quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um Lugar para Viver



Poster Away We Go

Funy and poignant

New York Observer *

Gosto de filmes com história, com conteúdo de vida, com gente dentro. "Um lugar para viver" é tudo isso. Num ambiente naturalista, a última delícia muito indie de Sam Mendes


Depois de American Beauty e Revolutionary Road, eis-nos de novo perante a temática das relações humanas. Desta vez, num olhar bem mais positivo.


Away We Go, teve a sua premiere na noite de abertura do Edinburgh International Film Festival 2009.

"We're absolutely delighted to open the Festival with a wonderful film that marks a distinct change of pace for one of Britain's most celebrated contemporary directors, Sam Mendes. Away We Go is the perfect Opening Night for Edinburgh: funny, positive and smart, and a film I'm incredibly proud to present to our audiences."





Hannah McGill, EIFF's artistic director

Mais uma vez, os actores protagonistas foram bem escolhidos. E o resultado em "Um Lugar Perfeito para Viver" é uma combinação harmoniosa, inteligente, com momentos singulares de comicidade de John Krasinski e seriedade de Maya Rudolph.

Um casal que decide, mesmo com Verona 'muito' grávida, partir em busca de possíveis lugares para viver, num excêntrico trajecto de pessoas e amizades, na busca de modelos de família, que Mendes segue com a sua câmara, filmando com simplicidade e ternura esta comédia conjugal em forma de road movie. Nessa caminhada, Burt e Verona (adorei o nome!) vivem a verdadeira América. O que diferencia as diferentes cidades são precisamente as pessoas que as habitam.







Esta a última experiência cinematográfica de Sam Mendes que explora sem ligeireza mas com algum humor, as relações familiares, sobretudo a relação a dois, mostrando que não há modelos.


Assim, cabe a cada um de nós encontrar o seu próprio modus vivendi familiar, seguindo os nossos princípios e valores, e vivê-lo com toda a autenticidade e prazer. Uma mensagem encantadora da cumplicidade e afecto que deve existir entre um casal.


Ah! Não poderia deixar de referir a banda sonora, um dos elementos fundamentais nos filmes que procuro!


Alexi Murdoch é o cantautor da banda sonora de Away We Go! Melodias folk minimalistas ao som de uma boa guitarra acústica, líricas sem grandes pretensões. 


Há quem veja nele reminiscências de Nick Drake. Tive curiosidade e fui comparar, ouvindo alguns temas de Drake, Não posso deixar de concordar!

Há ainda dois temas de autores consagrados: What is Life de George Harrisson e Meet Me in the Morning de Bob Dylan.


Já fui vê-lo há algo tempo, mas recomendo...



Honest, humorous and moving!

Associate Press*



G.S. 


Fragmentos Culturais
29.04.2010


* citações retiradas do sítio oficial do filme

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor






crédits: Gabriel Pacheco
via Sapo fotos


Dia Mundial do Livro! Celebro-o em cada dia que passa, em muitos momentos, adentrando-me pela noite, esquecendo, tantas vezes, as horas que devo ao descanso.

Desde sempre, um ou dois livros me acompanham por onde ando. E, por cada instante de pausa, pego num deles e leio, embrenhada nos instantes do meu imenso prazer. Ler! Saber ler! Fruir desse privilégio! Ler. 






O Leitor
Bernhard Schlink




The Reader 
Stephen Daldry, 2008

Quem viu o filme, O Leitor/The Reader ou leu o livro com o mesmo título, compreenderá que assinalar o Dia Mundial do Livro para quem não sabe ler, é quase um pecado.

Assim, decidi deixar um excerto que transmite muito do que penso sobre o direito fundamental - O Direito de Saber Ler - que não é concedido a milhões de pessoas no mundo, sendo a maioria mulheres e jovens raparigas, impedidas de frequentar a escola.


O excerto é de O Leitor, do escritor alemão 
Bernhard Schlink. Um livro que conta a história de uma mulher a quem não foi dado o direito de aprender a ler. Mas que tinha o fascínio de ouvir ler.


