver quando passar por aí. Talvez com outro título?
Como leste, é baseado em facto histórico. Mulheres que sacrificaram tudo, até a vida pelo direito de voto. Comprovei com documentos autênticos (fotos) da época.
Condições miseráveis de trabalho, na família, na sociedade. Ainda hoje a palavra 'sufragista' carrega, muitas vezes, um significado pejorativo na boca de algumas pessoas.
Foi mesmo um caminho doloroso, e em alguns aspectos, parece estar a haver um certo retrocesso na condição da mulher em muitos países :-(
Nisso tens razão no que escreveste 'deste caminhar doloroso,
corajoso e libertador feito por raras mulheres do passado e somos
o presente e o futuro ainda carente desta Mulher Consciente
e Atuante!'
Sensibilizada pelo apreço demonstrado. Mais uma vez foi uma alegria ler-te em 'Fragmentos'.
Volte sempre!
Beijos