domingo, 13 de junho de 2021

Aurélia de Souza : o lugar da grande pintora portuguesa !

 






Aurélia de Sousa, Laço Preto, self-portrait

Maria Aurélia Martins de Souza, conhecida como Aurélia de Sousa , nasceu em 13 de Junho 1866, em Valparaiso, Chile. Pintora luso-chilena, irmã da pintora Sofia Martins de Souza e tia da pintora e coleccionadora de arte Marta Ortigão Sampaio, detentora original do espólio exposto na Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, no Porto.




Retrato de Aurélia de Sousa junto ao seu "Auto-retrato do Laço Negro"
fotografia: Aurélio da Paz dos Reis, 1895 

Entre 1893 e 1896, Aurélia de Sousa integrou diversas exposições, como as Exposições dos Trabalhos Escolares dos Alunos da Academia Portuense de Belas-Artes Considerados Dignos de Distinção, as Exposições de Belas-Artes do Ateneu Comercial do Porto e vários certames promovidos por António José da Costa, João Marques de Oliveira e Júlio Costa.





Google Doodle celebra o 155º aniversário de Aurélia de Sousa

Google celebra hoje o seu 155º aniversário com um Doodle direccionando para Google Arts and Culture.

"De Souza’s paintings were regularly featured at her alma mater, just one of the many prestigious Portuguese galleries that championed her work. In addition to her lifelong work as a painter, de Souza also illustrated for Portuguese magazines and the 1913 short story entitled “Perfis Suaves” (“Smooth Profiles”). "

Google

O Museu Soares dos Reis publicou esta homenagem de Google na sua página de Facebook.




Cena Familar
Aurélia de Sousa, 1911

Em 1869, com apenas 3 anos de idade, acompanhou o regresso da sua família a Portugal, que se fixou na cidade do Porto. Passou a residir na Quinta da China, junto ao rio Douro, tendo a propriedade sido comprada por seu pai. 

Aos dezasseis anos, Aurélia de Sousa começou a ter lições de desenho e pintura com Caetano Moreira da Costa Lima, distinto discípulo de Auguste Roquemont, tendo realizado o seu primeiro auto-retrato durante esse período.
 



Aurélia de Souza com sua irmã Sofia de Souza, Porto, 1895

Em 1893, entrou, juntamente com a sua irmã Sofia de Souza, na Academia de Belas-Artes do Porto, onde foi aluna de João Marques de Oliveira, que muito influenciou a sua obra.

No seu percurso académico provou ser uma aluna exemplar e talentosa, tendo estudado Desenho Histórico e num só ano completado o primeiro e segundo anos do curso de Pintura Histórica.

Por ter mais de 25 anos, não teve direito a bolsas de estudo. Aurélia não pode terminar, por isso, os dois últimos anos do curso.







De 1899 a 1902 frequentou, em Paris, a Académie Julian, nos cursos de J. P. Laurens e Benjamin Constant. A qualidade dos seus trabalhos tornou-se evidente, desde muito cedo, o que lhe permitiu figurar em diversas exposições e colher inúmeras distinções.

A sua estada em Paris foi também aproveitada para visitar e conhecer museus em várias cidades europeias, viagens que realizou na companhia de sua irmã Sofia Sousa, também ela a estudar pintura, em Paris.





Aurélia de Sousa, self-portrait, 1900

Uma dupla exposição Aurélia, Mulher Artista, co-organizada pelas autarquias do Porto e de Matosinhos assinalou em 2016, os 150 anos do nascimento de Aurélia de Sousa. Infelizmente, só, nas últimas décadas foi reconhecido o lugar que sempre foi o seu, ao lado de Columbano Bordalo Pinheiro, Henrique Pousão ou António Carneiro.

Auto-retrato do casaco vermelho está actualmente exposto no Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), que se associou às comemorações com a apresentação pública, na segunda-feira à noite, de uma outra obra da pintora recentemente adquirida. O Vestido Verde.





Aurélia de Sousa, self-portrait, 1900
Museu Soares dos Reis

A inclusão deste quadro na exposição Soleil et Ombres, l’Art Portugais du XIXème, que José-Augusto França organizou em Paris, no Petit Palais, em 1987, “é o início de um novo reconhecimento de Aurélia de Sousa, que a partir daí nunca mais parou”, disse a historiadora  de arte, Filipa Lowndes Vicente, que a pintora do Porto “é hoje considerada um dos mais importantes artistas portugueses de 1900, não por ser uma mulher, mas por ser tão boa como [Henrique] Pousão, António Carneiro ou Columbano [Bordalo Pinheiro]”.





No Atelier,1916
Aurélia de Sousa

Dividida entre a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, no Porto, e o Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, Matosinhos, a exposição Aurélia, Mulher Artista, celebrou assim os 150 anos de um grande nome da arte portuguesa, Aurélia de Sousa (1866-1922), autora de centenas de pinturas, muitas delas inacessíveis ao público, e de um enorme acervo de fotografias, quase todo ainda por estudar.




Santo António
Aurélia de Sousa,1902

Este quadro ocupa lugar de destaque no pólo portuense de Aurélia, Mulher Artista, e junto a ele pode ver-se uma fotografia, nunca antes exposta, que Aurélia tirou a si própria, vestida de Santo António, e que depois utilizou para pintar a obra.

A obra de Aurélia de Sousa, embora manifeste características muito pessoais, denota a influência dos estilos de pintura mais inovadores do seu tempo, como o Naturalismo, o Realismo, o Impressionismo ou o Pós-Impressionismo..





Interior com figura feminina
Aurélia de Sousa

Entre as suas principais obras, caracterizadas pela força da expressão técnica e artística, encontram-se "Santo António" (1902), - a artista fotografou-se vestida de Santo António, santo padroeiro do dia em que nasceu, de modo a depois o retratar - "Cabeça de italiano", "Cena familiar" (1911), "No Atelier" (1916), "À Sombra" (1910), "Moinho-Granja", também referido como "Moinho de Vento", "Porcelanas antigas", "Cristo ressuscitando e a filha de Jairo", "Rio Douro-Areinho", "Auto-retrato da Gola Branca" (1895), "Auto-retrato do Laço Negro" (1895) e "Auto-retrato" (1900), uma das obras-primas mais reconhecidas da pintura portuguesa de todos os tempos.





Retrato de menina, 1910

A sua principal biógrafa, Raquel Henriques da Silva, refere que a obra de Aurélia de Sousa:

“[…] regista a silenciosa narrativa da casa: a presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os cantos escuros da cozinha e do atelier, as tardes em que a luz se confunde com os fatos de verão, os caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz.” 

Aurélia de Sousa morreu na sua Quinta da China, em 26 de Maio de 1922. Tinha apenas 55 anos.

"the few women whose work was exhibited in galleries alongside Portugal’s great 19th century painters. Infused with strokes of realist and impressionist influences, de Souza’s naturalist paintings served as windows into daily Portuguese life through landscapes of her journeys and her personal favorite genre: self- and family portraits."

Google

Aconselho vivamente a Exposição virtual Aurélia de Souza no Google Arts & Culture com apoio do Museu Calouste Gulbenkian.


G-S

13.06.2021
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sources:

Google Arts & Culture/ Wikipedia/ Público/ Museu Calouste Gulbenkian