quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Edward Kennedy : tributo






Edward Kennedy 
credits: File photo







26.08.2009/ Edward 'Teddy' Kennedy
AP /Bill Sikes 2009





Edward Kennedy
credits: REUTERS/Brian Snyder/Files 2008
via REUTERS


A morte do senador americano Edward 'Ted' Kennedy, vítima de um tumor cerebral aos 77 anos, encerra uma saga que dominou a política dos Estados Unidos desde os anos 60. 


'Teddy' foi o único dos irmãos homens do clã Kennedy que não morreu violentamente. O irmão mais velho, Joseph, piloto, morreu durante a Segunda Guerra Mundial num acidente aéreo. E Johnn e Robert foram assassinados durante campanhas presidenciais. Tempos difícieis para a família Kennedy.






John, Robert e Edward Kennedy
Hyannisport
credits: REUTERS/ Bettmann Archive
via TIMES


Nascido no privilégio e na riqueza, Edward Kennedy tornou-se a voz dos jovens e velhos, pobres, minorias e trabalhores durante o quase meio século, como Senador. 





                                           Senador Edward Kennedy
                                                via Google Images


Ao longo dos anos, liderou bem-sucedidos esforços na melhoria das escolas, reforço dos direitos cívicos, aumento do salário mínimo, ilegalização de discriminações e alargamento do acesso a cuidados de saúde.





Senador Edward Kennedy
credits: AP/John Duricka

Há muito a fazer”, disse Kennedy à Reuters numa entrevista de 2006, em que lhe foi pedido para explicar o que até os críticos chamam os seus esforços incessantes em nome dos oprimidos. 

Acima de tudo é a injustiça que continuo a ver e a oportunidade de ter algum impacto sobre isso

Senador Ted Kennedy 


O Senado presta-lhe homenagem aqui





Sen. Edward Kennedy participates in a bill-signing ceremony, 2005
Michael Dwyer/ AP


Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.

Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,

Quando esfria no fundo da planície

E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janella. [...]


Alberto Caeiro, 'O Guardador de Rebanhos', 08 Março 1914



G-S

Fragmentos Culturais

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fim de tarde em Serralves






Parque de Serralves
http://www.serralves.com

"Serralves é uma referência singular no património da paisagem em Portugal, sintetizando e simbolizando uma aprendizagem e um conhecimento das condições de transformação do território, no espaço e no tempo, num contexto cultural: Portugal e os séculos XIX e XX."

Fundação Serralves

De volta à cidade, seduziu-me a ideia de um final de tarde cultural, num ambiente bem paradisíaco: Serralves!

Meu santuário de serenos prazeres! Ler, aspirar o silêncio, encher meus olhos daqueles tons de verde matizados que tanto suavizam alguns dos dias do ano mais stressantes.
Procuro Serralves para me por em paz com a cidade barulhenta, confusa e cada vez mais bárbara.

Mas não só! Junto outro aspecto que muito me atrai! A arte! Digamos que fruo no mesmo espaço de duas contemplações estéticas!
A arte da paisagem e a arte dos espaços por onde prepassa sempre uma aragem contemporânea da arte que se vai recriando a nível mundial.

Nem sempre estou em consonância com o que vejo. Mas, pelo menos, aprecio as tendências actuais e discirno entre as provocações e o que me agrada profundamente! 


Um 'banho de arte' é sempre um banho de arte! É como partir para um país em busca de um 'banho de língua'.
Regressa-se sempre mais enriquecido.


Bem, mas estava a discorrer que fugi dos lugares buliçosos onde as pessoas se concentram, para plena agonia de uma citadina pacata, e dirigi-me a Serralves em busca de serenidade e com um programa previamente estudado: duas exposições!

Serralves - A Colecção
Daniel Buren Livros e outras Publicações





Daniel Buren : Livros e outras publicações

Serralves 2009 
https://www.serralves.pt/

"Esta exposição da Colecção da Fundação de Serralves apresenta um balanço do trabalho desenvolvido com o acervo ao longo desta última década. Ocupando todo o Museu e o Parque, esta exposição apresenta obras maiores, representativas quer do núcleo histórico da Colecção (abrangente das décadas de 60 e de 70) quer das constelações de artistas identificáveis no acervo desde a década de 80 até à actualidade."

Fundação de Serralves

Devo dizer que a exposição me atraía pela visibilidade dada a algumas obras que até então não eram conhecidas do público. Esperava portanto poder admirar algumas das novidades do acervo do Centro de Arte Contemporânea.

Eram mais ou menos dezassete horas e trinta minutos quando aparquei perto da entrada. Peguei num dos livros que sempre me acompanham e dirigi-me com tranquilidade à Recepção.

