De astronoom (1668)
Joahnnes Vermeer
Collection Musée du Louvre
De repente, um território banhado de mar agitado e frio, com manhãs cinzentas de nevoeiro, ruas sem animação, não há luzes a aquecer o olhar, até o presépio perdeu os animais que foram introduzidos pelo rito natalício franciscano.
Tempos de mudança, fim de um ciclo, segundo as profecias Maya, o mundo que roda, sem saber em que direcção, a condição humana que já não pode assentar num pressuposto de equilíbrio.
Escrevo. Não escrevo. Nestas últimas noites, o pensamento vagueou, incerto na conjugação da vontade. A expressão que não sai, pedaços, algumas notas, apago tudo. E recomeço.
Faz sentido escrever uma mensagem que não serve o propósito de Natal? Alegria, convicção, brilho no olhar. E se aguardasse a passagem deste tempo tormentoso? Faz sentido?
Não, não lembro um Natal assim! Na verdade, o meu potencial criativo está paralisado. A fé cívica, e intelectual.
Falar do maravilhoso é difícil. Que digo eu? Uma espécie de loucura? Não. Serei louca, mas vou pensando como encarar, de novo, o maravilhoso. Talvez novas cores, manhãs verdes. De repente a mudança.
para te manteres vivo - todas as manhãs
arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e
o mesmo fazes com a alma - puxas-lhe o brilho
regas o coração e o grande feto verde-granulado
arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e
o mesmo fazes com a alma - puxas-lhe o brilho
regas o coração e o grande feto verde-granulado
(...)
Al Berto, Mudança de Estação
in O Medo
Cas de Fernando Pessoa, Banco de Poesia
Para todos os amigos, e leitores, um Natal em paz!
G-S
23.12.2012
Copyright © 2012-Fragmentos Culturais Blog, fragmentosculturais.blogspot.com®

23.12.2012
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