quarta-feira, 31 de março de 2010

Juliette Binoche : Cartaz Festival Cannes 2010






Festival Cannes 2010
Juliette Binoche
photographie: Brigitte Lacombe
affiche: Annick Durban

Juliette Binoche é a imagem do cartaz oficial que publicita a 63ª edição do Festival de Cannes 2010 que decorrerá entre 12 e 23 Maio.
Uma figura icónica do cinema francês que dá vida à imagem de Annick Durban  com um movimento amplo, animando-a de um gesto luminoso. 

De acordo com a organização, o cartaz deste ano pretende "continuar a série de heroínas que representam os mistérios do ecrã, iniciada há dois anos". 

Excelente escolha, já que Binoche é uma actriz de mérito rinternacional com excelentes interpretações em muitos filmes, alguns inesquecíveis.





Festival Cannes 2008
créditos: Pierre Collier, affichiste de cinéma
photo: David Lynch représentant la mannequin 
du Crazy Horse Anouk Marguerite

O presidente do Júri convidado é Tim Burton! Hum! Prometedor! 





Tim Burton
Presidente do Júri/ Cannes 2010
créditos: AFP

Quem viu o seu último filme (ainda em exibição) Alice in Wonderland sabe que arrebatou maior audiência, logo no primeiro fim-de-semana de exibição nos Estados Unidos, do que o fantástico Avatar, não tenho mais dúvidas sobre a imensa imaginação e criatividade deste realizador de inesgotável na magia da imagem.






Robin Wood, o clássico de aventuras (fora de competição) terá as honras de abertura. Realizado por Ridley Scott, outro realizador de culto que muito admiro. Actores consagrados como Cate Blanchett e Russell Crowe, entre outros. 





63ª edição Festival Cannes 2010
Robin Wood
Cate Blanchett & Russel Crowe
créditos: Abaca

E destaco por mera subjectividade, William Hurt e Vanessa Redgrave, esta última no papel de Eleanor of Aquitaine.





63ª edição Festival Cannes 2010
Robin Wood
William Hurt & Vanessa Redgrave

No dia 15 Abril, Thierry Frémaux desvendará a composição do Júri, bem como os filmes em competição. 

A estar atento!


G-S


Fragmentos Culturais

30.03.2010
actualizado 23.05.2010
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domingo, 28 de março de 2010

Tempos Soltos lendo Eduardo Prado Coelho




Untitled | Amadeo de Souza-Cardoso
via Wikipaintings

Porquê, afinal ? Porque de tempos a tempos há coisas que me tocam. Ainda.

Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi,

Diário I, Edições Asa, 1992

E Março adentrou-se! Fresco, brumoso, entre nuvens desorientadas cinza-pardo num céu de adamastor furioso! Verdadeiro Março. Estações que se baralham, destemperadas e avulsas.




Tarot The World


Um fio de paixão pela escrita recomeça a emaranhar-se nestes dedos tão inquietos quanto o ritmado e fulgente pensamento!

Mãos que poisaram mansamente em fins de tardes frias com saudades dos sabores a maresia e brilho azul-prata. Tempos esparsos de acalmias, percorrendo pausadamente as folhas de alguns dos livros que acompanharam meus lugares de interioridades.


Escolho o livro como uma carícia silenciosa, a gesta da reconciliação com o mundo: desejo de fluidez, de ternura que se entorna num gesto desajeitado, esforço para reconduzir a alegria a este rosto encostado à tristeza como a um vidro de aquário.

Eduardo Prado CoelhoTudo o que não escrevi, 
Diário I, Edições Asa, 1992, pág 23

Um acontecimento me tocou nestes tempos soltos de uma anunciada primavera! Um encontro inesperado colheu-me ontem, à noite, com um gesto de suavidade. 

Alegrias e tormentas desvanecidas se mesclaram em momentos ímpares, trazendo-me a realidade de seres autênticos, num olhar bem atento, amistoso e introspectivo.

