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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Françoise Hardy [1944 - 2024] : A terna cantora-intérprete dos nossos amores e desamores

 






Françoise Hardy [1944-2024]
créditos:
 https://www.gettyimages.in/photos/francoise-hardy-1965


"... et les mains dans les mains
et les yeux dans les yeux..."


Ontem à noite, foi com nostalgia que relembrei Françoise Hardy. Muita tristeza ao ler sobre a sua morte.


A cantora francesa, ícone da cultura pop e do "yé-yé", de voz suave e terna, que encantou tantos milhares de fãs em todo o mundo. Talentosa compositora, intérprete, cantava as baladas dos nossos amores e desamores. 


"Françoise Hardy chantait les vagues de l'âme dans ses paroles de cristal, pures, belles, sensibles."


Jack Lang, ex-ministre de la culture







Françoise Hardy
créditos: Pierre Vauthey/ Getty Images


 «Maman est partie…»

Thomas Dutronc, seu filho, anunciava assim, ontem à noite, na sua conta Instagram, a dolorosa mensagem. Deixou-nos petrificados. Não resistiu mais a tão longa doença.

E lembrei um poema do seu último álbum, suponho, que dir-se-à escrito para seu filho...


Même s'il me faut lâcher ta mainSans pouvoir te dire "À demain"Rien ne défera jamais nos liensMême s'il me faut aller plus loinCouper les ponts, changer de trainL'amour est plus fort que le chagrin

Françoise Hady, Tant de belles choses, 2018









"Françoise Hardy était l’une des plus grandes auteures-­compositrices-interprètes françaises : "Tous les garçons et les filles", "Comment te dire adieu", "Partir quand même", "Tant de belles choses "


Paris Match, 2023





Thomas Dutronc e sua mãe Françoise Hardy
juntos no palco  de 'Vivement Dimanche'
Paris, 9 janvier 2001
créditos: © Abaca


Havia algum tempo que deixara de aparecer em público. A doença foi-a afastando. Preferiu o recolhimento, muito próprio do seu eterno recato. 


Françoise Hardy continuava ligada a Jacques Dutronc. Apesar da separação. Cantor também da mesma época. Anos 70-80, por aí.
 

Unia-os  o filho, Thomas Dutronc, universos musicais, e laços indestrutiíveis.








Jacques Dutronc e Fraçoise Hardy


Antes da morte de Françoise Hardy, Jacques Dutronc foi visto no imóvel onde morava a cantora. Alguém se cruzou com ele  e sentiu... "Não é bom sinal."


O desaparecimento da cantora Françoise Hardy, talentosa e bela, provocou uma vaga de emoção no mundo da música. Todos os seus amigos e admiradores choram a sua morte. Relembro a canção que a lançou...







Tous les garçons et les filles
Françoise Hardy










"Mes chansons étaient l'expression de ma vie personnelle."

Françoise Hardy


Fragmentos Culturais

13.06.2024

Copyright © 2024-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Dia Internacional da Música : Juliette Gréco, a Musa do Existencialismo

 




Juliette Gréco {1927-2020]
créditos: © Picture Alliance/DPA/ABACA
via Elle.fr

"Une grande dame s’est éteinte. Le mercredi 23 septembre, la chanteuse et actrice Juliette Gréco est décédée. (...) Sa vie fut hors du commun"

AFP

Morreu a musa do Existencialismo, também conhecida como "la muse de la Rive Gauche."

"Elle fut la muse du Saint-Germain-des-Près de l'après-guerre."

Le Monde

Juliette Gréco, ícone da música francesa. Cantou Léo Ferré, Jacques Brel, Jacques Prévert e Serge Gainsbourg.

Sempre vestida de preto, cabelo com franja, e eyeliner preto "aux yeux de biche"Era descrita habitualmente assim, quando se referiam à "Gréco"





Juliette Gréco
crédits: © R. Dumas
via Elle.fr

"The songs are “like little plays,” (...) “They’re typically French. We’re a people who express our love in songs, our anger in songs, even our revolution in songs.”

Juliette Gréco, The New York Times, 1990

Nascida a 7 Fevereiro 1927, à Montpellier, França, Juliette Gréco, cresceu perto de Bordeaux, criada pelos avós maternos, após a separação dos pais. Nos anos 30 foi para Paris, para se juntar à mãe e irmã.

"Passionnée de danse, elle devient, dès l’âge de 13 ans, petit rat de l’Opéra de Paris".

Na sua autobiografia, publicada em 1983, "Jujube", diminutivo de infância, Gréco conta como, após a detenção da mãe, que pertencia à Résistence, esteve presa durante 10 dias em Fresnes, em 1943, com a irmã mais velha, Charlotte. A mãe e a irmã foram deportadas para o campo de concentração de Ravensbrück, na Alemanha, mas sobreviveram.





