domingo, 15 de outubro de 2006

A Senhora da Água : um olhar encantado !






Lady in the Water
M. Nelliyattu Shyamalan, 2006

Falar de um filme tem sempre uma conotação muito subjectiva.

Cada um de nós é uma voz que passa muito mais pela estética do sentir do que pela razão do conhecimento.

Quando vi o trailler, fiquei atenta ao recente trabalho cinematográfico de M. Night Shyamalan - Lady in the Water.

Outros filmes deste escritor/realizador me detiveram - Sinais, A Vila e Sexto Sentido, este incondicionalmente!

Acredito pelo pressentir que não estamos sós... e que temos que abrir o nosso universo a outras realidades cósmicas.




Lady in the Water
M. Nelliyattu Shyamalan, 2006

Desta vez, Shyamalan (personagem no seu próprio filme) parte de uma história de adormecer, inventada para seus filhos, recontada pela voz de uma senhora chinesa e que percorre muitas das referências de lendas célticas e nórdicas - a tradição dos povos é universal - miscigenação de ninfas, brumas, ambientes aquáticos, seres fantasmagóricos saídos do verde das florestas ou dos bosques que vêm ao encontro de um ser com capacidades extra-sensoriais: O zelador de um condomínio!

É um filme-metáfora onde se entrecruzam as várias vertentes da solidão urbana, e por isso se torna mais clarividente a vinda de uma ninfa a este ambiente tão despido de sentimentos de partilha.




Lady in the Water
M. Nelliyattu Shyamalan, 2006

Regra geral, os condomínios são sítios bastante solitários, homens e mulheres vivem paredes meias como referências quase invisíveis, trespassados por olhares distantes, frios ou distraídos.

É precisamente este espaço vazio do calor humano que vai transformar-se em espírito comunizado de entreajuda.

O zelador que normalmente se restringe a gerir espaços comuns, percorre aqui solicitamente os apartamentos, conversando com os inquilinos, apoiando ao mesmo tempo nas pequenas tarefas todos os que aí vivem.





Lady in the Water
M. Nelliyattu Shyamalan, 2006

Portanto, a personagem ideal para servir de receptor e retransmissor, ligando humanizadamente os condóminos à ninfa portadora de uma mensagem.

Terminada esta missão, ela deve regressar ao seu universo marinho, já que escolhida para reger os destinos de seus pares.

Mas eis que esta ninfa-rainha se apresenta imbuída de fragilidades humanas, tão carenciada de afectos e submersa de medos como qualquer um dos seres que se unem para a apoiar no seu retorno.

Uma narrativa que encerra uma mística incondicional e irrefutável: não há actos isolados.

Cada acção individualizada tem incidências em todo o Universo e seus habitantes.




Lady in the Water
M. Nelliyattu Shyamalan, 2006

Uma narrativa visual a reter, pelo maravilhamento, embora com rupturas - o monstro vindo do bosque é pouco convincente e demasiado artificial, bem como o pássaro transportador da ninfa-rainha - mas que nos transporta a outros momentos da nossa existência, num percurso peregrino de passados sentires.

Paul Giamatti, uma palavra de apreço para um actor sempre supreendente, numa excelente interpretação, no papel de zelador sensível, afectuoso,   silencioso sofredor.

Composições de James Newton Howard, quatro covers de Bob Dylan interpretações de Amanda Ghost, Whisper in the noise e Silvertide.

Uma excelente banda sonora! Um filme que nos leva a questionar a nossa missão...

"When a door will open to others worlds... others wil come!"

G-S

Fragmentos Culturais

15.10.2006
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quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Direitos Humanos




Anna Politkovskaya/ Jornalista

Fotografia: Sergei Supinsky/AFP 2006

Anna Politkovskaya
, jornalista russa, defensora da liberdade de opinião, galardoada pela International Women's Media Foundation (2001) pelo seu trabalho de investigação sobre as atrocidades cometidas durante a guerra da Chechenia, foi encontrada assassinada no seu apartamento em 7 de Outubro 2006.

(tradução livre)



Eu sabia que tinha de haver um sítio

Onde o humano e o divino se tocassem

Não propriamente a terra do sagrado

Para uma terra para o homem e para os deuses

Feitos à sua imagem e semelhança

Um lugar de harmonia

Com sua tragédia é certo

Mas onde a luz incita à busca da verdade

e onde os homens não têm outros limites

Senão os da sua própria liberdade.

Manuel Alegre, Ilha de Cos, Chegar Aqui
Edições João Sá da Costa, Lisboa 1984, 1ª ed. pág. 31


G-S

Fragmentos Culturais
11.10.2006
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domingo, 1 de outubro de 2006

Dia Mundial da Música




The music lesson


Jan Vermeer (1632-1675)


"La música es la voluptuosidad de la imaginación."

Eugène Delacroix, pintor (1798-1863)


Não impeças a música. Que música? Antes de mais, a deste concerto que é a vida humana, onde temos obrigatoriamente de ocupar o nosso lugar, pequeno ou grande. Não somos cigarras que gritam perdidamente no ramos de pinheiro em longo dia de verão. Devemos estar atentos ao que se passa à nossa volta: uma boa parte do nosso destino depende da sensibilidade do nosso ouvido, da qualidade da nossa inteligência e do virtuosimo dos nossos reflexos.

Paul Claudel [1868-1955]


G-S

Fragmentos Culturais
01.10.2006
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