Dias perfeitos, redondos como pedras, nítidos, coincidentes, plenos, drapejados. Contudo nada foi tão perfeito como a relação contigo: um braço sobre os ombros, a mão nos cabelos, a sabedoria da amizade, o afecto infinito. Talvez eu ainda não estivesse preparado para uma tal exigência. Mas pouco a pouco percebi que havia um encontro inadiável.

Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi, Diário I

Edições Asa, 1992, pág 24

Hoje, o dia esteve lindo! Lá longe o sol poente em contraponto com o mar apenas adivinhado pelas cores quentes de um firmamento que, de mansinho, se vai mostrando conciliador.

Com o final de tarde a abater-se nas vidraças luminosas e bem temperadas, eu espraio meu olhar na imensidão do horizonte, tranquilo, acolhedor, de tonalidades finalmente azul-claro! Fragrâncias aspiradas de uma nova estação se adivinham. Já chegou a Primavera?

A um grupo muito especial, 

G-S

Fragmentos Culturais


28.03.2010

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quinta-feira, 25 de março de 2010

Arte e Tecnologias


Ontem no noticiário televisivo deparei-me com este fantástico evento só possível com o desenvolvimento das Tecnologias! E emudeci.

Eric Whitacre,  um compositor norte-americano, reuniu 185 pessoas de 12 países diferentes num coro virtual. 

A interpretação de Lux Aurumque resultou da colagem de todas as vozes, individualmente colocadas no Youtube ao longo de vários meses, respondendo ao apelo do compositor.




Uma autêntica maravilha sobre um cenário 3D!

Indescritível a emoção que se frui ao ouvir este coro que uniu virtualmente pessoas de níveis etários diversificados num simples gesto de fazer música por paixão!

Não páro de me fascinar quando a criatividade ultrapassa fronteiras e  interesses, e se solta para gáudio dos próprios criativos e participantes e do público que assim os pode apreciar.


G.S.
Fragmentos musicais 
25.03.2010


segunda-feira, 22 de março de 2010

E no Dia Mundial da Poesia...





Pessoa
Júlio Pomar (1985)

Ah! querem uma luz melhor do que a do Sol
Ah! querem uma luz melhor que a  do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes! 

Querem flores mais belas do que estas que vejo! 
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Sim, choro às vezes o corpo perfeito que não existe.
Mas o corpo perfeito é o corpo mais corpo que pode haver.
E o resto são os sonhos dos homens,
A miopia de quem vê pouco,
E o desejo de estar sentado de quem não sabe estar de pé.
Todo o cristianismo é um sonho de cadeiras.

E como a alma é aquilo que não aparece,
A alma mais perfeita é aquela que não aparece nunca —
A alma que está feita com o corpo
O absoluto corpo das cousas,
A existência absolutamente real sem sombras nem erros,

A coincidência exacta e inteira de uma cousa consigo mesma.




Alberto Caeiro, Ah! querem uma luz melhor do que a do Sol
in Poemas Inconjuntos

Poesia , Assírio & Alvim, ed. Fernando Cabral Martins, Richard Zenith, 2001

... ontem 'Dia Mundial da Poesia' Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, foi ouvido em Maratona no CCB.

Não que tenha algo contra estas manifestações de massificação da cultura!

Muito pelo contrário! A cultura deve chegar a todos! Mas, nem todos os poetas serão compreendidos em maratona...


G.S.

Fragmentos Culturais

22.03.2010
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domingo, 14 de março de 2010

Jean Ferrat




Jean Ferrat


Jean Ferrat


Jean Ferrat morreu. Acabo de tomar conhecimento. O poeta cantor morreu.

Rien n'est précaire comme vivre
Rien comme être n'est passager
C'est un peu fondre comme le givre
Et pour le vent être léger
J'arrive où je suis étranger

Jean Ferrat, J'arrive où je suis étranger

Le chanteur Jean Ferrat est mort samedi 13 mars à l'âge de 79 ans à l'hôpital d'Aubenas, à une quinzaine de kilomètres de son village d'Antraigues-sur-Volane, en Ardèche. Artiste engagé, (...), il était l'auteur, l'interprète et le compositeur de plus de deux-cents chansons.


Um cantautor que acima de qualquer ideologia soube cantar Aragon, dedicou composições a Neruda e Lorca, poetas de referência das minhas leituras de autor.