Dois colaboradores de Serralves, vestidos de negro, comodamente sentados, olhavam as poucas pessoas que entravam. Aliás, apenas um jovem casal de língua inglesa e eu acabávamos de passar o limiar da porta. Estranho, pensei.


Um deles, solícito, levantou-se para acolher o par de turistas, por sinal bem interessado, enquanto o outro, permaneceu sentado, já que tinha diante de si uma 'turista' nacional!








Daniel Buren : Livros e outras publicações
Serralves 2009 

"Tanto nas suas intervenções destinadas a um espaço específico como nos seus livros, Daniel Buren cria obras in situ. Nos seus trabalhos usa tiras coloridas de 8,7 centímetros de largura, unidade a que chama a sua “ferramenta”. Os seus livros, obras completamente independentes, podem conter textos ou “fotografias-recordações”. [...] A recente aquisição pelo museu de Du vélum au volume e Passages, duas das suas obras/publicações mais importantes, tornou a colecção da Biblioteca Serralves uma das mais completas no que toca a livros de Daniel Buren."

Fundação de Serralves

Livros! E cá estou eu de volta desses objectos de culto que são para mim os livros! Esse constante encantamento que me acompanha! 

Ora, como estão a ver, o meu final de tarde cultural era promissor! Já antevia com agrado novas paisagens no meu universo estético-literário!

Pedi então um ingresso ao colaborador que permanecia bem sentado. Este olhou para mim com aquele ar que todos conhecemos e respondeu-me secamente que as exposições se encontravam encerradas.


Perguntei qual o motivo. Piorou. Aí disse, com o tal ar de superior provincianismo, que as mesmas encerravam às dezassete horas e que se bem reparara já eram dezoito horas.

Atónita olhei-o e olhei em volta. Será que me tinha enganado no espaço? Será que me encontrava numa daquelas instituições de serviços aos utentes?


Como se a minha incredulidade tivesse a ver com a não compreensão da sua 'complexa' mensagem, agastado, propunha-se repeti-la!! Cortei com um obrigadagra gracioso. 

O casal inglês e eu entreolhámo-nos, sem compreender muito bem! Um museu que se quer contemporâneo e onde se busca arte contemporânea, em horário não contemporâneo? E em pleno mês de Agosto?


O olhar fugiu-me para outras paisagens. Um passeio, ao princípio da noite,  em Roma, depois de três dias de intenso trabalho. Saíra agora sim à descoberta de algumas das artérias mais interessantes da cidade, nas poucas horas que me restavam, antes do voo de regresso. 





Scalinata della Trinità dei Monti/ Roma
créditos: Autor não identificado

Em plena Via Condotti, junto à belíssima 
Scalinata della Trinità dei Monti que dá sobre a Piazza di Spagna, lojas, cafés, galerias de arte, e até a Chiesa della Ss.Trinità dei Monti, onde me acolhi por instantes, tudo estavam aberto ao público! Eram vinte horas. Assim se mantiveram, mesmo quando abandonei o centro da cidade e me dirigi para o hotel. Divagava.


Bom! Mas voltemos a Serralves. O casal viu-se na parca escolha de um apressado passeio pelo Parque. Um dos mais belos sítios da cidade para ser visitado com tempo e tranquilidade. 


Eu subi à agradável esplanada, no primeiro piso. Parece poisada na paisagem, disposta a saborear os últimos raios de sol da tarde, lendo um pouco. Felizmente que trouxera comigo o livro.

Mas, para má fortuna, o local estava cheio e barulhento! É óbvio! Voltei ao interior, e escolhi um espacinho bem colado ao verde que se desfruta da enorme janela rectangular, rasgada sobre o verde do Parque, situada no Restaurante. Pedi um café e reabri o livro. 






Restaurante piso superior/ Serralves
créditos: Serralves

Entre a paisagem natural e a as páginas que percorria, meu olhar passeou-se sereno, naquele final de tarde que se abatia lentamente sobre o parque de Serralves. Lindíssimo, o entardecer!

Permaneci ainda alguns largos minutos, até que desci para passar pela Livraria. Um espaço sempre bonito porque coberto de livros!

Aí se podem apreciar algumas das principais publicações de Serralves e outras edições que tanto agradam aos que gostam destas coisas ligadas à arte e aos livros.




Livraria de Serralves
http://www.serralves.com

Vazia! Aprestava-me a olhar cuidadosamente alguns livros, quando fui informada que todos os espaços encerravam às dezanove horas! Dezanove horas? Hora comercial.

Sem comentar, saí e dirigi-me para o portão. Não sem antes pegar no 'Jornal Serralves' para, finalmente, fruir da minha tarde cultural, lendo-o!


