Jean-Marie Gustave Le Clezio
credits: AFP
"I have the feeling of being a very small item on this planet, and literature enables me to express that".
Le Clézio, Nobel Prize in Literature 2008
O Prémio Nobel da Literatura 2008 foi atribuído no dia dia 09 de Outubro ao escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio um dos mestres da literatura contemporânea francesa, cuja obra é considerada como uma crítica ferrenha à civilização urbana e ao Ocidente materialista.
Em entrevista a uma rádio sueca, Le Clézio disse estar "muito emocionado e muito sensibilizado"
O júri do Nobel justificou a atribuição do prémio ao autor francês nascido em 1940, caracterizando-o como um "escritor da ruptura, aventura poética e êxtase sensual, explorador de uma humanidade mais além e na base da civilização reinante."
A Academia Sueca nota que, partindo dos últimos escritores do existencialismo e do ‘novo romance’, Le Clézio conseguiu "salvar as palavras do estado degenerado da linguagem quotidiana e devolver a força para invocar uma realidade existencial."
sol.sapo.pt
A sua obra, que compreende contos, romances, ensaios, novelas, traduções de mitologia ameríndia, numerosos prefácios e artigos, é considerada como crítica do Ocidente materialista e uma atenção constante aos mais fracos e aos excluídos.
Deserto/ Jean-Marie G. Le Clázio
edições Dom Quixote
A obra Le Clézio ultrapassa os 50 títulos e traduzidos para português estão: O Processo de Adão Pollo, O caçador de tesouros, Deserto (considerado a sua obra-prima), Estrela Errante, Diego e Frida e Índio branco, Raga (neste último, o autor faz uma reflexão crítica da mundialização que ameaça a harmonia de uma civilização preciosa mas frágil).
Raga/ Jean-Marie G. Le Clázio
Sextante Editora
Li do autor, em 2005, esta obra na versão original, Mondo et autres histoires. Deixo aqui um excerto.
"Mondo aimait bien faire ceci: il s'asseyait sur la plage, les bras autour de ses genoux, et il regardait le soleil se lever. À quatre heures, cinquante, le ciel était pur et gris, avec seulement quelques nuages de vapeur au-dessus de la mer. Le soleil n'apparaissait pas tout de suite, mais Mondo sentait son arrivée, de l'autre côté de l'horizon, quand il montait lentement comme une flamme qui s'allume. Il y avait d'abord une auréole pâle qui élargissait sa tache dans l'air, et on sentait au fond de soi cette vibration bizarre qui faisait trembler l'horizon, comme s'il y avait un effort. Alors le disque apparaissait au-dessus de l'eau, jetait un faisceau de lumière droit dans les yeux, et la mer et la terre semblaient de la même couleur. Un instant après venaient les premières couleurs, les premières ombres.
(...)
Quand le soleil était un peu plus haut, Mondo se mettait debout parce qu'il avait froid. Il ôtait ses habits. L'eau de la mer était plus douce et plus tiède que l'air, et Mondo se plongeait jusqu'au cou. Il penchait son visage, il ouvrait ses yeux dans l'eau pour voir le fond. Il entendait le crissement fragile des vagues qui déferlaient, et cela faisait une musique qu'on ne connait pas sur la terre."
Le Clézio, Mondo, Mondo et autres histoires, Gallimard Folio, 1978
G-S
Fragmentos Culturais,
11.10.2008
G-S
Fragmentos Culturais,
11.10.2008
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Honestamente assumo a minha ignorância, e confesso que nunca tinha ouvido falar deste escritor. Com esta atribuição do Prémio Nobel, a minha curiosidade vai levar-me a ler alguma obra sua.
ResponderEliminarBjo.
estou aqui na minha ignorância, também desconhecia a obra do senhor...
ResponderEliminarfalta de divulgação ?
culpa minha ?
Não sei... Terei de ir ver de quem se trata.
mas gostei aqui da pequena divulgação.
(tenho de ir ver se a miosótis escreveu sobre o assunto)
de um fã,
Tiago
Não vou dizer que era um escritor muito lido em Portugal.
ResponderEliminarE isso nota-se porque não há no mercado livreiro uma única obra de Le Clézio disponível, embora haja alguns livros traduzidos.
No entanto, li-o sempre na língua original. Daí não me ter dado conta desta 'falha'.
Suponho que vais gostar de o ler, 'Art'...
Sensibilizada pelo teu atento olhar em 'fragmentos'!
Um beijo
Tiago,
ResponderEliminarTal como já escrevi, não seria um autor muito divulgado em Portugal!
Pese embora, sermos um país com forte formação/informação cultural francesa, pelo menos no campo das Letras.
Sim, considero que tem uma escrita que te poderá agradar...
Sensibilizada, como sempre, pelo amistoso olhar em 'fragmentos'!
Um beijo,
... suponho que a 'miosótis' deverá ser uma pessoa de gostos literários interessantes :)
Não conhecia o autor. Foi ele o premiado ou a literatura francesa?
ResponderEliminarLobo Antunes, o perpétuo nobilizável...
Peter
... suponho que a literatura francesa pela 'escrita' de Le Clézio!
ResponderEliminarSem dúvida! Lobo Antunes sempre 'nobilizável'...
Sensibilizada pela retribuição da visita!
Bom domingo!
Interessante e completo apanhado. Suscita grande interesse.
ResponderEliminarComo já escrevi no 'post'... lera Le Clézio antes da nomeação do Nobel da Literatura!
ResponderEliminarE isso deu-me algum à vontade para falar sobre os seus livros.
Penso que esta nomeação foi talvez um tributo à literatura europeia enraízada de fragmentos de vivências mundiais!
E por que não, uma homenagem à língua francesa que durante décadas foi considerada a 'língua cultural' por excelência?!
Sensiblizada pelo olhar tão atento a 'fragmentos'! E lamento só hoje responder :(
... não me tinha dado conta!