The Painted Veil, 2006
"Most people cannot see anything, but I can see what is in front of my nose with extreme clearness; the greatest writers can see trough a brick wall. My vision is not so penetrating."
W. Somerset Maugham
Véu Pintado, tradução de The Painted Veil, estava no meu roteiro cinematográfico. O actor principal Edward Norton, o facto de ser baseado num livro de W. Somerset Maugham - gosto sempre de reler os livros pelos olhos dos outros - a fotografia que me parecera lindíssima na apresentação, e, como não podia deixar de ser, a banda sonora de Alexandre Desplat. Venceu os Golden Globe Awards 2007.
The Painted Veil
W. Somerset Maugham
'The Painted Veil' de W. Somerset Maugham (1925) é um dos clássicos que faz parte das minhas referências literárias. Li-o ainda adolescente. Devorava livros.
O autor prima essencialmente pela pintura da sociedade inglesa da sua época, num estilo sóbrio e cuidado, próprio de um belo contador de histórias. Estas desenrolam-se, regra geral, em ambientes internacionais.
A sua escrita é clara, sucinta, em tom resignado ou cínico, o que o torna peculiar e inconfundível!
O autor prima essencialmente pela pintura da sociedade inglesa da sua época, num estilo sóbrio e cuidado, próprio de um belo contador de histórias. Estas desenrolam-se, regra geral, em ambientes internacionais.
A sua escrita é clara, sucinta, em tom resignado ou cínico, o que o torna peculiar e inconfundível!
"I have never pretend to be anything but a story teller. it has amused me and to tell stories and I have told a great many."
Li vários livros do autor. Encantavam-me pela singularidade da sua escrita, mas de grande qualidade literária, como não podia deixar de ser, já que é um dos nomes grandes da litertura anglo-saxónica.
Naomi Watts & Edward Norton
The Painted Veil, 2006
Passado nos anos 20, a história conta-nos a vida de um jovem casal - Walter e Kitty - que casam pelas razões erradas. Uma história clássica para a época. Um casa por amor, Walter, o outro, Kitty, para fugir à autoridade materna.
Colocado em Xangai, o casal vive momentos de ruptura, quando Walter descobre a infidelidade de Kitty. Decide então voluntariar-se e apoiar como médico bacteriologista o surto de cólera que varre a China. Parte para uma aldeia remota chinesa, levando consigo a mulher.
Sem se deter demasiado na questão política que envolve um país vivendo já algumas convulsões com o império britânico, a trama centra-se sobretudo nas relações interpessoais, apanágio deste sagaz contador de histórias, Maugham!
Mais do que a história em si, demasiado clássica, embora tipifique uma determinada época, a minha motivação centrava-se bastante na beleza da fotografia, serenidade das paisagens, feita em Beijing, numa estética rara do fotógrafo Stewart Dryburgh.
Foi ele que se juntou a Michael Nyman no lindíssimo filme The Piano (1993).
Edward Norton
Foi ele que se juntou a Michael Nyman no lindíssimo filme The Piano (1993).
Edward Norton
Edward Norton é um actor muito carismático! E embora não aprecie muitas vezes o tipo de personagens que interpreta, ele é sempre fabuloso. Um actor de grande qualidade.
Sóbrio, impermeável, o seu olhar transmite um distanciamento quase absorto de sentimentos. A sua sensibilidade transparece raramente. Mas está lá.
Vira-o há um ano no filme The Illusionist, uma história encantadora que me agradou profundamente, e onde Edward Norton se mostra mais humanizado.
Também aqui, Norton, apesar de manter aquela postura tipicamente britânica,necessária à personagem que interpreta, acaba por deixar fluir alguns sentires na sua relação com as crianças no hospital onde faz investigação.
Edward Norton & Naomi Watts
Naomi Watts, no papel de uma mulher mimada da alta sociedade londrina, extrovertida, fogosa e pouco adaptada à sua época, deixa transparecer a ligeireza e futilidade próprias à sua personagem.
Mas ao longo do filme, e colocada perante a dura realidade que vive na aldeia chinesa, altera o seu comportamento e acaba por se tornar voluntária e apoiar as freiras no convento, ligado ao hospital, onde seu marido, para além das funções de investigador, presta assistência médica aos doentes terminais.
Aí, demonstra uma alegria esfuziante na sua relação com as crianças chinesas, internas no convento, a quem ensina música num piano desafinado.
O piano é uma das sonoridades bem em evidência ao longo do filme, em trechos de grande sensibilidade de Desplat.
E revela-se, quando toma conhecimento que seu marido está mortalmente afectado pelo vírus epidémico que tanto ajudou a debelar, demonstrando uma dedicação e carinho ilimitados.
O filme desenrola-se num ambiente de grande tranquilidade, onde até os momentos mais dramáticos são vividos com distanciamento e alguma frieza, o que se torna desagradável, por vezes. E o final aparece assim, quase que abruptamente.
Reflecte bastante da escrita de Somerset Maugham. O autor não é expansivo. Uma escrita profunda, mas discreta. Pragmática.
Um filme de qualidade! Sem dúvida! Não de grandes audiências. De um público mais atento. Lindíssimo.
Sóbrio, impermeável, o seu olhar transmite um distanciamento quase absorto de sentimentos. A sua sensibilidade transparece raramente. Mas está lá.
Vira-o há um ano no filme The Illusionist, uma história encantadora que me agradou profundamente, e onde Edward Norton se mostra mais humanizado.
Também aqui, Norton, apesar de manter aquela postura tipicamente britânica,necessária à personagem que interpreta, acaba por deixar fluir alguns sentires na sua relação com as crianças no hospital onde faz investigação.
Edward Norton & Naomi Watts
The Painted Veil
Naomi Watts, no papel de uma mulher mimada da alta sociedade londrina, extrovertida, fogosa e pouco adaptada à sua época, deixa transparecer a ligeireza e futilidade próprias à sua personagem.
Mas ao longo do filme, e colocada perante a dura realidade que vive na aldeia chinesa, altera o seu comportamento e acaba por se tornar voluntária e apoiar as freiras no convento, ligado ao hospital, onde seu marido, para além das funções de investigador, presta assistência médica aos doentes terminais.
Aí, demonstra uma alegria esfuziante na sua relação com as crianças chinesas, internas no convento, a quem ensina música num piano desafinado.
O piano é uma das sonoridades bem em evidência ao longo do filme, em trechos de grande sensibilidade de Desplat.
Edward Norton & Naomi Watts
The Painted Veil
O filme desenrola-se num ambiente de grande tranquilidade, onde até os momentos mais dramáticos são vividos com distanciamento e alguma frieza, o que se torna desagradável, por vezes. E o final aparece assim, quase que abruptamente.
Reflecte bastante da escrita de Somerset Maugham. O autor não é expansivo. Uma escrita profunda, mas discreta. Pragmática.
Um filme de qualidade! Sem dúvida! Não de grandes audiências. De um público mais atento. Lindíssimo.
"This is one of the finest films of the year"
Chicago Sun-News
G-S
Fragmentos Culturais
03.04.2007
(escrito e publicado sob pseudónimo, em 20.03.07)
Sem comentários:
Enviar um comentário