Logo na página 2 estava escrito:

No ano em que se comemoram os 20 anos da criação da Fundação de Serralves (1989) os 10 anos da inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (1999), o Museu apresenta a sua Colecção (...)

(transcrição)


Serralves, número 23, Jul/Set 2009, página 2, 1º parágrafo (início)

Será este o melhor caminho para os celebrar? Questionei-me. 


G-S

Fragmentos Culturais

19.08.2009
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Homenagem a Antoine de Saint-Exupéry !







Antoine de Saint-Exupery et son Petit Prince
via Google Images Archives 


"Pour ce qui est de l’avenir, il ne s’agit pas de le prévoir, mais de le rendre possible."

Saint-Exupéry


Amanhã, dia 7 de Agosto 2009, os céus de Marselha vão encher-se de aviões. Simbólica maneira de a França recordar o escritor, ilustrador, cientista e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry, 65 anos após o desaparecimento do seu avião, numa uma missão durante a II Grande Guerra.


A missão tinha como objectivo realizar um reconhecimento fotográfico para preparar o desembarque dos Aliados na Provença, fotografando as tropas alemãs em diversos pontos do país. 







Antoine de Saint-Exupéry
via Google Images Archives


A 31 de Julho de 1944, os radares da Resistência perderam o rastro de um dos seus aviões, Lightning P38, no Mediterrâneo. Cumpria uma missão de reconhecimento entre Grenoble e Annecy. Pilotava-o Saint-Exupéry.


Durante anos, desconheceu-se tudo sobre este desaparecimento. Recentemente, um antigo piloto alemão assumiu-se como autor dos disparos que abateram o avião em que seguia o piloto escritor Saint-Exupéry.


As investigações levadas a cabo não conseguiram comprovar a versão. 
Apenas se sabe que Saint-Exupéry terá desaparecido no mar quando o seu avião caiu no Mediterrâneo.


Mais recentemente, em 2017, Horst Rippert, piloto alemão da Luftwaffe, admitiu, aos 88 anos, ter abatido Antoine de St Exupéry ao largo de Marselha durante a Segunda Guerra Mundial. 







'Saint Exupery'/ Acrílico sobre tela
Jorge Fin2003
Max Estrella, Galeria de Arte, Madrid


Certo é que depois de ter descolado nessa manhã de Julho, Saint-Exupéry desapareceu na imensidão desse azul que ele tanto amava, numa derradeira missão sem regresso. Não se sabe ao certo o local da queda no Mediterrâneo.


Ainda hoje permanece o mistério, o que adensa mais ainda o mito. 
O corpo do aviador, nunca encontrado, alimentou uma incerteza que se prolongou por décadas. No entanto, sabe-se agora que o avião de 
Saint.Exupéry voava a 2 000 metros de altitude, quando o normal é voar a 10 000.





Avião Lockheed Lightning P-38 que Saint Exupéry pilotava
créditos: Autor não identificado


Sem dificuldades, Horst apontou, atirou e acertou. O avião caiu a pique sobre o mar, e ninguém se ejectou. Dias depois, quando a notícia do desaparecimento do escritor surgiu, Rippert pediu secretamente que não fosse ele a vítima do seu fogo. E manteve o segredo durante 64 longos anos.


A última nota do escritor, encontrada na sua secretária, dizia: "Se for abatido, não lamentarei. A termiteira futura espanta-me e odeio a sua virtude de robôs. Estava feito para ser jardineiro". 


Dir-se-ia que Antoine de St Exupéry pressentira a proximidade da sua morte. Por que razão voava tão baixo? Um piloto com mais de 6 500 horas de voo? O mistério nunca teve resposta, e décadas passaram sem vestígios do corpo ou destroços do avião de St Exupéry.


"N'espère rien de l'homme s'il travaille pour sa propre vie et non pour son éternité."

Saint-Exupéry





Pilote de Guerre
Antoine de Saint-Exupéry
éditions Livre de Poche, 1942


Publicou o seu primeiro conto, "L'Aviateur" em 1926. "Courrier Sud", depois adaptado ao cinema, (Saint-Exupéry dobrou as cenas de voo) saiu dois anos mais tarde (1929). 





Courrier du Sud



Em 1931 publicou o romance, Vol de Nuit com Prefácio de André Gide. Livro a que foi atribuído o Prémio Femina (1931)







Vol de Nuit
Antoine de Saint-Exupéry
Librarie Gallimard
https://www.antoinedesaintexupery.coom/


Um pouco à semelhança da sua vida, "Voo Nocturno" mostra-nos um homem em que a coragem era tão natural que dela pouco caso fazia.
 