Considerado o último dos grandes nomes da 'chanson française', ao lado de Jacques Brel, Leo Ferré e Georges Brassens, morreu neste sábado, dia 13 de Março 2010, segundo informação das autoridades locais em Ardèche (sul da França), onde vivia.

Tocou em cabarets parisienses numa orquestra de jazz, no início da sua carreira. Só depois se tornou autor e cantor.



Nascido Jean Tenenbaum a 26 de dezembro de 1930 em Vaucressson (um subúrbio parisiense), Jean Ferrat perdeu o pai quando tinha 11 anos, um judeu russo que foi deportado para o campo de concentração nazi de Auschwitz, onde acabou por morrer. O cantor foi salvo por militantes comunistas, algo que nunca mais esqueceria.

http://diariodigital.sapo.pt

Em 1974 e 1995, Jean Ferrat consagrou com sucesso dois albums a Louis Aragon. O cantor poeta que, imbuido de uma sensibilidade natural, soube pôr em música os textos de Aragon: Que serais-je sans toi ?, Heureux celui qui meurt d'aimer.



Réticent à passer à la télévision, le chanteur sort d'un long silence en 2003, pour l'émission Vivement Dimanche" de Michel Drucker. Il y défend ses deux passions, la chanson et la politique, s'insurgeant notamment contre la grande industrie du disque qu'il estime dangereuse pour la liberté de création.


As sua canções ficam na memória poética de todos aqueles que apreciam a vaga da 'chanson française'.
 
Como escreveu um blogger francês, "Jean Ferrat n'ira pas au Panthéon, il y est déjà!"
 
 
Ah c'est toujours toi

que l'on blesse
c'est toujours ton
miroir brisé
Mon pauvre bonheur,


Louis Aragon, Aimer à perdre la raison, extrait
 
 
G-S

Fragmentos Culturais
 
14.03.2010
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* A Daniel pela sensibilidade do gesto.
A Gonçalo que estendeu tal gesto.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher




Blessures de femmes,Catherine Cabrol
Exposition Parlement Européen


Hoje, 8 Março 2010,  celebram-se 100 anos do "Dia Internacional da Mulher". Numerosas vão  ser as  manifestações em todo mundo. Uma celebração feita de transmissão, herança e de combate, sempre.
 
A União Europeia reafirmou o seu empenhamento na defesa da igualdade do género ao publicar ontem, dia 5 de Março a Women's Charter.

"I am particularly proud to be in charge of putting in place a comprehensive and effective policy framework to combat gender-based violence," disse  a  vice presidente da Comissão Europeia Viviane Reding. "Gender-based violence is a violation of fundamental rights, in particular human dignity, the right to life and the right to the integrity of the person."


Blessures de femmes,Catherine Cabrol
Editions atlantica-Séguier, novembre 2009

Uma recolha de retratos fotográficos e de testemunhos escritos por mulheres que foram vítimas de maus tratos está na origem deste livro.

Concebido e realizado por Catherine Cabrol  voluntariamente construído  na diversidade, sob o signo da verdade, da dignidade e do respeito  pela vida das  mulheres.

Catherine Cabrol mostrará as suas fotografias na  exposição "Violence contre les femmes : le Parlement européen s’engage", no Parlamento Europeu, de 8 a 19 Março 2010*





Esta minha homenagem visa relembrar todas as mulheres mortas, vítimas de maus tratos em Portugal, ao longo de 2009. 


G-S

08.03.2010
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Licença Creative Commons


segunda-feira, 1 de março de 2010

Encerramento JO Vancouver




Reuters | Chris Helgren 2010




AFP | Dimitar Dilkoff 




Nodar Kumaritashvili | Elise Amendola/AP 



Nirvana


Para além do Universo luminoso 
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida, 
Abre-se como um vácuo tenebroso.
A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
Termina aí o ser, inerte, ocioso...
E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,
A bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais. 



Antero de Quental



G-S

Fragmentos dedicado ao atleta Nodar Kumaritashvili que morreu tragicamente, poucas horas após a abertura dos JO Vancouver 2010. 

28.02.2010
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