Je suis faite come ça
Juliette Gréco
Flammanrion, 2012

"Sans détour, elle évoque les meurtrissures de son emprisonnement à Fresnes, la déportation de sa sœur et de sa mère..." 

Juliette Gréco, Je suis faite comme ça







Juliette Gréco voltou a Paris e aí permaneceu. Ganhou voz, mostrou-a a quem a quis ouvir, até que chamou a atenção de quem a via. E acabou por se impor com elegância, o que a levou a tornar-se um ícon.

Resistente improvável, deu voz a poemas de intervenção, descobriu o seu próprio
caminho na canção francesa. Tornou-se mais tarde num símbolo engagé da chanso française.

Voz grave. fumada, adquirida pela boémia parisiense. 






Juliette Gréco ganhou um lugar diferente na boémia parisiense, devido à sua sensibilidade, ora melancólica e dramática, ora despreocupada e pouco dada a regras.

"Juliette Gréco se livre et se souvient. Les cafés au Flore avec son ami Maurice Merleau-Ponty et les soirées en compagnie de Boris Vian ; ses premiers essais au théâtre, les concerts dans des salles mythiques, de Bobino à l'Olympia, et la conquête de l'Amérique..."

Juliette Gréco, Je suis faite comme ça

A actriz e cantora francesa era o rosto e a voz do Paris radical chic do pós-guerra. 

No final dos anos 40, Raymond Queneau e Jean-Paul Sartre assinaram os primeiros êxitos de Juliette Gréco no cabaret Le Tabou: “Si tu t’imagines” e “La Rue des Blancs-Manteaux”.

Viveu com  Darryl F. Zanuck, Hollywood, bem como com a lenda do jazz, Miles Davis.

"Charlie Parker, Miles Davis, Prévert, Queneau, Gainsbourg, Sagan... Juliette Gréco raconte ses révoltes et ses engagements, refusant de se parodier et de s'enfermer dans le mythe."

Juliette Gréco, Je suis faite comme ça



Juliette Gréco 
via Flip Magazine

Juliette Gréco, cantou Léo Ferré, Jacques Prévert, Serge Gainsbourg. Cantou também Pierre Desnos, Bertolt Brecht, Boris Vian, Françoise Sagan, Charles Aznavour, Guy Béart, e Georges Brassens.

"Ce sont les mots qui dictent le geste, jusqu'au bout des doigts" 

Juliette Gréco




Os verdadeiros apreciadores de Gréco lembram temas como "Jolie môme" (1961), La Javanaise (1963), e alguns anos mais tarde, Déshabillez-moi (1967). Títulos que evocam os grandes clássicos da chanson française

Celebrizada pela sua interpretação de Belfegor (1965), na série televisão epónima, a cantora da Rive Gauche estreou-se no teatro em 1945, em “Victor ou les enfants du pouvoir”, e no cinema em 1949, em “Orphée”, de Jean Cocteau.






Foi casada, entre outros, com o grande actor francês Michel Piccoli que morreu recentemente, em Maio 2020.




Juliette Gréco & Michel Piccoli
crédits: Keystone-France\Gamma-Rapho/ Getty Images

Em Portugal, actuou por duas vezes, em 2001 e 2008, ambas no Centro Cultural de Belém (CCB). Na Casa da Música, teve dois concertos agendados em 2008. Foram anulados "por motivos de força maior."




Juliette Gréco
crédits: Leszek Szymanski (EPA/Lusa)

Em 2013, voltou a Lisboa, no dia em que completava 86 anos, não para cantar, mas para ser homenageada no Instituto Franco-Portugais, por ocasião do lançamento da colecção Chanson Française, editada pelo diário Público com selo da Levoir e da Le Chant du Monde.

Com uma carreira repartida pela canção e o cinema, com passagens por Hollywood, Gréco tornou-se a "diva" da chanso françaiseRecebeu em 2012, as insígnias de Commandeur de la Légion d'honneur, entre outras distinções.




Juliette Gréco

crédits: Victor Diaz Lamich, 2006/ via Wikipedia

Quando Juliette canta e recita os versos: "Com o tempo tudo passa, também os amores vão embora e ninguém os espera mais", ela parece sugerir que o tempo apaga muitas coisas, os amores sem dúvida, mas deixa em todos nós as coisas mais belas, inesquecíveis, intemporais. Como sua voz, além da memória de uma Paris que foi o centro do mundo e, sob aquele céu, a cultura inspirou homens de boa vontade."