Em 1939, esboça Le Petit Prince e publica Terre des Hommes. Passou por Lisboa, no ano seguinte. Aí permaneceu durante um mês.


Durante o sey exílio nos Estados Unidos escreveu Lettre à un otage (1942). Em forma de carta, o escritor dirigi-se a um amigo feito "refém" numa França ocupada, perseguido no seu país que não pode deixar. Neste livro-carta. Saint Exupéry homenageia o seu país, a França ocupada.






Lettre à un otage
Antoine de Saint Exupéry
Belin & Gallimard, 1944


Em 1942 sai
Pilote de Guerre que rapidamente se tornou um best-seller. A versão original mais abaixo:






Pilote de Guerre
Antoine de Saint Exupéry
version originale,1942


E em 1943 escreve e publica Lettre à un Otage. E finalmente, Le Petit Prince.


Em 1948 é publicado postumamente o romance Citadelle: 

"Saint-Exupéry désignait lui-même Citadelle comme son œuvre posthume. Ébauché dès 1936, le texte est élaboré parallèlement aux derniers livres publiés de son vivant : Terre des hommes, Pilote de guerre, Le Petit Prince. Rassemblés dans une valise, les feuillets écrits sur plusieurs années forment un recueil de réflexions sur la condition de l’homme et son lien à Dieu."






Citadelle
Antoine de Saint-Exupéry, póstumo,1948


Il est difficile d’imaginer la forme finale de ce texte que Saint-Exupéry avait l’intention de corriger, ce qui signifiait pour lui, une réécriture. Les feuillets qui nous sont parvenus représentent à eux seuls, en nombre de pages, la moitié de son œuvre."


A sua escrita continua a encantar diferentes gerações. Perdura no tempo.


"Saint-Exupéry soube transmitir-nos as grandezas dos espaços aéreos e dos silenciosos desertos, as sensações do piloto na carlinga do avião, a pequenez do homem e a sua capacidade de se superar frente ao perigo, perante o infinito ou nas mais duras circunstâncias, como por exemplo as dos náufragos em terra inóspita, despojados de tudo."

Urbano Tavares Rodrigues


As comemorações que têm por tema o piloto-escritor, um dos maiores fenómenos editoriais do Ocidente, sobretudo pela sua obra Le Petit Prince, começaram em Paris, há mais de um mês.


De 27 a 29 de Junho último, mais de 250 estudiosos procedentes de 20 países reuniram-se no imponente prédio histórico do Collège des Bernardins, recentemente restaurado, a fim de discutirem a modernidade de Antoine de Saint-Exupéry


Organizado pela Succession Saint-Exupéry, o Colóquio propiciou contacto entre pessoas e instituições que realizam trabalhos relativos ao autor e à sua obra. Entre estes, encontrava-se Umberto Eco.

"Venus de Russie, du Japon, de Corée, d’Afrique, ou d’Amérique, ils ont mis en évidence l’universalité du message de l’écrivain humaniste."


No dia 29, dia do aniversário do autor, foi oficialmente lançada a Fondation Antoine de Saint-Exupéry pour la Jeunesse.


A esse propósito, O Nouvel Observateur dedica-lhe um artigo intitulado Saint-Exupéry à l'honneur.






Exposition: Saint-Exupéry 'Invitation au voyage


Também amanhã, e no quadro de um conjunto de homenagens ao escritor que se prolongarão até 2013, será inaugurada em Marseille, a exposição intitulada Saint-Exupéry - Invitation au voyage.


A França lembrará assim um homem cujo desaparecimento tem provocado as mais fantasiosas conjecturas, agora mais verdadeiras (?)


Saint-Exupéry (1900-1944) morreu, deixando uma obra literária em que avultam os títulos acima assinalados, entre outros escritos, ilustrações.


Outras obras póstumas que poderão encontrar na colecção Folio da Gallimard:


Lettres de jeunesse
(1953)
Carnets (1953)
Lettres à sa mère
(1955)
Écrits de guerre 1939-1944 (1982)
Manon, danseuse
(2007)
Lettres à l'inconnue (2008)


Impossível não visitar o sítio web oficial do autor aqui





Le Petit Prince 
Aontoine de Saint-Exupéry
1ere édition, 1943


Continua a ser um dos meus livros de cabeceira. Paradoxo, lado a lado com O Livro do Desassossego de Bernardo Soares, ortónimo de Fernando Pessoa.






Le Petit Prince
Antoine de Saint-Exupéry
via Google Images Archives



G-S


Fragmentos Culturais

06.08.2009

actualizado 30.01.2024
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Referências:


França recorda Saint Exupéry
DN | Artes, 30.07.2009

Fondation Antoine de Saint Exupéry | Expresso 2017