O livro foi adaptado ao cinema. Escrevi sobre o filme no post O Leitor : o filme, o livro (2009).






O Leitor
Bernhard Schlink
Edições Asa,1998
https://www.fnac.pt/


"A Hanna não sabia ler nem escrever.


Por essa razão, para evitar o confronto com os peritos em grafologia, confessara ter escrito o relatório. Seria também por essa razão que ela falara de mais durante o processo? Por que não tinha podido ler o livro da filha, nem o texto de acusação e, portanto, ignorava as suas hipóteses de defesa e não pudera preparar-se convenientemente?
(...)


Por essa razão? Eu podia compreender que se envergonhasse de não saber ler nem escrever, e que preferisse comportar-se comigo de uma maneira inexplicável em vez de se revelar. 


Mas seria possível que a vergonha de não saber ler nem escrever explicasse também o comportamento da Hanna durante o julgamento e no campo de concentração? Que preferisse ser acusada de um crime a passar por analfabeta? Que cometesse um crime por ter medo de se mostrar analfabeta?"

Bernhard Schlink, O Leitor, (excerto)

Edições Asa, 1ª edição, 1998

Entendem melhor, espero, por que escrevi mais acima que festejar o Dia Mundial do Livro é um constrangimento para quem não sabe ler.


Mas a causa da celebração deste dia dedicado aos livros é muito meritória. UNESCO promove a leitura e tenta com isso alertar para a iliteracia , de modo a que governos, entidades,e comunidades lutem contra este flagelo no século XX.


Este ano, a UNESCO decidiu enfatizar a necessidade de lutar contra a pirataria dos livros, preservando
 a criatividade dos autores. Também este, um direito inalianável.
Seria infindável a pincelada de letras! São tantos os livros que gostaria de aqui deixar esboçados! É que os livros são, a par da música, o meu respirar, o salto para o sonho e dele, para o univers- Sons mudos que aspergem fragmentos de acalmia ou de desassossego na interioridade dos tempos.

Tornar-se-ia fastidioso para quem lesse. É que o imenso afecto pelos livros vem-me da infância! E são tantos os livros lidos.

"Ler é trazer a si, mas não cenas e imaginação. Trazer o real de outra vida que nos chame humanos.

Maria Gabriela LlansolRestante Vida, 1978


G-S


Fragmentos Culturais

23.04.2010
Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Fotografia e Arte Digital... em Chaves!





Está decorre o concurso de fotografia e arte digital: Festival Internacional da Imagem -Festimage que vai na sua quarta edição! O prazo para enviar trabalhos vai até 14 Maio.


Trata-se de um evento promovido pela Câmara Municipal de Chaves,  em Portugal,  sim! Gostei da notícia por isso mesmo! Câmara Municipal de Chaves, em Portugal!! Será que podia haver dúvidas que Chaves é Portugal?!




Pois bem! Não há dúvida que a cidade fica bem mais viva com esta miscigenação original de arte.


Chaves reúne na sua cidade obras fotográficas e de arte digital de autores  de diferentes partes do mundo!



Nas três edições anteriores (2007-2009) concorreram ao Festimage 5.217 pessoas, oriundas de 92 países. Surpreendente! Isto porque frui de um meio de divulgação imbatível! A Internet!

O maior número de participantes foi sempre da Espanha, do Brasil, da Alemanha e de Portugal. No ano passado o certame contou também com uma significativa participação de fotógrafos e criadores de arte digital da Índia, França, México, Colômbia, Rússia, Roménia e Geórgia.

Festimage

Impensável não visitar a galeria de Imagens 2010 já disponibilizadas aqui 

Perdi-me nas páginas! É que há tantas imagens tão belas! Devo dizer que é dificílimo seleccionar. Mas, por fim, lá tive que me decidir, quase aleatoriamente, dada a escassez de tempo!

 




Para voltar e admirar com tranquilidade...

G-S

Fragmentos Culturais
21.04.2010

Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®

Licença Creative Commons

domingo, 18 de abril de 2010

All This Jazz em ambientes inusitados


Poster

O ciclo All This Jazz, promovido pelo Shopping Cidade do Porto e o Península Boutique Center (sonante, esta variante do nome!) vai, a partir de amanhã, dia 19 de Abril, animar os centros comerciais, na Boavista.