"Pour résister à l’approche de la fin, il faut aimer ce qu’on fait, à la folie, aimer son métier comme je l’aime moi, c’est-à-dire de façon démesurée, hors normes, en allant chanter aussi dans des petites salles de banlieue en matinée et savourer qu’un jeune homme ait dit à la fin du tour de chant : Elle est bonne, hein, Gréco ! 

Le Monde

Bravo Juliette!


Neste Dia Internacional da Música, meu tributo a Juliette Gréco!

G-S

Fragmentos Culturais

01.10.2020
Copyright © 2020-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com® 


domingo, 15 de dezembro de 2019

Anna Karina : O icon da Nouvelle Vague






Anna Karina [1940-2019]
créditos: Getty

« Tu me parles avec des mots, moi je te regarde avec des sentiments »

Pierrot le Fou, Jean-Luc Godard


A actriz Anna Karina, eterna musa de Jean-Luc Godard, símbolo da Nouvelle Vaguemorreu ontem, dia 14 Dezembro, em Paris.

De uma beleza ímpar, Anna Karina, de origem dinamarquesa, viu a sua carreira ascender rapidamente nos anos 60. 

Hanne Karin Bayer, seu verdadeiro nome, começou a sua carreira, embora menor, como manequim na casa de alta costura, Coco Chanel. Foi aí que lhe deram o nome de  Anna Karina


Tinha apenas 18 anos quando chegou a Paris, vinda da Dinamarca de auto-stop, cheia de sonhos para ser a
ctriz. Uma franja acastanhada e uns imensos olhos azuis. Lindos!






Anna Karina & Jean-Luc Godard, 1963
credits: Jack Garofalo/ Getty Images

Alguns anos mais tarde, não muitos, Anna Karina realizava o sonho. Tornou-se um dos ícones mais célebres da Nouvelle Vague

Nos anos 60, fez sete filmes con o realizador Jean-Luc Godard, com que esteve casada (1961). Pierrot le Fou, um dos filmes marcantes. A sua frase « Qu’est-ce que j’peux faire, j’sais pas quoi faire ») ficou eternizada. 

Outros filmes como Bande à part com esta cena marcante:







Karina era ainda casada com Godard, quando ganhou o prémio de Melhor Actriz no Festival de Cinema de Berlim, pela sua interpretação em Une femme est une femme, em 1961. Tinha apenas 21 anos.

"I was the youngest actress to win the Best Actress award at the Berlin festival. Everybody was talking about me, and my mother was very proud."

Anna Karina





Une Femme est une Femme
Jean-Luc Godard, 1961

Participou como musa inspiradora em mais de sessenta filmes, entre os quais, Une femme est une femme e Pierrot le fou com Jean-Paul Belmondo.

Trabalhou também com Agnès Varda, Chris Marker, Roger Vadim, Luchino Visconti ou Jacques Rivette.

"Anna est partie hier dans un hôpital parisien (...) C'était une artiste libre, unique"

Laurent Balandras, seu agente







Anna Karina
via Cinemateca

Actriz aclamada, foi a musa inspiradora de muitos dos filmes de Jean-Luc Godard. Mas sobretudo o símbolo da Nouvelle Vague.

Anna Karina fez também carreira como cantora. Podemos ouvi-la em várias bandas sonoras originais como Une femme est une femme (1961), Bande à part (1964) e La Religieuse de Jacques Rivette (1966).







Serge Gainsbourg compôs a banda original do télé-filme Anna no qual Anna contracena com Serge Gainsbourg e Jean-Claude Brialy (1967). Aí interpreta o êxito "Sous le soleil exactement". 








A morte desta grande senhora do cinema despoletou, de imediato, homenagens
vindas de todo o mundo, nos jornais, e redes sociais. A mágoa, tristeza, dos conhecedores de cinema, e de personalidades de várias vertentes do mundo das artes e cultura






Anna Karina

Franck Riester, ministro da Cultura França, manifestou na sua conta do Twitter a sua imensa tristeza e prestou homenagem a Anna Karina:

"Son regard était le regard de la Nouvelle Vague. Il le restera à jamais. Chez Godard surtout, mais aussi Rivette ou Visconti, Anna Karina irradiait ; elle magnétisait le monde entier.

Aujourd'hui, le cinéma français est orphelin. Il perd l'une de ses légendes."






Anna Karina
Pierrot le fou

Sem dúvida! Anna Karina para além da sua beleza, representa, é o símbolo do movimento do cinema francês que ficou conhecido como Nouvelle Vague.

“After all, things are what they are. A message is a message, plates are plates, men are men, and life is life.”

Anna Karina

G-S

Fragmentos Culturais

15.12.2019
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