domingo, 9 de junho de 2013

Livros! Afectos soltos




Autor não identificado

“I want to write something new, something extraordinary and beautiful and simple and intricately patterned.”

F. Scott Fitzgerald

Gostaria de ter essa talentosa capacidade! Mas não! Fico-me pela simplicidade. E é com simplicidade que escrevo hoje um pouco, depois de tão longa ausência. Sim, primeiro foram projectos inadiáveis que me mantiveram afastada. Verdade. Mas depois, não me bateu aquela vontade natural de escrever sem compromisso. Sentava-me, deixava correr algumas palavras, parava, fechava o computador. E outro dia passava. 

Hoje, porém, senti que poderia voltar a escrever. Sobre cultura. Claro!

Poderia falar de Serralves em Festa que está a decorrer este fim-de-semana! Do concerto de Dee Dee Bridgewater esta noite na Casa da Música.




O Grande Gatsby | Baz Luhrmann

De O Grande Gatsby, a nova versão cinematográfica do romance de F. Scott Fitzgerald The Great Gatsby. Em adaptação e realização do brilhante e imaginativo . 




O cineasta australiano, escritor e realizador, combina deslumbrante visual em 3D, excelente banda sonora (Jay-Z, Jack White, Lana Del Rey, The XX, entre outros, remisturados com George Gershwin), e estilos de narrativa, tecendo um Jazz Age cocktail bem fiel ao seu estilo. 

Quem viu Romeu e Julieta (1996) sabe que não exagero. Baz Luhrmann é único.




The Great Gatsby
F. Scott Fitzgerald

Suponho que captaram de imediato, ao ler a citação inicial de F. Scott Fitgerald, que escreveria, no entanto, sobre livros! Livros, sim! E de seus autores, virando-me agora para a literatura de língua portuguesa.

Neste espaço de tempo de ausência, dois grandes escritores portugueses foram homenageados a nível internacional. 

Nuno Júdice recebeu o Premio Reina Sofia de Poesía Iberoamericana. Este galardão, também atribuído a Sophia de Mello Breyner (2003), é concedido pelo Patrimonio Nacional e pela Universidad de Salamanca. Reconhece o conjunto da obra de um autor vivo É considerado o mais prestigiado do género no universo Ibero-Americano.






Nuno Júdice é um dos poetas vivos que leio profundamente, muito presente sempre, entre os meus livros.

«Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
que saem de dentro dele, e me dizem que
o poema é feito de muitos silêncios,
colados como os gomos da laranja que
descasco. E quando levanto o fruto à altura
dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
os versos soltos de todos os silêncios
entrarem no poema, como se os versos
fossem como os gomos que tirei de dentro
da laranja, deixando-a pronta para o poema
que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.»

Nuno Júdice, O Som do Silêncio
in Guia de Conceitos Básicos, Dom Quixote, 2010




Mia Couto

Num registo totalmente diferente, mas encantador, Mia Couto. Mia Couto recebeu o "Prémio Camões 2013". Manuel António Pina recebeu-o em 2011.

O Prémio Camões foi criado em 1988 por Portugal (Fundação Biblioteca Nacional) e pelo Brasil (Departamento Nacional do Livro) para distinguir um autor de língua portuguesa que "pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum".

"Literatura não é produzir livros, é esta dinâmica que anda à volta da escrita literária, que envolve as escolas, as famílias, as bibliotecas, a circulação dos livros. Tudo isso faz uma literatura."

Mia Couto

O júri desta 25.ª edição decidiu premiar Mia Couto pela "vasta obra ficcional, caracterizada pela inovação estilística e pela profunda humanidade".

O escritor moçambicano referiu que gostaria de usar o valor do prémio para desenvolver um projecto que possa dar "espaço aos jovens escritores moçambicanos".

Mia Couto, na poesia e na narrativa, deu origem a uma cativante inovação verbal a que alia "a capacidade de transportar para a escrita a oralidade". São vários os livros lidos.







E finalizo com a polémica suspensão, este ano, da Feira do Livro no Porto pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, alegando falta de meios financeiros.



Convite


José Luís Peixoto (meus livros, meus afectos) esteve, esta quarta-feira, dia 5 Junho, no Porto, reunindo com os seus leitores, num espaço público da cidade. O encontro foi um protesto passivo contra a ausência da Feira do Livro que se realizava na cidade desde 1930. 

Mas, há um movimento alternativo de escritores que se autodenomina "Acorda Porto" que pretende chamar a atenção para a falta que a feira do livro faz e que vai dar origem a alguns eventos associados. A ler no Público aqui 


G-S

Fragmentos Culturais

08.06.2013
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