Até ao dia 24 de Abril, irão decorrer seis concertos, que envolvem 25 músicos da Escola de Jazz do Porto.

Os espectáculos realizar-se-ão, alternadamente, entre o Cidade do Porto e o Península, e terão início às dezoito horas e trinta minutos.


Bem, isto não é muito usual! Mas pode ser uma excelente ideia, quem sabe!  

Com uma programação digna de registo, será sem dúvida interessante incentivar estes novíssimos músicos de jazz.

Estamos sempre a tempo de desvendar novas sonoridades. 


A passar por lá! Vamos ouvir como soa!

G.S.

Fragmentos Culturais
18.04.2010


sábado, 17 de abril de 2010

... em noite de fresca primavera




Luis Robayo/ AFP 2009
https://news.yahoo.com/



A noite apresenta-se de acalmia aparente, a brisa fresca passeia-se em volta da vidraça, como prenúncio de  mais uma tristonha madrugada.

Olhando as luzes trémulas, quase melancólicas, dispostas em cascata, cerro devagar a persiana, como que para captar num último 
olhar a paisagem. Preparo-me para adormecer, apesar de sobressaltada pelo vai-e-vem insistente das chuvadas inquietas que não desistem de atormentar minha janela.

O silêncio que tanto aprecio, faz-se presente e uma doce melopeia põe-se num recanto da minha cidade.

Abro um livro, sempre por perto, os olhos percorrendo algumas linhas da leitura que escolhi para puxar o aconchego do sono.
  
... Até que alguém se aproximou de mim e pousou suavemente a mão sobre o meu ombro, os meus pensamentos pertenceram ao mar. 

Haruki MurakamiA Sul da Fronteira, a Oeste do Sol
Casa da Letras, Março 2009, 1ª edição


Os olhos vão-se semicerrando. Percorro os jardins da infância. Ternos aromas. Ousava a Primavera! Aspiro, profundamente, a brisa dos afectos, as fragrâncias, das noites lá em casa de meus pais.

Desligo o portátil, aconchego-me, oiço Are You Lonesome Tonight, pela voz de Norah Jones. Adormeço.


G-S

Fragmentos Culturais

18.04.2010
Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®    


Licença Creative Commons 


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Webdesign... quanta criatividade!




Já sabem que sou fã das tecnologias há muito tempo. Esse meu interesse não passa por este espaço, mas gosto de o abrir também às coisas que pratico. Porque não? Elas fazem parte do meu quotidiano.

Fascinaram-me desde sempre porque funcionam como abracadabra! Eis o saber universal ao alcance de todos!

Embora seja  contra a digitalização dos livros de determinados géneros... como por exemplo Literatura! Google Library tem enfrentado sérios problemas com autores! Mas isso dá para outro post.

Hoje o tema é Webdesign!  Beautifully-webdesign.net é um domínio que reúne as mais bonitas páginas web! O critério será discutível, como tudo em arte, aliás! Mas os 1000 sítios web disponibilizados são uma referência em webdesign.

As propostas são quase todas de carácter comercial, mas não deixam de ser atractivas. Quantos anúncios publicitários são obra de grande criatividade!
Então, para quem gosta de arte digital... mesmo com fins publicitários.


Stardust TV montage from Irmantas Genotas on Vimeo.


Não pude aí passar horas, mas dos poucos vídeos que vi, gostei deste! Sério! Uma imensa dose de imaginação bem mesclada de frescura!

G.S.

Fragmentos Culturais
14.04.2010

fonte: Casa dos Bits, Site do Dia

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dee Dee Bridgewater na Casa da Música







Dee Dee Bridgewater
Margot Schulman/ Kennedy Center 2009

Ninguém duvida que não deixaria passar Dee Dee Bridewater! E na Casa da Música! Naquela sala lindíssima!

Razões!? Adoro bom jazz! Adoro Billie Holiday! Adoro a sala Guilhermina Suggia! Não são razões suficientes?!

Pois bem! Foi na terça-feira, dia 6 de Abril! Uma noite envolvente ao som daquele jazz muito New Orleans, um jazz baseado na verdadeira improvisação instrumental que está na essência deste género musical tão rico de sonoridades e empatias! E Dee Dee Bridgewater apresentou-se  talentosa como uma diva! 

Hoje quase não se pode falar de divas em jazz! Isto se quisermos referir  'grandes vozes clássicas' do jazz. Se assim se pode falar de jazz?! 

Vozes que enchem o nosso imaginário musical, de Billie Holiday a Ella Fitzgerald, de Nina Simone a Sarah Vaughan. Ora, é nessa linha que Dee Bridgewater é uma das poucas divas do jazz actual.






Billie Holiday

A cantora, numa intensa tournée de um ano, veio apresentar, directamente de Boston, o seu último trabalho, um tributo pessoal "To Billie with Love - Celebrating Lady Day!" 

I thought I'd take a risk and show that Billie Holiday was a whole woman, not this dark, depressing victim who gets portrayed in a maudlin and stark way," 

Dee Dee Bridgewater*




Billie Holiday
Lady Day

Billie Holiday, a mítica lenda do blues, desaparecida prematuramente há 50 anos.  Inesquecível!

"Holiday, who died tragically at 44, was known for her muted, introspective voice and reserved stage presence. Bridgewater's booming instrument and kinetic energy seemed strangely at odds with the legend she was invoking. Was this a case of mistaken jazz identity?"

Assim se lê numa crítica de Josh Getlin no LA Times online em 15 de Março último.


Em certa medida,compreendo-o! Quem aprecia profundamente Billie, e eu incluo-me nesse grupo, jamais encontrará quem a iguale. Nem tal se pretende! Era um ser com uma aura muito especial. 

Holiday tinha estilo e personalidade, e, sem uma voz com grande técnica, soube criar sofisticados efeitos musicais, a sua dicção era unique, o seu fraseio dramaticamente intenso.

Abstraí dessa ideia. Fui apenas ouvir um tributo a Billie cantado por Dee Dee! E gostei!


 Dee Bridgewater/Mark Higashino

Senhora de uma personalidade muito própria, incontestável riqueza sonora na voz bem burilada e portentosa, plena de cambiantes rasgadosDee Dee cantou Billie bem ao seu jeito! 

“Billie deserves to have her music heard in another light”


Dee Dee*


E foi assim que fez ouvir Billie! Alegre, extrovertida, esfuziante, em cima do palco, Dee Dee cantou, ora seguindo as melodias, ou fugindo-lhes, ora prolongando as notas, a brincar no scat, ora a imitar o saxofone, num diálogo bem intenso com Carter e os diferentes instrumentos que complementavam sua voz. 

“This was my dream band,” says Bridgewater. “I got to work with these musicians who I’d been dying to play with. I thought, I can’t miss. With this band I can have a hard-swinging, touching celebration of Billie’s music.”


Dee Dee*


Ela foi extraordinária. Pela intensidade, energia, sentido de espectáculo, alguma teatralidade, elegância, sedução, sensualidade, e alma! Dee Dee esteve brilhante! E que músicos de qualidade naquele quarteto!


Numa melodia, senti a aproximação ao timbre e fraseio intimista de BillieYou've Changed com James Carter fazendo soar o seu saxofone num tom muito smoky soul. Para mim, o momento mais belo e intimista da noite.





This album is my way of paying my respect to a vocalist who made it possible for singers like me to carve out a career for ourselves.

Dee Dee Bridgewater*


Uma autêntica noite de jazz, como já não ouvia há muito tempo! Com direito a um encore.

A sala Suggia transfigurou-se! Como já se havia transfigurado com Peter Murphy!  A música tem destas coisas!

"A música tem pois esse carácter libertador em relação aos obstáculos que pressentimos na linguagem." [...]


Michel ButorO Livro e a Música, Diálogos France Culture


G-S 

Fragmentos Culturais

08.04.2010
Copyright © 2010-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®